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domingo - 29/09/2024 - 09:48h

A vida é boa

Por Odemirton Filho

Machado de Assis: autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (Foto: Reprodução)

Machado de Assis: autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (Foto: Reprodução)

– Vamos, Seu Machado, que é isso? Coragem! – dissera o Barão de Rio Branco, alguns dias antes. Não adiantou.

Na madrugada insone do dia 29 de setembro de 1908 faleceu o bruxo do Cosme Velho, após uma dolorida enfermidade. Deixou-nos o nosso maior escritor, legando-nos uma obra incomensurável, composta por uma vasta produção nos mais variados gêneros literários, romances, mais de seiscentos contos, além de inúmeras crônicas e peças de teatro.

Antes de falecer, segundo alguns, Joaquim Maria Machado de Assis, no seu leito de morte, sentenciou: “a vida é boa”. Não sei se é verdade; e se for, se ele proferiu a frase com sua contumaz ironia. O que sei é que o autor de Ressureição (1872), A mão e a Luva (1874), Helena (1876), Iaiá Garcia (1878), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Casa Velha (1885), Quincas Borbas (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908) é imortal.

Eu li, reli e releio Machado. Cabe anotar, que as fases de sua obra se dividem em duas, romantismo e realismo.

O fato é que fiquei a refletir sobre a referida frase. O que estamos fazendo de nossas vidas para torná-la boa? Vivemos o nosso dia a dia numa correria danada. Gastamos nossa saúde na juventude para tentar recuperá-la na velhice. Será que estamos a apreciar o singelo, como a beleza do mar e o agradável momento junto a familiares queridos e amigos? Ou estamos vivendo somente para trabalhar e pagar contas?

“A vida é um direito, a mocidade outro; perturbá-los é quase um crime. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito”, disse Machado. Decerto, precisamos construir momentos felizes que façam a vida valer a pena.

Hoje, quando eu vejo algumas pessoas idosas, lembro como eram na mocidade, agora, mostram-se frágeis, vulneráveis, precisando da ajuda de terceiros para realizar as tarefas mais simples. Será que viveram ou somente passaram pela vida? Cada um de nós tem a resposta.

“A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre, por mais vontade que tenha de as infringir deslavadamente”. Não esqueçamos que existem milhões de pessoas que sofrem mundo afora pelos mais variados motivos, como a fome, a miséria, as doenças e as guerras. Assim, creio eu, depende da realidade vivida e do subjetivismo de cada um afirmar ou não que a vida é boa.

Bom, mas voltemos a Machado de Assis. O seu corpo foi velado na Academia Brasileira de Letras (ABL), da qual foi um dos fundadores, tendo como patrono o seu amigo José de Alencar. No discurso ao pé do seu ataúde, Rui Barbosa afirmou: “Era sua alma um vaso de amenidade e melancolia”.

O bruxo do Cosme Velho continua vivo; eu sempre o encontro na magia dos seus textos.

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Aluísio diz:

    Por oportuno, “Um homem de papel”, do nosso imortal João Almino de Souza Filho, é uma homenagem ao “Bruxo do Cosme Velho” (Lembrei de João pq me perguntaram algumas vezes sobre a posse dele na ABL: “Vc viu? Deu no Jornal Nacional q tem outro mossoroense na Academia de Letras”. Ah, descobriram o q aconteceu em 2017!!!). Tento imaginar o quão distópica será a velhice desses meninos e meninas de hoje quando os Elon’s da Internet colocarem todas as memórias deles num anel de Saturno. Eles ñ olham para nada a ñ ser com os “olhos” da câmera do celular. “Vivam teu o momento, infiteto”, recomenda o inseto q comeu as carnes de Brás Cubas. E espera por nós. Bela resenha, Odemirton. Bonjour.

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