Por Dodora Silva Maia
Depois de cinco décadas acreditando na política que transforma
Comprei quatro redes novas e vou me balançar com o pé na parede
Sinto tédio da velha política de sempre
Dos olhares e abraços que não eram meus.
Da esperança desconfiada da jovenzinha candidata.
A Velha continua sentindo pena
Da crença resistente nas velhas promessas
E fica com os olhos arregalados
Sabendo que as mesmas promessas voltarão um dia
E encherão os olhos e o coração de uma leva de teimosos.
A Velha tem chorado muito com saudade, mas viu uma passeata por acaso e chorou de novo.
Os políticos de plantão deveriam filmar as suas passeatas
E no dia seguinte procurar saber quem era aquele eleitor estropiado
Da camisa surrada e suada insistindo com seu olhar de esperança
Puro contraste com as engomadas blusas de seda das damas invulgares.
E os dedinhos levantados?
Ninguém adotou o mindinho e nem seu vizinho
Já mexeram com o maior de todos, o fura bolo e o mata piolho
E ainda faltaram dedinhos e o jeito foi partir para a outra mão, até dos outros.
E o voto secreto? “Custodi secreto ou portare segreto”.
Tornou-se tão insecreto quanto o olhar indisfarçável do eleitor escabreado.
“Ô promessa desgraçada, ô promessa sem jeito”, como diria Chicó no Auto da Compadecida.
Mas a Velha fica olhando emocionada a firmeza das criancinhas que acreditam nas cores, nos amores e até nos abraços e beijos dos políticos suados que lutam pelo voto.
A Velha já viu políticos bons sendo obrigados a relegar sentimentos
E acredita numa geração que se forma para mudar esse mundo
Nem que seja pela fé num Deus que jamais será infiel
E como diria o Poeta: “Pode-se cortar todas as flores, mas não se pode impedir a primavera.”
E Setembro chegou.
Dodora Silva Maia é escritora apodiense
Poema maravilhoso, que me inspirou a escrever o mau mais jovem poema:
A velha morta do Século XXI
Ali, deitada, com seu Smartphone na mão.
A situação estreita da estrutura e da conjuntura não lhe propiciava mais que isso.
A vontade era dizer que a História é viva.
Que o mundo e as pessoas mudam porque interagem, um com o outro.
Que o homem transforma o mundo, e ao mesmo tempo se transforma.
Que enquanto há vida, o sonho pode ser sonhado.
Mas, o mundo lhe contrariava.
Lhes mostrava os belos conselhos de um crápula maldoso.
Lhes denunciava por preferir os caminhos mais justos.
Enquanto isso, a velha que tomava conta dos mares, dos sóis, dos lares, das ruas, se despia:
de palavras ditas para maltratar os que não acreditam nela,
mesmo estando viva.
Fazendo a sua política suja, de união de malfeitores;
de reunião de usurpadores;
de senhores. Ah! de Senhores!!
Ora deles; ora daqueles que não somente são meninos,
mas nascidos da outrora.
E ali, no seu túmulo sucumbida,
sem ser ouvida.
A velha morta deste século continua,
mesmo sem ser compreendida,
mudando a sua vida.
Por mim Mônica Freitas em (11 de setembro de 2016)
Leia-se “mau” como meu.
Viiiiiixi! parece que hoje é dia de poemas. Lá vai mais um. É ”curtin”, mas grosso que nem presta.
Os políticos brasileiros
São lenha da mesma mata
Pólvora do mesmo barril
Ferro da mesma sucata
Veneno da mesma cobra
Sobejo da mesma sobra
Ferrugem da mesma lata.
(Antônio Dutra)
Um Raio-X perfeito da decadente situação política predominante em minha amada terra, com os conterrâneos ainda insistindo na visão politica tacanha em que predominam duas cores (Verde e vermelho) uma música (Lambada do Tibúrcio) , dois gestos – O dedo polegar para cima e dois dedos sinalizando um V, e duas denominações: Bacuraus e Bicudos.
É por existir conterrâneos com elevada performance intelectual e personalística como minha querida amiga e nobre Colega Dodora de Sêo Tião Lúcio e dona Eugênia, que ufano o peito e sinto-me orgulhoso por ser, também, desse hospitaleiro rincão potiguar. Texto instigante que, de forma imensurável, contextualiza-se com a necessidade de passarmos a ter uma nova visão e por em prática a política desenvolvimentista para nosso amado município, independente das doentias e insanas paixões político-partidárias. Abre-nos os olhos da razão para que nós APODIENSES cerremos fileiras na junção de forças para quebrar os elos enferrujados das amarras desse arraigado apego às nuances políticas clientelistas, que muito tem infelicitado nosso povo e nossa amada terra. Faço minhas as palavras do saudoso Mecenas e intelectual mossoroense Vingt-Un Rosado: A História de luta incansável e perene de Dodora para salvação e preservação das milenares inscrições rupestres do mundialmente famoso LAJEDO DE SOLEDADE, nos mostra que ela merece uma estátua em uma das praças de sua terra.
PARABÉNS amiga Professora Mônica Freitas !. Você fez a tessitura perfeita de uma exímia artesã das palavras. Vejo no seu belíssimo e contagiante texto o delinear de uma imensurável coreografia de sentimentos vários, revelando com as tintas da alma o pungente e triste cenário do materialismo dialético no qual estamos forçosamente inseridos. Forte abraço.
Carlos,
garimpastes essa gema preciosa entre outras tantas encravadas da beira da Lagoa à subida de Serra na terra Apodi..
nascida de Tião Lucio
receitada por Neném Holanda
criada com suspiros de Cotó
ensinada nos bancos de Joaninha de Benvinda
Salve Dodora!!!!!
NOTA DO BLOG – Salve Dodora! Salve!
Dodora, maravilha. Deixa a esperança, lembrando o que disse o poeta : mesmo arrancadas as flores, virá a primavera!