Por Ney Lopes
Algo não previsível é a revolução nos conceitos do liberalismo como doutrina política, que vem sendo executado pelo Presidente Biden, dos Estados Unidos.
O filósofo inglês John Stuart Mill (1806-1873), o grande precursor do liberalismo social, defendeu a repartição justa da produção na sociedade; eliminação dos privilégios de nascimento e a defesa do espírito comunitário, ao contrário do individualismo.
Mais tarde, na década de 30, o chamado “New Deal” (Novo acordo) imaginado pelo presidente democrata Franklin Delano Roosevelt (1933-1945) levou a América a implantar corajoso programa de fortalecimento do estado, sem colocar em risco as liberdades da economia.
Consistiu na realização de obras de infraestrutura, créditos agrícolas, incentivo à organização sindical e a criação de mecanismos de proteção social.
Com pouco mais de 100 dias no governo, Joe Biden segue essa trilha. Segundo o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, o PIB norte-americano cresceu à taxa anualizada 6,4% no 1o trimestre em relação aos três meses anteriores. Esse resultado foi superior ao registrado no trimestre anterior, de 4,3%,
Biden está convencido da necessidade de fazer ruptura nos padrões ortodoxos da economia americana. Tais ideias eram taxadas pelo “trumpismo” como socialistas e comunistas, verdadeira heresia daqueles, que usam o governo para a geração exclusiva do lucro econômico e se esquecem do lucro social.
LOGO APÓS A SUA POSSE promulgou lei para enfrentar a pandemia da covid-19 de US$ 1,9 trilhão (cerca de R$ 10,3 trilhões), com um auxílio de US$ 1.440 para a população diretamente atingida pela crise. O governo já atingiu a meta de 200 milhões de doses de vacinas de coronavírus, agora já disponíveis a todos com 16 anos.
O desemprego está caindo, os pedidos de seguro-desemprego atingiram o ponto mais baixo na pandemia e as escolas reabriram para aulas presenciais. Biden assinou um programa de recuperação da infraestrutura da ordem de US$ 2,3 trilhões e outro para a educação, no valor de US$ 1,8 trilhão. É uma injeção de US$ 4 trilhões na economia dos EUA.
Biden reformulou a política externa dos Estados Unidos: retornou ao Acordo de Paris e à OMS, travou o financiamento do muro na fronteira com o México e anunciou a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão.
A cada dia os Estados Unidos se transformam em vitrine a ser copiada pelas demais democracias e economias, com visão liberal e social. A meta de Biden é focar no crescimento “de baixo para cima”, ao gerar novos negócios, empregos e circulação de renda. A ajuda reduzirá a taxa de pobreza de 12,3% para 8,3%, o que significa tirar 12 milhões de pessoas da miséria.
Biden reativa o “Obamacare” (plano de saúde para os pobres, do governo Obama), que dá acesso a alternativas mais em conta para a população, que não consegue pagar os planos de saúde tradicionais. São assegurados benefícios para desempregados, pagamentos de US$ 1.400 por pessoa e crédito fiscal para famílias.
Essas políticas representam aumento de 20% na renda anual dos 25% de americanos mais pobres.
Verdadeiro exemplo, para aqueles que consideram a redução das desigualdades desequilíbrio fiscal e desrespeito ao teto. É possível cuidar da pobreza, sem populismo, ou messianismo, acreditando no retorno do dinheiro orçamentário, através do aumento do consumo e impostos.
Pobre gasta para viver; não especula na Bolsa!
Ney Lopes é jornalista, advogado e ex-deputado federal
Nei, saudade de você. Como e onde andas? Ainda hoje, quando vejo o rótulo do vinho nacional Almaden lembro da sua fala: “é nosso e honesto”. Lá na confraria do É nosso, quando fui convidado. Única vez. abraço.
Amigo François. Prazer grande voltar a ouvi-lo. Sempre pergunto por você a Esdras. Leio seus textos, sempre lúcidos e eruditos. Um grande abraço. Envie o seu email, por favor. O meu é nl@neylopes.com.br ABS
O meu é: fs.alencar@uol.com.br
Só um comentário, a política seguida por Biden não pode ser exemplo porque ela mesma toma como exemplo o socialismo democrático que impera na Europa, Canadá, Austria, Nova Zelândia…
Me espanta a visão deturpada do liberalismo que é propagada no Brasil, em verdade defendem um salve-se quem puder e obviamente, salvam-se os mais abastados.