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domingo - 01/05/2022 - 09:24h

Além do horizonte

Por Odemirton Filho

Olhava o horizonte sentada numa jangada na beira do mar. Estava sozinha. Pensava no ontem, naquilo que viveu. Ou, melhor, no que não viveu.

Os dias passaram rápidos, nem viu o tempo voar. Sobre os seus ombros carregava o peso da vida. Sim, era uma mulher realizada, tinha um bom marido, lindas filhas e belos netos. Mas, ainda assim, queria mais. Embora estivesse aposentada, queria viver, bem vivido, o tempo que ainda lhe restava de vida.  horizonte, mar

Tinha dentro de si, às vezes, uma profunda solidão. Sua alma, de vez em quando, era uma ilha. Precisava habitar a sua vida com novas experiências. Quem sabe, enveredar na arte de escrever colocando no papel os sentimentos d´alma; rabiscos de saudades e lembranças.

Lembrou que por muitos anos acordou de madrugada para preparar o café do marido e das filhas, arrumando-as para irem ao colégio. Ficava o dia inteiro ocupada com afazeres domésticos; mal tinha tempo para se olhar no espelho e ajeitar os seus longos cabelos pretos.

O tempo passou. As meninas crescerem, constituíram família, cada uma seguiu o seu rumo. O marido se aposentou. Chegou a sua vez de fazer o que sempre sonhou: escrever. Em alguns cadernos, com as folhas amareladas pelo tempo, tinham alguns escritos que foram feitos ao longo da vida.

Lembrava que a vida passava rápido como o vento. A infância passou, a adolescência correu, e só restaram a maturidade e as lembranças de uma infância acolhida e de uma juventude repleta de sonhos.

O que passou, passou. Agora, sentia a brisa batendo no seu rosto, e observava a natureza, a qual nos mostra o canto dos pássaros; a beleza do mar. Sem pressa, contemplava o que um dia passou despercebido. Estava ali, sentada em uma jangada, olhando além do horizonte.

“Nós imaginamos que assim que somos arrancados do nosso caminho habitual tudo acaba, mas é apenas o começo de algo novo e bom. Enquanto houver vida, haverá felicidade. Há muito, muito diante de nós”, diria um famoso escritor russo.

Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Tão bela como a foto que ilustra esta crônica é a explosão de sensibilidade com que você brinda os leitores do blog Carlos Santos.
    /////
    IDODO AGUARDA HÁ 75 DIAS MARCAÇÃO DE UMA CONSULTA OFTALMOLÓGICA EM MOSSORÓ.
    A REQUISIÇÃO ESTÁ NA UBS SINHARIAZINHA BORGES.

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