Por Torquato Neto
a) A virtude é a mãe do vício
conforme se sabe;
acabe logo comigo ou se acabe.
b) A virtude e o próprio vício
– conforme se sabe –
estão no fim, no início da chave.
c) Chuvas da virtude, o vício, conforme se sabe;
é nela propriamente que eu me ligo,
nem disco nem filme:
nada, amizade.
Chuvas de virtude: chaves.
d) (amar-te/ a morte/ morrer: há urubus no telhado e carne seca
é servida: um escorpião encravado
na sua própria ferida, não escapa:
só escapo pela porta de saída).
e) A virtude, a mãe do vício
como eu tenho vinte dedos,
ainda, e ainda é cedo:
você olha nos meus olhos
as não vê nada, se lembra?
f) A virtude mais o vício: início da
MINHA
transa, início, fácil, termino:
“como dois mais dois são cinco”
como Deus é precipício, durma,
e nem com Deus no hospício (durma) nem o hospício
é refúgio.
Fuja.
Torquato Neto (1944-1972) – Poeta, compositor e jornalista piauiense
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