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segunda-feira - 24/01/2011 - 10:26h

A rede solidária e a vontade humana a serviço do bem


A Internet através de redes sociais como o Twitter e blogs, voltou a dar uma enorme demonstração de força de mobilização e resultado em favor do homem. Mas acima de tudo, vale assinalar que nada funciona sem a vontade humana, sua tenacidade e espírito solidário.

Valem os bons propósitos.

Refiro-me a uma história com final feliz, que envolve Adenilson Ferreira da Silva, 34 anos, casado, dois filhos (14 e 9), residente numa casa Alugada na Rua Riachuelo, no Bairro Santo Antônio, zona norte de Mossoró.

O que aconteceu com Adenilson poderia ter ocorrido com qualquer um de nós. Ele teve seus documentos roubados em abril de 2002. Um assaltante pegou  sua identidade, tirou a foto original e colou a própria.

O criminoso passou a praticar assaltos. Este assaltante foi preso no mês de novembro de 2002 em Nanuque (MG). Foi autuado em flagrante. Depois saiu para responder em liberdade e sumiu.

Desde 2003 que a Justiça de Nanuque mandava ordens de prisão para Adenilson em Mossoró, mas os policiais de Mossoró não o encontravam, pois ele ou estava dentro da Indufal trabalhando ou dentro de casa.  É o jeito de ser dele.

O processo terminou transitando em julgado, com Adenilson sendo condenado à revelia. No dia 5 de novembro, os policiais de Mossoró o encontraram trabalhando no Supermercado Cidade, no Centro, e o prenderam.

Campanha

Começava aí um drama pessoal e familiar que só se resolveu à semana passada, graças à intervenção do jornalista e repórter-fotográfico Cézar Alves e o advogado e blogueiro Evânio Araújo (parceiros no Blog do Evânio AQUI).

O primeiro iniciou uma campanha para soltura de Adenilson, que ganhou dimensão nacional na infovia, sobretudo através do Twitter. O advogado apresentou-se para trabalhar a parte jurídica à sua libertação.

A Justiça, quase sempre cega e lenta, demorou mais de dois meses para colocar Adenilson na rua. Nesse ínterim, não se viu mobilização de entidades defensoras dos Direitos Humanos, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pronunciando-se e agindo.

A família desse trabalhador chegou a pegar R$ 2,7 mil emprestados com um agiota. Pagou a um advogado para resolver o caso, que ainda cobrava mais R$ 4 mil, sem mover uma "palha". Destes R$ 2,7 mil, a mãe de Adenilson, Benedita, paga R$ 340,00 de juros por mês.

Adenilson nunca saiu de Mossoró. Sofre de epilepsia. Toma medicamentos controlados. Os locais mais distantes de sua cidade, que aportou, foram Serra do Mel e Tibau. Mesmo assim teve que viver esse drama em uma cela fétida, humilhado e esquecido.

Só o empenho tenaz de Cézar, com o suporte do serviço advocatício gratuito de Evânio (e uma série de outras pessoas – algumas anônimas, que preferem não ter nome revelado), foi capaz de devolver esse brasileiro comum à sua família, ao convívio social e à liberdade.

Aqui o meu testemunho pessoal sobre o caso, minha modestíssima contribuição à divulgação dos fatos, na expectativa de que o exemplo de solidariedade possa ser engrossado.

Mas é também um alerta, para que outros indivíduos comuns não sejam massacrados como Adenilson, esquecidos e jogados à própria sorte pela "burrocracia", a indiferença e a miopia seletiva da própria sociedade.

Foto – (Blog do Evânio) – Adenilson e família com a justiça sendo feita.

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Categoria(s): Blog

Comentários

  1. Aurinilton Leão Carlos Sobrinho diz:

    Caro Carlos Santos, sou leitor assíduo de seu blog e admiro seu destemor. Contudo, tenho que informar que está sendo repercutida, INJUSTA E INADEQUADAMENTE, notícia que não se coaduna com o que, de fato, ocorreu: uma atuação honrosa, técnica e prestigiosa de dois jovens advogados de Mossoró. Foram eles, por meio da documentação e da defesa proposta na Comarca de Nanuque, MG, os responsáveis pela liberdade de Adenilson e não qualquer outro “advogado-blogueiro” de plantão. Basta uma simples consulta ao sítio do TJMG – //www.tjmg.jus.br/juridico/sf/proc_resultado.jsp?listaProcessos=03009334&comrCodigo=443&numero=1. Aliás, os advogados continuam cadastrados no sistema daquele Tribunal, já que o substabelecimento – assinado pelos advogados respnosáveis pela liberdade de Adenilson – não foi ainda juntado aos autos pelos novos advogados constituídos pela família. Peço que, por justiça, veicule esta informação, restituindo aos advogados a dignidade que lhes foi levianamente subtraída.

  2. MARCOS PINTO - Da AAPOL, ICOP, IHGRN e do IANTT. diz:

    “Justiça tardia não é justiça – é injustiça manifesta”.

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