De O Antagonista
Responsável pelo recente levantamento feito em parceria com a XP que mostrou Jair Bolsonaro em liderança folgada no primeiro turno e vencendo todos os seus adversários no segundo, o Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas) entrou em contato com O Antagonista para rebater o conteúdo da carta enviada pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep) ao ministro Luiz Fux e revelada nesta terça-feira por Lauro Jardim no Globo.
A Abep alega que “hoje, a única pesquisa que atende os requisitos legais é a pessoal, face a face”, como nos casos de Ibope e Datafolha, e pede ao STF que proíba o que chama de enquetes em ano eleitoral.
Marcela Montenegro, diretora-executiva do Ipespe, defende o método do instituto:
“Em primeiro lugar, as pesquisas mencionadas fazem parte de um projeto de Tracking telefônico com entrevistas semanais, totalizando no seu período de realização – de maio a outubro – 18 mil entrevistas, que são agregadas como totais móveis, para acompanhamento dos cenários da eleição presidencial desse ano. Todas as pesquisas são devidamente registradas no Tribunal Superior Eleitoral.
Em segundo lugar, importa ressaltar que Pesquisa Telefônica é uma metodologia largamente utilizada em todo o mundo e segue rigorosos padrões técnicos e científicos em relação à representatividade e dispersão da amostra, aleatoriedade da seleção dos entrevistados, treinamento das equipes de pesquisadores e aplicação do questionário.
O Ipespe realiza pesquisas telefônicas desde 1993 e foi o primeiro instituto no Brasil a realizar tracking telefônico em campanhas eleitorais. Nossas amostras telefônicas nas pesquisas de opinião pública, por exemplo, abrangem pessoas com acesso à rede telefônica fixa, na residência e no local de trabalho, e à telefonia móvel.
Só para assinalar a vantagem da pesquisa telefônica em certas circunstâncias, lembro que numa conjuntura como a atual seria impossível conhecer a opinião dos brasileiros sobre a atual greve dos caminhoneiros se dependêssemos exclusivamente das pesquisas face a face, dada a inviabilidade de deslocamento dos entrevistadores.
De resto, vale assinalar também a crescente dificuldade de acesso dos pesquisadores às áreas de comunidades nas regiões metropolitanas bem como às áreas de condomínios de classe A/B nas grandes cidades. Nos EUA e países da Europa mais de 90% das pesquisas são, atualmente, realizadas por telefone.
Isso não significa que as pesquisas face a face não tenham um uso relevante. O Ipespe inclusive tem realizado em seus 32 anos de atuação centenas de milhares de entrevistas face a face em pesquisas nacionais e estaduais, em todas as Unidades da Federação.”
Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo Twitter clicando AQUI e o Instagram clicando AQUI.
“A desonestidade dos institutos de pesquisa”, eis o título adequado.