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sábado - 07/04/2012 - 12:18h
Não parem as máquinas!

A vida após a “morte” do nosso jornal impresso

No Dia do Jornalista, recebo uma pergunta recorrente pelas redes sociais: “O jornal impresso vai morrer?”

Minha resposta é monossilábica: “Não”. Mas acrescento algumas observações e análises nesta página.

O jornal impresso terá que se renovar. O pior para um jornal impresso não é a morte e, sim, ser um zumbi, um morto-vivo, sem opinião própria, incapaz de mudar o curso do rio.

Alguns são até bonitinhos, mas ordinários. Não irão longe. Em vez de jornalismo promovem “assessoria de incenso” ou “vendem proteção”, como bandos de jagunços ou forças mercenárias à margem da lei.

O mundo passou a ser digital, meu caro.

O arco e flecha ainda existem, como esporte e arma de uns poucos em operações de comandos especiais militares espalhados pelo mundo. Entretanto, ninguém deixa de ter um AK-47 (fuzil criado em 1947, é símbolo de arma eficiente, apesar de tantas outras, mais modernas, terem surgido) para empunhar arco e flecha primitivos.

Como o AK-47 que continua vivo, mas reciclado, o jornal precisa se adaptar. O jornal continuará vivo, como ainda temos máquina datilográfica e disco de vinil. Porém, será que numa escolha fria, desprovida de saudosismo e paixão, ficaremos com uma Olivetti e LP ‘bolachão” em vez de um Macintosh e um Ipod de 60 Gigas?

Os tempos são outros.

Um Fusca e uma Ferrari podem ir naturalmente da Cidade Alta à Ponta Negra, em Natal. Mas qual o melhor, heim? Qual oferecerá melhor conforto, segurança, agilidade, eficiência etc.?

Digo-lhes com metáforas e alegorias o que nem precisaria ser sustentado em rodeios para ficar tão translúcido: O mundo é digital, sem celulose e tinta. Eis o fato. O webjornalismo não é um caso de futuro: é o presente, com base no passado.

A hegemonia analógica, o pontificado da teledifusão e o reinado da voz pelas ondas do rádio, estão passando. A palavra chave é “convergência”. Ninguém vai morrer de morte matada, mas muitos desaparecerão por um cruel ‘harakiri’ (suicídio oriental, em que literalmente se corta a barriga). Pior, que sem um pingo de honra, como os guerreiros samurais.

A informação não tem mais dono e desaba a cada dia o monopólio da opinião. A Web é irreversível e não chegou para aniquilar outros meios de comunicação. Ela é a ‘prancha’, mas que precisará sempre de um bom surfista para deslizar do Hawaii à Ponta do Mel, da redação do Le monde à taba do Xingu.

O melhor disso tudo, em se tratando de jornalismo, é que em qualquer tempo, meio – ou época, a principal ‘ferramenta’ continuará sendo o homem, força-motriz de todas as transformações. Falamos em cibernética, bytes, plataformas, convergência, mídias, visão colaborativa, redes sociais, hiperlink etc., mas o homem, esse bicho antigo de alguns milhões de anos, será sempre “o cara”.

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Categoria(s): Comunicação / Opinião da Coluna do Herzog

Comentários

  1. Talvacy diz:

    Gostei de suas metáforas para enfatizar a mudança que vivemos no mundo do jornalismo e da comunicação em geral. Um exemplo: Li agora seu artigo de um celular, em viagem, dentro de um trem, entre Veneza e Roma. Aqui no meu vagão,olhando assim de cima, somente umas três pessoas estão lendo em papel. 90% estão lendo em bits: smartphone, tablets, leptops, todos com internet veloz wi-fi, disponível no próprio trem. Embora o Homem tenha pulado fora da cova, ressuscitado, boa parte da galera ainda continua adormecido, pensando de se tratar somente de um sustinho passageiro. Boa Páscoa.

Trackbacks

  1. […] Esse webleitor faz comentário sobre postagem veiculada no dia passado, sob o título “A vida após a ‘morte’ do nosso jornal impresso”. Veja AQUI. […]

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