Um antigo programa homorístico da TV dizia: "Vice não é nada." No Brasil político, nem sempre é assim que a história descreve o parceiro de poder ou o imediato do cargo executivo.
Às vezes, vice é oportunidade que se faz ou que aparece.
O deputado federal potiguar Café Filho era detestado por Getúlio Vargas, mas que o engoliu por pressão de Adhemar de Barros (líder paulista), como vice. Os dois foram eleitos em 1950, em votações à parte, como era a legislação da época. Votava-se para vice.
Getúlio mandou uma bala no próprio peito e Café virou presidente da República em 1954.
Sorte.
O ex-prefeito natalense Sylvio Pedrosa foi içado à condição de governador, após a morte trágica (acidente aéreo) de Dix-sept Rosado, com poucos meses de governo, em 1951. Saiu do lugar de vice para o topo do poder.
Sorte, certamente.
João Goulart foi eleito pelo voto direto como vice-presidente da República em 1960. Mesmo não se bicando com o tresloucado Jânio Quadros, que renunciou ao poder, virou presidente até ser deposto pelo golpe de 1964.
Eis um vice de sorte.
E José Sarney? Prestes a assumir a vice-presidência da República em 1995, com o eleito Tancredo Neves, ungidos pelo Colégio Eleiroral – via indireta -, terminou presidente. Tancredo adoeceu e morreu sem sentar na cadeira presidencial.
Sorte taí.
O ex-deputado estadual Carlos Eduardo Alves (PDT) foi vice-prefeito de Natal com Wilma de Faria (PSB) em 2000. Rompeu com seu grupo político-familiar em 2002 e virou prefeito reeleito, com a ascensão dela ao governo estadual.
Aì temos sorte e coragem.
O ex-deputado estadual Antônio Capistrano era pule de dez para ser vice de uma chapa ao governo estadual em 2002. Pré-candidata ao governo, a ex-prefeita do Natal Wilma de Faria o desejava para o posto.
Capistrano esgueirou-se e escapou da convocação. Não acreditou no projeto. Assim, oportunizou que o deputado Antônio Jácome (PSB) ocupasse a vaga e terminasse eleito ao lado de Wilma.
Mais um vice de sorte.
Entretanto Antônio Capistrano não pode se queixar dos ventos da bonança. Foi duas vezes vice-prefeito de Mossoró (1996 e 2000) em chapas da pediatra Rosalba Ciarlini (DEM), mesmo sem ter grande capital de votos.
E o que dizer do contabilista Francisco Diniz (PSB)? Foi candidato a vice de Antônia Neta (PSB), candidata a prefeito de Tibau em 2006. Perderam a eleição para Nilo Nolasco (DEM).
Só que Nilo foi cassado e quem assumiu a prefeitura foi Diniz, vice da chapa derrotada. Por quê? Porque Neta morrera em acidente de carro, em pleno curso do processo de cassação.
Esse tem sorte demais.
Li em algum lugar, não memorizando o autor, que "sorte é o encontro da oportunidade com o preparo".
Como a história política revela, em rápida abordagem, ser vice às vezes é uma questão de sorte. É pegar ou largar.
Foto – Getúlio Vargas e Café Filho: um que se foi, outro que ascendeu.
Aqui mesmo,a deputada federal Sandra,antipatizada por muitos dos seus munícipes,alçou vôo em cargos eletivos e hoje prossegue muito bem obrigado,após assumir por 70 dias a PMM,após a morte do prefeito,mesmo tendo um empecilho,não legal,pois pela lei tudo lhe era favorável,mas,por seu primo,filho do prefeito,que achava ter direito de assumir,achava,está nos tempos das capitanias hereditárias,o que não estava tão enganadado assim.
Carlos Santos você esqueceu de citar Grossos, onde em 2005 o Prefeito Dehon Caenga foi assassinado pela polícia civil do nosso estado e equem assumiu foi Veronilde Caetano, que em 2008 se reelegeu Prefeito, basta lembrar que em 2000 o mesmo Veronilde candidatou-se a vereador e não conseguiu se eleger.
Faltou o nosso “Topetudo” Itamar Franco, que era vice de Collor, foi catapultado à presidência, trouxe para o Ministério da Fazenda, o Fernando Henrique que nos presenteou com o real, esse é o vice mais inesquicível de todos.