"O analfabeto polÃtico é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a polÃtica." (Bertolt Brecht)
Com o noticiário nacional tomado por julgamento de mensaleiros e o regional por ameaça ao mandato de Rosalba Ciarlini (DEM) etc, estamos deixando passar algo também relevante. O Senado tenta fazer algo à reforma polÃtica.
Os senadores Marco Maciel (DEM-PE) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) apresentaram projetos que contrariam o arrumadinho feito pela Câmara Federal. As matérias propõem fidelidade partidária como exigência também para cargos executivos, perda de mandato e punição de quatro anos sem participar de eleições aos infiéis.
E Marco vai mais longe, inserindo dispositivo para que os suplentes sejam do mesmo partido. Jarbas propõe fim de aliança proporcional (fica mantida para cargos executivos), obrigando que cada partido se vire para eleger filiados próprios.
Pior para os nanicos, eternos negociantes do bazar polÃtico, no submundo.
Os projetos ainda vão ter que passar por duas votações no Senado e igual prova na Câmara Federal. São propostas coerentes.
Erra quem pensa que o grande mal do sucateamento do sistema polÃtico brasileiro seja a quantidade de partidos. O raciocÃnio é falho. Faltam-nos meios de punição à infidelidade e respeito ao voto do eleitor. Com a impunidade como regra, a canalhice da perfÃdia vai continuar prosperando.
A Itália, por exemplo, possui mais de 60 siglas legalizadas e não viceja a infidelidade. Com povo politizado, legislação dura contra o troca-troca, o bom é que existam até mais partidos.
O Brasil, diferente do que se prega na mÃdia com claro desconhecimento de causa, tem tradição partidária, com histórico de legendas fortes etc. Sobretudo após a redemocratização de 1945, com o fim do Estado Novo, começaram a surgir partidos que foram encarnando perfis ideológicos claros e dividindo a preferência de eleitores: apareceram UDN, PSD, PTB, PSP e outros de menor porte.
O próprio regime de exceção de 1964, com o bipartidarismo sob controle remoto, bancou MDB e Arena na sÃntese do que seria governo e oposição, direita e esquerda. Após a Constituição de 1988 é que se experimenta esse camelódromo polÃtico, um toma-lá-dá-dá sem precedentes.
A reforma polÃtica, na verdade, não é uma aspiração da maioria da elite polÃtica, porque do jeito que está, é ótimo. Há um funil por onde poucos conseguem passar, excluindo uma legião de pessoas que poderia renovar a representação popular em casas legislativas e postos executivos.
Quando se faz um rápido balanço, nominando as figuras que estão na proa dos acontecimentos, é fácil entender por que a reforma não sai do papel. As estrelas de hoje são as mesmas de 20, 30 anos ou mais, ou seus filhotes – a maioria rude, deslumbrada e sem espÃrito público.
Portanto, não sejamos como o "analfabeto polÃtico" descrito por Bertolt Brecht, culpando as instituições e os agentes polÃticos pelo fracasso da civilização. Como qualquer outra atividade humana, essa também é feita por gente com vida, atitudes, caráter (ou falta dele).
Mudemos as pessoas, para mudarmos as instituições e seus vÃcios.
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