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segunda-feira - 20/05/2024 - 07:02h
Prefeitura de Mossoró

Desgaste de Fátima e decisão do PT, em Natal, tiram Josivan de disputa

Josivan já passou por experiência dolorosa no passado (Foto: Marcos Garcia/Jornal de Fato/Arquivo)

Josivan já passou por experiência dolorosa no passado (Foto: Marcos Garcia/Jornal de Fato/Arquivo)

Do Blog William Robson

Mesmo com as declarações mais recentes da deputada estadual Isolda Dantas de que o PT mossoroense deve lançar seu candidato próprio para as próximas eleições, os ventos apontam para outro caminho.  As falas de Isolda, que também dirige o partido, sempre abrem margem para uma coligação com candidatos com melhor capilaridade eleitoral. E, assim, um dos nomes mais prováveis para este propósito, o do professor Josivan Barbosa, x-reitor da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), esta a cada dia mais improvável.

Em conversa com o blog, ele mostra desesperança de que o PT lance um candidato. “Parece que a decisão já veio de Natal. O PT daqui vai apoiar outro partido”, disse, pouco antes de participar de um encontro que contou com nomes ligados ao presidente da Câmara, Lawrence Amorim (PSDB), e rosalbistas, nesse sábado (18), em “Carlos Bar e Restaurante”, bairro 12 Anos, em Mossoró.

Cabeça de chapa

Não parecia um encontro casual de um sábado de sol. Josivan tirou seu time de campo, mas se organiza para as intenções reais de o PT apoiar Lawrence. “A questão da baixa  popularidade de Fátima também pesou muito”, diz, sobre o PT não lançar candidatura. “Coloquei meu nome para ser cabeça de chapa. Jamais para ser vice. Não quero. Para isso, dei minha contribuição no passado”, conta.

Isolda, focada em sua maior ambição (eleger Plúvia Oliveira vereadora a qualquer custo), não deve ser a candidata do partido. Os acordos, como apontado por Josivan, partiram de Natal, em reunião na Governadoria e em acertos que a governadora Fátima Bezerra mantém com o presidente da Assembleía Legislativa, Ezequiel Ferreira. O olhar é para 2026.

Nota do Blog Carlos Santos – Pré-candidato a prefeito em 2012, Josivan Barbosa (PT) era nome em ascensão política à época. Mas, o PT o achatou. Negociação ‘lá em cima’ o levou a ser vice da deputada estadual Larissa Rosado (PSB), ambos derrotados por Cláudia Regina (DEM) e Wellington Filho (PMDB). Aceitou imposição partidária de cima para baixo e virou vice dela, após repetir diversas vezes que vice não seria.

Em 2014, em eleição suplementar a prefeito, rompeu com o próprio PT e apoiou – agora de bom grado – a própria Larissa (veja AQUI). O PT, na mesma campanha, tinha o vereador Luiz Carlos Martins como vice de Francisco José Júnior (PL), chapa eleita.

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sábado - 06/04/2024 - 07:40h
Mossoró

Brasil da Esperança anuncia nominata e chegada de dois vereadores

Militantes, filiados e lideranças dos três partidos estiveram reunidos (Foto: Divulgação)

Militantes, filiados e lideranças dos três partidos estiveram reunidos (Foto: Divulgação)

A Federação Brasil da Esperança (PV, PT e PCdoB) está quase pronta para a campanha municipal deste ano em Mossoró. Falta apenas apresentar seus nomes à majoritária. Quanto à chapa à vereança, nominata definida.

Nessa sexta-feira (5), num auditório do Hotel VillaOeste, os três partidos se reuniram e trataram de questões diversas sobre a disputa, além de recepcionarem novos filiados como os vereadores Pablo Aires (ex-PSB, agora no PV) e Omar Nogueira (ex-Patriota, agora PV).

Também foi celebrado o retorno ao PT da professora Telma Gurgel (ex-Psol), bem como do ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Josivan Barbosa (ex-PCdoB). Ela foi primeiro nome eleito pelo PT em Mossoró, ao lado de Júlio César Fernandes, em 1988. Barbosa foi candidato a vice-prefeito pelo PT, em 2012, em aliança petista com o PSB da então deputada estadual Larissa Rosado.

Entre os participantes do encontro dessa sexta-feira estavam Renan Nogueira, presidente do PV; Paulinho Silva, do PCdoB, ea deputada estadual Isolda Dantas, do PT.

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domingo - 11/12/2022 - 11:36h

Agricultura de sequeiro com tecnologia é viável

Por Josivan Barbosa

Na última quinta-feira tivemos a oportunidade de participar do II Dia de Campo da Fazenda Mata Branca, localizada no Distrito de Olho D’água da Bica – Tabuleiro do Norte – CE. Com a denominação de Produção Integrada de Forrageiras em Sequeiro e Recria de Bovinos Leiteiros no Semiárido, o produtor e especialista em agricultura de sequeiro, Dr. Raimundo Reis, mostrou a viabilidade econômico financeira de produzir forrageiras sem o uso tradicional de milho ou sorgo.

Raimundo Reis fez apresentação em um Dia de Campo (Foto: Josivan Barbosa)

Raimundo Reis fez apresentação em um Dia de Campo (Foto: Josivan Barbosa)

Produção está baseada em inovação, segundo o produtor (Foto: Josivan Barbosa)

Produção está baseada em inovação, segundo o produtor (Foto: Josivan Barbosa)

O produtor não usa água de nenhuma forma para produzir as suas forrageiras (palma forrageira, capim Massai, capim Capiassu) e outras fontes de volumosos como a mandioca, macaxeira, gliricídea e Pornunça (um híbrido de maniçoba com mandioca).

Revelou aos participantes do encontro que só passou a acreditar na viabilidade do cultivo da palma forrageira a partir de 2011, com o início do período de seca na região da Chapada do Apodi. Hoje, vende serviços e ideias através de um canal no YouTube e acredita que só prospera no negócio rural da agricultura de sequeiro quem quer construir e reconstruir com inovação.

Raimundo Reis acredita que conseguiu quebrar paradigmas da inviabilidade de produção animal no Semiárido e está sendo favorecido pelo crédito rural, apesar da burocracia pesada, de bancos públicos (Banco do Brasil e Banco do Nordeste) e bancos privados, exemplo do Bradesco.

Palma forrageira

Segundo Reis, a sua área instalada é de 20 hectares com palma forrageira, mas o projeto é para possuir uma área de cerca de 100 hectares. Ele considera que a palma é o ‘milho do sertão’. A palma forrageira não altera o valor nutritivo com a idade, é um veículo de água de boa qualidade para o animal, pois tem, em média, 90% de umidade. É cultivada num arranjo produtivo na forma de ‘carta de baralho’ com ruas amplas para o cultivo de capim. O controle de ervas daninhas é feito apenas no inverno e entre plantas.

No cultivo da palma é recomendado o uso de solos descompactados, com diversidade biológica para evitar os problemas associados com pragas e doenças. Quanto mais sadio o solo, mais viável o cultivo da palma forrageira.

No consórcio com capim Massai, há a segurança de ter no período de verão uma fonte de fibra para fornecer ao animal em complemento a palma forrageira. No verão o capim que é perene é colhido seco e colocado em bags para ser fornecido aos animais.

O espaçamento entre linhas de duas fileiras duplas de plantas é de 4 m para facilitar a colheita mecânica.

O produtor trabalha com a meta de colher 100 toneladas de palma por hectare. Para isso, usa em equilíbrio adubos químicos e orgânicos.

Fonte de proteína

Em função da necessidade de uma fonte de proteína para o rebanho animal que compense a deficiência na palma forrageira, o produtor está cultivando para colher a parte aérea macaxeira, mandioca e pornunça. Também está em teste o plantio de gliricídea. A pornunça é perene, resiliente, produtiva, mecanizável, tem alto valor proteíco e produz na faixa de 40 ton/ha. É plantada super adensada e o corte é feito a 20 cm de altura.

A mandioca e a macaxeira são plantadas somente para a colheita da parte aérea como fonte de proteína, reduzindo o uso de soja, cujo preço é muito elevado para o produtor. Produz de 30 a 40 ton/ha, tem 20% de proteína, sendo que não precisa deixar 24 a 48 h ao ar livre para eliminar o ácido arsênico que é tóxico, como ocorre com a mandioca. Ambos, têm a vantagem de no final do terceiro ano ter como outro produto as manivas.

Dia de campo

O Dia de Campo da Fazenda Mata Branca foi muito organizado e contou com participação de cerca de 300 produtores, técnicos, empresários e agentes rurais do setor público. Contou com a participação de empresários do RN, CE e BA.

O evento recebeu apoio de várias empresas fornecedoras de insumos e equipamentos do negócio rural e teve um apoio diferenciado do Instituto Luiz Girão e da empresa Alvoar Lácteos, resultante da fusão da Betânia com a Embaré) que é referência no Nordeste na qualidade de leites e derivados.

O evento também contou com o apoio do Governo do Estado do Ceará, através da EMATERCE e da Secretaria de Desenvolvimento Rural, e da Prefeitura Municipal de Tabuleiro do Norte.

A UFERSA se fez presente através do Centro Tecnológico do Negócio Rural (CTARN).

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 20/11/2022 - 10:34h

Parcerias Público-Privadas estimulam projetos municipais

Por Josivan Barbosa

Cerca de 17% dos municípios brasileiros, onde vivem 44,6 milhões de pessoas, se inscreveram na Caixa Econômica Federal (CEF) no mês passado para obterem apoio na estruturação de parcerias com empresas privadas na área de iluminação pública.

Foto ilustrativa

Foto ilustrativa

O exemplo mais próximo é o do município de Crato na região do Cariri cearense que é administrada pelo PT. O município  já tem uma bem-sucedida concessão de saneamento básico e lidera um consórcio de nove municípios que está leiloando  a concessão à iniciativa privada do serviço de gestão de resíduos sólidos.

A Caixa dá apoio a prefeituras e governos estaduais numa etapa essencial das concessões e Parcerias Público- Privadas (PPPs): a estruturação de projetos. Os técnicos do banco ajudam a modelar como vai funcionar a parceria com a iniciativa privada em diferentes tipos de empreendimentos.

O banco administra um fundo criado em 2017 para financiar esse trabalho técnico. Iniciativa semelhante existe no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Atualmente, a carteira da Caixa possui 57 projetos em cinco áreas: iluminação pública, saneamento, empreendimentos socioeducativos, educação e habitação.

Há 12 leilões programados para 2023, com investimentos totais previstos de R$ 9,98 bilhões.

Projetos de iluminação

Os projetos de iluminação são mais numerosos e a Caixa desenvolveu expertise para estruturá-los mais rapidamente. Inicialmente, levavam-se dois anos. O de Itanhaém (SP), que vai a leilão no próximo dia 21, foi estruturado em 12 meses.

Enquanto as PPPs de iluminação são financiadas com a cobrança de uma taxa específica incluída na conta de luz, os consórcios de gestão de resíduos sólidos cobram uma taxa na conta de água. Nos municípios cearenses que integram o consórcio Comares, o pioneiro dessa modalidade, essa taxa varia de R$ 0,97 a R$ 4,37 por mês.

Economia do futebol em números

Em época de Copa do Mundo é bom lembrar dos números da economia do nosso futebol. Salários astronômicos do futebol atraem muita gente e são o sonho de jovens que buscam no esporte uma forma de ascensão social. Jogar uma Copa do Mundo, o auge da carreira, porém, é um sonho para poucos. Os 26 convocados pelo técnico Tite para disputar o mundial deste ano no Catar representam apenas 0,2% dos jogadores profissionais do Brasil.

O país tem mais de 10 mil atletas profissionais no futebol, segundo dados da Federação Internacional de Futebol (Fifa). E a realidade é que apenas uma fração deles consegue salários milionários.

Se o clube sai prematuramente de uma competição, dependendo da divisão que dispute e da projeção, o atleta fica literalmente sem ter o que fazer – e perde o emprego.

É muito difícil o atleta conseguir emprego durante 12 meses do ano. Em geral, resume-se a apenas 4 – 5 meses de contrato, apesar de existirem 656 clubes de futebol registrados na FIFA. Dificilmente o salário ultrapassa 1.500 reais.

O caso de Neymar é um ponto fora da curva e representa um ciclo virtuoso do futebol. Mas. Em geral, o ciclo é vicioso. Os clubes grandes reclamam porque jogam demais e os pequenos porque jogam pouco. Ou seja, um calendário esdrúxulo.

Mercado global de manga neste final de ano

Como a manga é um dos principais frutos exportados pelo Semiarido Nordestino e nessa região concentra-se mais de 90% das empresas produtoras e exportadoras, é importante conhecermos esse mercado nesta época do ano.

Fruta tem mercado garantido (Foto: cedida)

Fruta tem mercado garantido e os preços estão altos nessa época do ano (Foto: cedida)

Os preços da manga são altos nesta época do ano, sobretudo na Europa. Os bloqueios das rodovias após o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil prejudicaram o fornecimento do Brasil para a Europa. Houve também problemas de chuvas nas regiões produtoras.

A Osteen é a principal variedade fornecida pela Espanha.

O Peru está convivendo com altos custos do frete marítimo da manga que é enviada para a Europa, com um aumento de 100% no valor em relação à safra passada.

A manga do Peru possui autorização fitossanitária para exportar para 63 países, apesar dos principais destinos serem Europa e EUA.

Os mercados dos países baixos e da Bélgica estão convivendo com baixa oferta o que favorece o preço do manga.

Na Alemanha os preços são normais e a oferta é razoável. O mercado prefere a manga Kent que tem pouca fibra.

Depois da manga Mexicana, os Estados Unidos estão recebendo manga do Brasil e do Equador, sendo as variedades principais a Tommy Atkins e a Ataulfo, respectivamente.

A manga peruana ingressará no mercado americano a partir do final de novembro e início de dezembro e atingirá o pico no final de janeiro e início de fevereiro, quando novamente a manga mexicana Ataulfo retorna ao mercado americano e depois as variedades rochas.

A África do Sul tende a produzir 10% a menos do que na safra passada em função das ondas de calor.

A China importa mais manga do que exporta. Os principais países exportadores de manga para a China são: Vietnã, Tailândia, Austrália, Peru e Equador.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 02/10/2022 - 12:52h

Agrícola Famosa quer ampliar oferta de melão para mercado externo

Por Josivan Barbosa

A Agrícola Famosa, maior produtora e exportadora de melão e melancia do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE e, por consequência do país, revelou na semana passada que está pronta para aumentar na atual safra (2022/23) o envio de melão e melancia para a Comunidade Econômica Européia em mais de 10%.

O aumento deve-se a três fatores: melhor produtividade e qualidade do material genético, demanda elevada na Europa pelas condições climáticas (calor) que anteciparam a colheita de melão local deixando o mercado em baixa oferta do produto. A temporada de melão e melancia a partir do Brasil começa no momento em que a safra da Europa termina.

Melão é um produto de grande força econômica na região  (Foto: arquivo/Valor/Globo)

Melão é um produto de grande força econômica na região (Foto: arquivo/Valor/Globo)

A empresa projeta exportar cerca de 220 mil toneladas até abril de 2023.

A Agrícola Famosa comercializa o melão na Europa através da sua subsidiária Melon & Co. No primeiro ano da Melon & Co. a empresa conseguiu negociar quase 23 mil toneladas nos supermercados britânicos.

A empresa tem aumentado, também, as vendas do melão e melancia no mercado dos EUA, em torno de 8 mil toneladas/ano.

A Agrícola Famosa continua trabalhando com a perspectiva de enviar o melão para a Ásia (China), entretanto, a logística de exportação através do modal de contêineres marítimos têm dificultado a concretização desse importante canal de exportação para o melão.

Exemplo chileno

Os produtores de melão e melancia do Semiárido Brasileiro precisam analisar com bons olhos o exemplo do Chile que criou o Comitê de Uva de Mesa para implantar o Plano Estratégico da Indústria de Uva de Mesa do Chile. Trata-se de um passo importante daquele país no sentido de potencializar a sua competitividade nos mercados internacionais, cujo objetivo pode perfeitamente ser aplicado ao melão e a melancia produzida no Semiárido.

Assim como o Plano do Chile é coordenado pela ASOEX (Associação dos Exportadores de Frutos do Chile), o nosso poderia ser coordenado pelo COEX (Comitê Executivo da Fruticultura).

A iniciativa da criação do Comitê pelos produtores de uva de mesa do Chile foi tomada após análise depurada da possibilidade de perda de competitividade no mercado internacional pela uva chilena.

O plano do Chile tem três pilares: liderar, coordenar, unir e comunicar; melhorar a condição dos frutos e a competitividade.

Inicialmente o Comitê estabeleceu 16 ações, entre as quais destaca-se o desenvolvimento de um programa de estimação da produção ao longo da safra. O plano trabalha com a meta de publicar pelo menos quatro estimativas por safra (início da safra, 21 de outubro, final de novembro e final de dezembro).

A análise acima permite, claramente, concluir que a criação de um comitê dessa natureza pelo setor produtivo regional seria de muita valia para a sustentabilidade econômica do setor produtivo de melão e melancia do Semiárido Brasileiro.

 Melancias do Polo RN – CE para a Europa

A exemplo da temporada passada, a melancia continuará com incremento do consumo pelos europeus. Os primeiros carregamentos que chegaram em navio frigorífico convencional apontam para um produto de boa qualidade. Os frutos chegaram no terminal de frutos de Rotterdam Fruit Wharf (RFW), uma estação intermediária que se conecta com o Porto de Roterdã, instalada em Merwehaven. Os importadores europeus transportam a melancia em contêineres reffer e em navios friogírificos tradicionais, que podem atracar diretamente no RFW.

A melancia proveniente do Brasil (Polo de Agricultura Irrigada RN – CE) é exportada em contêineres de 40 pés. A partir dessa temporada a Agrícola Famosa fez uma parceria com a GreenSea que semanalmente transporta em navios frigoríficos especializados a partir de Fortaleza até os Portos de Vigo (Espanha), Dover (Reino Unido) e Roterdã (Holanda).

A vantagem do acordo da Agrícola Famosa com a GreenSea é que o Porto de Fortaleza está conectado diretamente com os Portos Europeus, o que reduz o tempo de transporte com benefício direto na qualidade do fruto que chega para o consumidor europeu.

No Porto de Roterdã, os frutos são recebidos na RFW, onde se realiza inspeção fitossanitária e os trâmites aduaneiros. Em seguida os frutos são transferidos para as câmaras frigoríficas dos importadores de onde é transportado em caminhão frigorífico para diferentes destinos dentro da Europa.

Novos híbridos de mamão 

A empresa mexicana de sementes Semillas del Caribe, especializada em sementes de mamão (papaya) desenvolveu diversos híbridos que produzem frutos menores e que representam uma alternativa ao mamão Formosa produzido no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE. A empresa mexicana tem revelado que as suas novas variedades de mamão produzem frutos com teor de açúcar (graus Brix) mais elevado do que o Formosa, as plantas são mais produtivas e os frutos são menores, o que melhora a aceitação dos frutos no mercado europeu.

Mamão, produto com sementes híbridas (Foto: Fresh Plaza)

Mamão, produto com sementes híbridas (Foto: Fresh Plaza)

As principais variedades produzidas pela Semillas del Caribe são: Maradol, Passion Red, Siluet, Sweet Senze, Intenzza e Luve.

Estas variedades estão sendo cultivadas em Portugal, Espanha e Marrocos. A empresa trabalha com a variedade Maradol, tradicional do México, em Senegal.

De acordo com a empresa produtora da semente de mamão, a variedade Intenzza é superior ao Formosa produzido atualmente no Brasil e exportada para a Europa e as variedades Siluet, Sweet Senze e Luve são do tipo baby tendo frutos de tamanho pequeno e doces e que estão tendo boa aceitação no mercado europeu.

A empresa assume o compromisso com o produtor de que as variedades de sementes são oriundas de sexagem molecular através da técnica de PCR, o que garante a produção de plantas hermafroditas. Nas variedades híbridas de mamão 50% das sementes são femininas e 50% são hermafroditas.

Tradicionalmente, para o sistema de plantio assegurar uma planta hermafrodita são necessárias quatro plantas, sendo que aos 45 – 60 dias, se determina o sexo da planta, e elimina-se três, o que impacta nos custos em sementes ou em mudas.

Através do uso da técnica usada pela empresa mexicana, o agricultor tem a segurança de adquirir sementes já selecionadas, de maior produtividade (100 – 150 quilos de frutos/planta).

As plantas produzidas pela empresa não podem sair do local de produção (Ilhas Canárias). A empresa só comercializa para a ilha, entretanto, as sementes são vendidas para a Europa e África.

A logística de exportação de frutos complica-se a cada safra

A América do Sul é uma importante região exportadora de frutos para a América do Norte e antes havia muitas opções de exportação pelo modal marítimo, mas, recentemente tem-se reduzido muito as alternativas desse tipo de logística, da qual o Brasil utiliza.

A maioria dos produtos que se exporta a partir da América do Sul faz transbordo na América Central, o que prejudica a qualidade dos frutos que chegam ao mercado americano. Com frequência os contêineres perdem conexão, o que provoca aumento do tempo de transporte e atrasos, impactando diretamente na qualidade do fruto. O transbordo impacta negativamente na cadeia de frio.

Apesar dos transbordos, os custos de transporte do fruto têm se elevado em mais de 100% na maioria das rotas. Isto tem impactado muito para o produtor, pois nos últimos anos tem tido os custos elevados devido aos aumentos de preços de fertilizantes, combustíveis e mão de obra.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 11/09/2022 - 13:28h

Mineração, uma grande aquisição com foco no ouro

Por Josivan Barbosa

Em menos de duas semanas, a Aura Minerals vai desembolsar US$ 51,6 milhões para sacramentar a aquisição da australiana Big River Gold, dona de um projeto de exploração de ouro no Rio Grande do Norte, em um lance estratégico para ir além da meta de produção anual de 400 mil onças equivalentes, prevista para 2024.

Com a transação, e a incorporação do projeto de produção de ouro a céu aberto Borborema, a mineradora canadense, que tem operações na América Latina e negocia recibos de ação (BDRs) na B3, vai elevar suas reservas, medidas e inferidas, em mais de 40%.

Aura Minerals adquiriu empresa de origem australiana (Foto: institucional)

Aura Minerals adquiriu empresa de origem australiana (Foto: institucional)

Com reservas medidas de 1,87 milhão de onças equivalentes, conforme relatório publicado em abril deste ano, a Big River tem recursos totais de 2,44 milhões de onças de ouro. Antes da incorporação do projeto Borborema, a Aura conta com reservas de 5,8 milhões de onças equivalentes, entre medidas e inferidas.

Consumada a aquisição, o passo seguinte será ajustar as informações da Big River às regras de certificação canadenses e trabalhar no estudo de viabilidade do projeto, o que pode se estender até o início do ano que vem.

Com a finalização do estudo, a construção do projeto seria iniciada no ano que vem, com produção em 2025. A Aura será dona de 80% da Big River e terá como sócia a canadense Dundee Resources, com os 20% remanescentes.

O projeto Borborema no nosso RN se encaixa muito bem na estratégia de crescimento da empresa canadense, de buscar projetos com geologia já desenvolvida e um projeto pronto para iniciar construção. 

Produção mundial de frutas e a posição do Brasil

A produção mundial de frutas e hortaliças frescas em 2020 foi de 1882 milhões de toneladas, mantendo-se praticamente estável em relação aos dados de 2016, quando se situou em 1880 milhões de toneladas, segundo dados da FAO. Entretanto, o ranking dos principais países produtores variou no período.

A China, primeiro produtor mundial, aumentou a produção passando de 706 milhões de toneladas para 709 milhões em 2020 (38% da produção mundial).

A produção da Índia passou de 180 milhões de toneladas em 2016 para 208 milhões de toneladas em 2020 (11% do total mundial), representando um incremento de 15% e tornando-se o país de maior evolução no período.

Os EUA reduziram a produção de 72 milhões de toneladas em 2016 para 66,5 milhões de toneladas em 2020, representando agora cerca de 4% da produção mundial.

A Rússia, que ocupava a quarta posição no período anterior, agora em 2020 passou para a sétima posição reduzindo de 45,4 milhões de toneladas em 2016 para 35,6 milhões de toneladas em 2020.

A quarta posição deixada pela Rússia foi ocupada pela Turquia, com uma produção de 51,6 milhões de toneladas.

O Brasil é o quinto produtor mundial de frutas e hortaliças com 45,7 milhões de toneladas. México é o sexto com 36 milhões de toneladas e Espanha é o oitavo produtor mundial com 32 milhões toneladas.

Agricultura e inflação

A inflação tem se convertido numa das grandes preocupações em nível global. Os sucessivos acontecimentos excepcionais dos últimos 30 meses têm alcançado inquietantes máximos históricos de inflação. O aumento de todos os custos tem impactado com força a agricultura, e mais concretamente o setor de produção e exportação de frutos e hortaliças.

Atualmente, os custos de produção, independente do país produtor são extremamente altos com elevação de 30 a 40%, porém os preços dos frutos e hortaliças obtidos pelos produtores não acompanham a elevação da inflação. Somente em 2022 o custo do transporte marítimo aumentou em alguns países na faixa de 40% quando comparado com os preços de 2018. Os custos com transporte terrestre também incrementaram cerca de 58%. Os custos com embalagens aumentaram em cerca de 14% e os de fertilizantes 57% em relação a 2018.

Produção de banana na República Dominicana (Foto: Fresh Plaza)

Produção de banana na República Dominicana (Foto: Fresh Plaza)

Um levantamento recente feito no Reino Unido, um dos principais importadores de frutos e hortaliças do Brasil, constatou estabilidade de preços em alguns produtos, o que impacta negativamente nos lucros do produtor. Apesar da inflação do Reino Unido com IPC no mês de julho passado chegando a 10,1%, os preços de frutos e hortaliças não têm se recuperado na mesma proporção.

Nessa linha, os produtores e exportadores de melão, melancia, mamão formosa, manga e uva do Semiárido para a Europa e Estados Unidos sofrem com os custos elevados.

Um desses custos é ocasionado pela necessidade da certificação exigida pelos importadores e que impacta muito nas planilhas do produtor e, assim, a própria sustentabilidade econômica do produtor está em jogo. Os custos com certificação são elevados, apesar de não representar um insumo, mas que faz parte dos custos de produção.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 28/08/2022 - 10:28h

Os 40 anos do semiárido como exportador de melão

Por Josivan Barbosa

No próximo dia 01 de setembro o Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX), que reúne as principais empresas produtoras e exportadoras de frutos tropicais do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE, realizará a II Largada da Safra do Melão (veja AQUI). Este evento, juntamente com a Expofruit, representa uma forma de aproximação do produtor com a sociedade e com as demais empresas agregadas ao negócio rural da região.

Antigo complexo industrial da Maisa no semiárido do RN (Foto: reprodução)

Antigo complexo industrial da Maisa no semiárido do RN (Foto: reprodução)

A edição da Largada da Safra do Melão acontece às vésperas de comemorarmos 40 anos de exportação de melão para os países ricos.

A importância da MAISA 

A Mossoró Agroindustrial S/A (MAISA) foi um projeto pioneiro a em todo o país. O projeto chegou a empregar 6 mil funcionários diretos e faturar 60 milhões de dólares num ano.

Com um corpo técnico de engenheiros civis, agrônomos, mecânicos e químicos, além de economistas, administradores etc, chegou a empregar 16 engenheiros agrônomos em seu auge.

A empresa perfurou poços no Calcário Jandaíra com uma vazão média de 19 mil litros de água por hora, viabilizando o cultivo irrigado na região. Houve, também, a perfuração dos chamados poços profundos, que usavam da melhor tecnologia. Cada um deles custava em torno de 1 milhão de dólares. Esses poços, mais modernos, tinham vazão de até 200 mil litros de água por hora.

Estrutura da fábrica de industrialização da castanha de caju (Foto: reprodução)

Estrutura da fábrica de industrialização da castanha de caju (Foto: reprodução)

Em meados da década de 1990, eram bombeados 2 milhões de litros de água/hora no Projeto Maisa.

O total da área irrigada era de 1800 ha. Mas, no total a MAISA contava com cerca de 5 mil ha produtivos.

O financiamento e parcerias com o Banco do Brasil, BNDES, SUDENE e BNB tornou possível a criação desse polo agroindustrial.

As atividades agroindustriais da empresa iniciaram-se no ano de 1968. Foram seus criadores os empresários José Nilson de Sá e Geraldo Rola.

Em 1982, ocorreu a primeira exportação de melão para a Inglaterra.

A produtividade da empresa, em relação ao melão, era elevada quando comparada aos níveis atuais e no início dos anos 90 obteve com a  comercialização para o exterior, aproximadamente, US$  20 milhões/ano, representando 20%  de  toda  exportação  de  frutas  “in  natura”  do  país. Na época, esses números impressionavam, considerando as condições climáticas e da cultura na região de não se acreditar muito nos investimentos na agricultura do semiárido.

Infraestrutura da antiga MAISA

Além da grande extensão territorial da propriedade rural, com mais de 20.000 hectares com poços profundos, packinghouses e estradas vicinais internas (cerca de 300 km), a infraestrutura física do complexo MAISA era composta por fábrica de sucos, fábrica de processamento de castanhas de caju, fábrica de produção de tubos para irrigação, aeroporto privado, centro administrativo e laboratórios de pesquisa.

Nas margens da BR 304 foi construída uma vila residencial com 600 casas para as famílias dos empregados, com escola, centro comunitário, creche, posto de saúde, posto policial, áreas de lazer, pontos comerciais, rede de energia elétrica e sistemas de abastecimento de água e de saneamento.

A MAISA possuía uma serraria para produção das embalagens (paletes) para as frutas, produção de móveis e utensílios.

Além disso, tinha uma fábrica de tubos de polietileno para irrigação com capacidade produtiva de 5,5 milhões de metros de cano por ano, que eram reciclados no próprio local e uma oficina mecânica para manutenção e reparo de toda a frota da MAISA.

A cultura do caju da MAISA

O caju foi uma das primeiras estratégias escolhidas pela empresa por se adaptar bem às condições do Semiárido Nordestino depois de adulto. A área  inicial era de 12 mil ha e cerca de 650 mil plantas.

A época de colheita do caju era vista como uma festa devido a sua grande produtividade.

Com a grande estiagem no período 1979 – 2003 na região, o cajueiro, que ainda não havia atingido a fase adulta, foi praticamente dizimado pela falta d’água.

A agricultura irrigada da MAISA

Após os prejuízos decorrentes da seca com a cultura do caju, a empresa iniciou o plantio de melão, maracujá, melancia, manga, graviola, uva, acerola, sapoti, além de outras frutas com o uso das técnicas de irrigação. A área com o cultivo de melão atingiu 4000 ha por safra. O melão atendia o mercado interno e era exportado para a Europa e os EUA.

O maracujá ocupou uma área de 525 ha com produção média de 18 ton/ha/ano.

A área com manga era de 80 ha e a de acerola chegou a 180 ha.

Beneficiamento dos frutos da MAISA

O suco depois de concentrado, era armazenado em câmaras frias de onde era exportado para diversos países.

A produção de polpa era de 7200 toneladas/ano, no ano de 1995. A produção da época era majoritariamente exportada, o que representava 90%.

Era produzido a cada ano, na época, 385 toneladas de suco de maracujá, 160 toneladas de suco de caju, entre outros sucos.

A produção de castanha de caju foi planejada para atingir uma capacidade de 10 mil toneladas por ano.

Ruínas do Centro Administrativo da Maisa (Foto: reprodução)

Ruínas do Centro Administrativo da Maisa (Foto: reprodução)

A MAISA de hoje

Em 2003, para quitar suas dívidas, a propriedade da empresa foi dividida em três partes. Uma adquirida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e depois transformada em 11 assentamentos. A outra foi comprada por engenheiros agrônomos (ex-funcionários da antiga MAISA), dando lugar a Fazenda Fruta Vida, da Coopyfrutas. E a última foi adquirida por um grupo chamado Gtex, de fabricação de polpas e sucos.

Leia também (com vídeos): Maisa, história de exuberância no campo e um fim que deu frutos;

Leia também: A história de um ícone do campo.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 21/08/2022 - 12:00h

A nova logística de exportação da Agrícola Famosa

Por Josivan Barbosa

Em tempos de entraves logísticos, com pandemia e guerra na Ucrânia, a Agrícola Famosa decidiu gastar alguns milhões de dólares a mais para garantir a entrega de seus melões e melancias na Europa. A maior exportadora de frutas do país assinou contrato com a GreenSea, joint venture entre Seatrade e Green Reefers na área de fretamento com navios frigoríficos para escoar seus produtos a partir deste mês, início da safra.

Navio frigorífico é reforço à logística de grupo já com nova produção (Foto ilustrativa)

Navio frigorífico é reforço à logística de grupo já com nova produção (Foto ilustrativa)

O contrato elevará os custos de transporte da Famosa em cerca de 30%, mas deverá garantir a entrega das frutas aos clientes no prazo certo e em boas condições.

O primeiro navio frigorífico da GreenSea deverá partir do Ceará na “semana 35” do ano-calendário regular – ou seja, entre 29 de agosto e 4 de setembro. O serviço será semanal e se estenderá até a “semana 8” de 2023.

A modalidade de frete transportará entre 30% e 35% das exportações totais da Famosa. O restante, cerca de 250 contêineres por semana, continuará a ser enviado à Europa pela CMA CGM, com a qual a Famosa mantém contratos há 25 anos e sobre a qual ela não tem queixas.

Os números para a safra 2022/23

A Agrícola Famosa conta com 30 mil hectares na região Nordeste do país, sendo 10 mil agricultáveis, e produz cerca de 200 mil toneladas de frutas por safra. No ano passado, a empresa faturou R$ 920 milhões, acima das expectativas iniciais da administração central, que projetava cerca de R$ 820 milhões, e dos R$ 720 milhões de 2020.

Além disso, a Melon&Co, empresa criada pela Famosa em agosto do ano passado para atuar no Reino Unido, faturou 50 milhões de libras (cerca de R$ 315 milhões) em seu primeiro ano de atividade. Essa companhia comercializa frutas brasileiras, da América Central e da Espanha. 

Uma nova variedade de abacaxi

A Del Mont Fresh Produce maior empresa produtora de abacaxi do mundo e com presença no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE acaba de lançar a variedade de abacaxi Original. A empresa que se destacou no comércio mundial de abacaxi pela variedade MD2 que foi registrada como Del Monte Gold® Extra Sweet continua na mesma visão e lança agora a variedade A Original. Essa variedade tem frutos com casca verde e polpa dourada, suculenta e um bom equilíbrio na relação açúcar/ácido.

A exemplo da MD2, esta variedade foi desenvolvida na Costa Rica e não se faz uso de reguladores de maturação, como por exemplo o etefon, muito usado nas agroindústrias de abacaxi.

China, Índia e EUA: principais produtores de frutas e hortaliças

China, Índia e Estados Unidos sem mantêm como líderes mundiais na produção de frutas e hortaliças. Veja na Tabela abaixo os principais produtores.

Posição País Produção (mi ton)
1 China 709
2 Índia 208
3 EUA 66,5
4 Turquia 52
5 Brasil 45
6 México 36
7 Rússia 35,6
8 Espanha 32

 Fonte: FEPEX/FAO

Novos negócios do Grupo Telles em Jaguaruana

O grupo cearense Telles, que atua em distribuição de combustíveis, fabricação de embalagens e água mineral, vai entrar no ramo de energia renovável com investimento de R$ 200 milhões em um parque solar de até 50 MW no município de Jaguaruana (CE).

Sede do Grupo Telles: novos investimentos (Foto: Web)

Sede do Grupo Telles: novos investimentos (Foto: Web)

O investimento será feito com recursos próprios da família controladora, que embolsou R$ 900 milhões com a venda da cachaça Ypióca para a multinacional Diageo, há dez anos.

Nos dez anos que sucederam a venda da Ypióca, o grupo Telles fez investimentos constantes nos negócios que eram satélites da marca de cachaça.

No momento, o grupo está fazendo cotação de preços das placas solares no mercado. A previsão é de que o parque entre em operação em 2025.

A empresa possui uma usina de etanol no Rio Grande do Norte  – Ceará Mirim que poderá ser vendida.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 31/07/2022 - 09:28h

Leites e derivados já acumulam alta de 30,19% em 2022

Por Josivan Barbosa

Os preços de leites e derivados já acumulam alta de 30,19% em 2022, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de julho, prévia da inflação oficial, bem acima dos 5,79% registrados pelo índice geral. No caso do leite longa vida, a alta é ainda mais expressiva, de 57,42%.

Consumidor final tem sentido impacto das altas no preço (Foto ilustrativa)

Consumidor final tem sentido impacto das altas (Foto ilustrativa)

Outros derivados também têm altas de destaque: queijo (13,80%), manteiga (14,18%) e iogurte e bebidas lácteas (13,26%). 

A alta dos preços para o consumidor reflete uma combinação de entressafra do leite – época de menos chuva, o que afeta as pastagens – com aumento dos custos de produção, com defensivos agrícolas, insumos para ração animal, como milho e soja, e combustível.

O movimento leva a menos captação de leite, o que aumenta a dificuldade das indústrias de lácteos conseguirem o insumo e pressiona o preço no mercado, apontam especialistas e o próprio IBGE. A guerra da Ucrânia acabou reforçando esse movimento, com impacto também em preços de fertilizantes.

O custo da produção vem aumentando bastante desde o ano passado, com defensivo agrícola, combustível, trator, ração, etc.

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) – Esalq/USP, o leite spot se valorizou 20,8% da primeira para a segunda quinzena de junho, chegando a R$ 4,16/litro. A média mensal, de R$ 3,80/litro, ficou 26,2% maior que a registrada em maio. Já o preço do leite captado em maio e pago aos produtores em junho teve aumento de 4,6% frente ao mês anterior, a quinta alta seguida, e ficou em R$ 2,6801 por litro no média do país.

Em análise recente no Boletim do Leite, a pesquisadora do Cepea Natália Grigol destacou a menor oferta de leite no campo em junho, o que provoca a disputa das indústrias de laticínios pela compra do leite cru, matéria-prima para a produção de lácteos.

Economistas preveem influência ainda maior do leite no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho. Pelo IPCA-15, só o leite longa vida subiu 22,27% e já teve impacto de 0,25 ponto percentual no mês. Os preços de leites e derivados subiram 11,43% pelo IPCA-15 de julho. A projeção do economista da LCA Consultores Fabio Romão é que no IPCA a alta seja maior, de 13,82%.

O destaque da tilápia nas exportações

Estados Unidos são o principal comprador do produto produzido no Brasil (Fonte: Valor)

Estados Unidos são o principal comprador do produto produzido no Brasil (Fonte: Valor)

A tilápia é a principal espécie exportada pela piscicultura brasileira, e foi responsável por 98% do faturamento e 99% da quantidade de peixes embarcados no primeiro semestre de 2022. O Brasil também exporta tambaqui, surubin, bagre, traíra, entre outros.

Os Estados Unidos são os principais compradores, com participação de 63% no volume de peixes exportados pelo Brasil de janeiro a junho. As vendas aos americanos representaram 76% do faturamento total das exportações nos seis meses, com US$ 10,9 milhões.

O Canadá aparece na segunda posição, com US$ 1,2 milhão.

Outros destinos importantes são Líbia, México, Chile, China e Japão.

Os principais Estados exportadores são Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia, São Paulo e Santa Catarina.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 10/07/2022 - 10:48h

O grande negócio do melão no mundo

Por Josivan Barbosa

Estamos iniciando o plantio das primeiras áreas de melão e melancia da safra 2022/23 para atender ao mercado internacional. Assim, é importante que o nosso produtor conheça os seus potenciais concorrentes e sua produtividade. Na Tabela abaixo colocamos uma síntese em termos mundial.

A produção mundial de melão atingiu 28,468 milhões de toneladas ocupando uma área de 1.068.238 hectares, com produtividade média de 26,6 toneladas por hectare.

Melão é um produto de grande apelo comercial (Reprodução)

Melão é um produto de grande apelo comercial (Reprodução)

A nossa produtividade está muito abaixo daquela de países tradicionais no cultivo de melão como China e Espanha, entretanto, precisamos avaliar que percentual dessas áreas cultivadas pelos dois países são em campo aberto como é 100% da nossa produção.

Outro aspecto importante é que a Espanha trabalha muito com o melão Pele de Sapo e no nosso caso trabalhamos com praticamente todos os grupos de melão. A China produz muito melão cantaloupe que normalmente apresentam uma produtividade maior do que o tradicional melão amarelo, muito cultivado no Brasil.

No próximo ano completaremos 40 anos de cultivo de melão no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE com destino ao mercado externo. Nesse período de 40 anos acumulamos muito conhecimento técnico e passamos de duas empresas na primeira metade dos anos 80 para cerca de 50 empresas na primeira metade dos anos 2020.

Todo esse crescimento foi feito graças ao setor privado, verdadeiros herói   e aos investimentos do Governo Federal em obras de infraestrutura hídrica, como as barragens do Castanhão (Nova Jaguaribara – Alto Santo – CE), Armando Ribeiro Gonçalves (Açu – Itajá – São Rafael), Santa Cruz (Apodi), entre outras.

País Área plantada (milhões de ha) Produção (milhões de toneladas) Produtividade (toneladas/ha)
China 385.756 13,838 35,9
Turquia 76.129 1,725 22,7
Índia 59.000 1,33 22,5
Iran 58.520 1,28 21,9
 Cazaquistão  51.258 1,17 22,7
Guatemala 28.384 0,665 23,1
Brasil 23.827 0,614 25,8
Espanha 18.520 0,611 33,0
Marrocos 16.830 0,505 30,0
França 13.110 0,267 20,3
Egito 7.848 0,216 27,5

Tabela: Área cultivada (ha), Produção (milhões de toneladas) e produtividade (toneladas por hectare) de melão em países produtores. Fonte: FAOSTAT (2020). A coluna da esquerda não está na ordem de volume de produção. A Espanha está em décimo primeiro no ranking mundial.

O Governo Federal e os governos estaduais também investiram em obras de infraestrutura de perímetros irrigados como o DIBA (Distrito Irrigado Baixo Açu – Alto do Rodrigues), DIJA (Distrito Irrigado Jaguaribe – Apodi – Limoeiro do Norte), DISTAR (Distrito Irrigado Tabuleiro de Russas – Russas), entre outros.

Cajarana chega à Serra do Mel

Durante a nossa visita à Feira de Orgânicos de Mossoró conversamos com os sócios da Associação dos Produtores do PA Favela, que apesar de pertencer ao município de Mossoró, se relaciona mais com a municipalidade da Serra do Mel em função de estar instalado na divisa dos dois municípios.

A boa notícia é que os produtores já viabilizaram a instalação de 4,5 ha de cajarana e estão incentivados a aumentar a área.

Os produtores estão usando dois tipos de cajarana. Uma que produz frutos grandes (inicia a produção mais cedo – janeiro/fevereiro) e a que produz frutos pequenos e saborosos (produção mais tardia).

A concretização dos pomares de cajarana no PA Favela pode servir de modelo para que outras agrovilas possam implantar os pomares de cajarana e facilitar a instalação futura de uma fábrica de polpa de cajarana, agregando renda ao produtor. Também facilita a negociação com fábricas de polpa instaladas em outras regiões, como está acontecendo com o PA Pitomba em Governador Dix-Sept Rosado que negocia com o apoio do município a entrega do fruto para uma grande fábrica de polpa instalada na Serra de Pereiro.

Outro aspecto importante é que a cajarana passaria a ser uma fonte de renda no primeiro semestre e o caju no segundo semestre, como já é tradicional.

Prioridades de políticas públicas para o negócio rural

Nesses tempos em que se antecede as candidaturas ao Governo do RN, se faz necessário uma análise da situação atual do desenvolvimento do negócio rural do RN. Ambas, agricultura empresarial e agricultura familiar, precisam ser pensadas dentro das suas prioridades e necessidades. Vamos começar pelas demandas da nossa agricultura irrigada. Depois, abordaremos o tema para a agricultura familiar:

Construção de faixas de velocidade lenta ao longo da BR 304 para melhorar o fluxo de veículos pesados para os Portos de Natal, Mucuripe e Pecém e, como consequência, melhorar o fluxo de veículos pequenos.

Ligação da BR 304 a BR 406, com a construção de duas pontes (Macau e Areia Branca) facilitando o escoamento da produção da agricultura irrigada para o porto de Natal e o fluxo de turistas na Costa Branca.

Reinício do projeto de irrigação Santa Cruz do Apodi com o redirecionamento para um perímetro irrigado de agricultura sustentável (agricultura orgânica, agroecologia, agricultura sintrópica e similar).

Requalificação da área de lazer da Barragem de Santa Cruz visando melhorar o fluxo de turistas da região e, como consequência, atrair a população que trabalha no negócio rural da Chapada do Apodi.

Construção da Estrada do Arenito para beneficiar os produtores de caju, ligando os municípios de Severiano Melo e Apodi ao município de Tabuleiro do Norte (Olho Dágua da Bica), facilitando a ligação com a BR 116 e, consequentemente, com os portos cearenses (Mucuripe e Pecém).

Reinício da construção da Estrada do Melão (Etapa II) para beneficiar os produtores de Mossoró e Baraúna facilitando o escoamento da produção via BR 304 ou via RN 015 (Mossoró-Baraúna), e, como consequência, facilitar o escoamento da produção de derivados da indústria do calcário, já que na região há três fábricas de cimento e inúmeras fábricas de cal.

A estrada do melão também vai facilitar o acesso da população do Vale do Jaguaribe para as praias da Costa Branca do RN, notadamente Tibau, Grossos e Areia Branca.

Construção de uma via ligando a BR 110 a RN 117 a altura dos assentamentos Monte Alegre I e II para beneficiar o escoamento da produção de frutos tropicais, pois naquela microrregião já existe várias empresas instaladas e outras em processo de instalação.

Instalação de um packinghouse coletivo para embalar os frutos produzidos pelos pequenos produtores destinados ao mercado externo.

Requalificação do sistema de poços profundos dos assentamentos da região da grande MAISA como forma de beneficiar os produtores assentados.

Duplicação da RN 015 (Mossoró-Baraúna) facilitando o desenvolvimento da agricultura irrigada, da indústria do calcário e atração da população do Vale do Jaguaribe para o setor de comércio e serviços de Mossoró.

Requalificação da Estrada do Cajueiro, facilitando o acesso à Chapada do Apodi (Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte). Integração das águas da Barragem de Santa Cruz com a Lagoa do Apanha peixe como forma de perenizar a mais tradicional lagoa da região do Apodi – Caraúbas e Felipe Guerra.

O Semiárido ampliará a exportação de manga na safra 22/23

O Brasil trabalha com a expectativa de ampliar em cerca de 8% a exportação de manga, apesar da preocupação das empresas exportadoras com a logística de colocação do produto no mercado de destino no tempo em que o produto ainda chega com a qualidade que o consumidor deseja.

Os principais problemas de logística verificados no ano passado como escassez de contêineres e frequência de navio devem se repetir na atual safra.

Como praticamente toda a exportação de manga para os Estados Unidos e Europa é feita por empresas instaladas no Semiárido (Polo do Submédio do São Francisco – Juazeiro Petrolina e Polo de Agricultura Irrigada RN – CE) então, pode-se afirmar que o Semiárido será responsável pelo incremento.

A região do Submédio São Francisco (polarizada por Juazeiro e Petrolina) responde por cerca de 90% das exportações de manga do país.

O país exporta manga durante todo o ano, mas o grosso da exportação ocorre no segundo semestre.

O ano passado o Brasil exportou 272 mil toneladas de manga, o que correspondeu a cerca de 250 milhões de dólares, ou ¼ das divisas do país em termos de exportação de frutos frescos.

Os produtores trabalham com um rendimento médio de 30 toneladas por hectare.

O mercado mais importante para a manga do Semiárido Brasileiro é o da União Européia (EU), sendo o Porto de Roterdã (Holanda) responsável pelo recebimento de 70% dos volumes de exportação. Os outros portos de destino da nossa manga são os da Espanha e Reino Unido.

O país exporta manga também para os Estados Unidos e, em menor volume, para Coréia do Sul e Oriente Médio.

Nessa safra o produtor trabalha com receios dos preços da manga no mercado internacional em função do problema mundial da inflação e do comportamento da economia como um todo nos países importadores.

Mossoró sustentável

Após avançar na troca de lâmpadas incandescentes por lâmpadas de led, o município de Mossoró precisa agora dar um passo a frente no aspecto de sustentabilidade ambiental. É necessário sintonia da gestão municipal com a nova realidade do país. Esse movimento já foi iniciado por dezenas de prefeituras ao redor do país, embora os passos ainda sejam lentos.

A troca de luminárias vai proporcionar também uma enorme redução no custo final de energia à PMM (Foto: PMM)

A troca de luminárias proporciona também uma enorme redução no custo final de energia à PMM (Foto: PMM)

Em São Paulo, o Desenvolve SP, banco de fomento do governo estadual, criou linhas de crédito especialmente voltadas a projetos de eficiência energética e energia renovável. Uma das orientações é promover a construção, nos municípios, de usinas fotovoltaicas para gerar energia solar, limpa e de baixo custo.

Segundo dados do Desenvolve SP, desde o início da pandemia, em março de 2020, até maio deste ano, foram financiados R$ 213,2 milhões para 59 prefeituras paulistas – o Estado tem 645 municípios. Os recursos foram utilizados para projetos de infraestrutura urbana, incluindo energia renovável, eficiência energética, água, saneamento, pavimentação e recapeamento. Nos dois anos anteriores à crise sanitária (2018 e 2019), foram financiados R$ 185,8 milhões. Portanto, houve aumento de 15%.

No setor privado, o Desenvolve SP reporta alta de 81,7% no financiamento para projetos sustentáveis em 2021. No ano passado foram desembolsados R$ 186,2 milhões para projetos que atendem a critérios ESG, contra R$ 102,5 milhões em 2020.

Seguindo o exemplo de São Paulo, o município de Mossoró pode trabalhar em sinergia com o Governo do Estado ou procurar um financiamento para instalar uma fazenda solar em bancos de desenvolvimento. O incentivo de bancos de fomento, inclusive do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é fundamental para acelerar o processo.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 26/06/2022 - 10:44h

Uso de agroquímicos em frutos e hortaliças deverá ter restrições

Por Josivan Barbosa

A Comissão Europeia (CE) apresentou durante a semana uma proposta para obrigar a reduzir em 50% até 2030 o uso de agroquímicos em frutos e hortaliças e demais produtos vegetais nos países que formam a União Europeia, o que se verificará de forma diferente em função da situação da Legislação de cada nação membro.Agrotóxico, agroquímicos, lavoura, plantação com pesticida - foto

Para compensar o impacto dessa medida sobre os produtores, que precisam fazer um esforço hercúleo para se ajustar à nova legislação, Bruxelas propôs que os produtores possam se beneficiar da ajuda da Política Agrícola Comum (PAC) durante cinco anos. Se a Comissão Europeia está exigindo isso para os seus produtores, não podemos esperar nada diferente para aqueles produtores que exportam os seus produtos para a Comunidade Europeia, como é o caso dos produtores e exportadores de frutos tropicais do Brasil que têm na Europa um grande parceiro comercial.

De acordo com a Comunidade Européia, cientistas e cidadãos estão a cada dia mais preocupados com agroquímicos e o acúmulo de seus resíduos e metabólitos no meio ambiente e que precisamente a Conferência sobre o Futuro da Europa, que tem a participação de todos os países, chegou à conclusão de abordar especificamente o uso e o risco dos agroquímicos.

Bruxelas considera que a normativa atual sobre agroquímicos tem demonstrado fragilidade e é aplicada de forma desigual. Assim, passa a trabalhar com objetivos legalmente vinculantes em nível nacional e da União Européia para reduzir em 50% o uso e o riscos de agroquímicos e o uso de agroquímicos considerados perigosos até 2030.

Além disso, a Comissão Européia implanta novas regras para o controle de pragas que garantiram que todos os agricultores e outros usuários profissionais pratiquem o manejo integrado dos agroquímicos.

As medidas tornam também obrigatório os registros para agricultores e outros usuários profissionais.

Além disso, os Estados membros deverão estabelecer normas específicas para os cultivos e identificar as alternativas ao uso de agroquímicos.

Outra novidade é a proibição total dos pesticidas em setores sensíveis, como as áreas verdes urbanas, incluindo parques e jardins públicos, zonas de esporte, escolas e centros desportivos, assim como as áreas protegidas da rede Natura 2000 e qualquer área ecologicamente sensível a ser preservada para manter os polinizadores.

A união por outra PAC, que engloba muitas organizações de agricultura ecológica, cultivo extensivo, ONGs e expertos em alimentação, celebrou a proposta da Comissão Europeia para reduzir em 50% o uso de praguicidas químicos em 2023.

Um exemplo para Mossoró

A Fyffes (a maior empresa de fruticultura do mundo) e sua subsidiária Grupo Sol em Honduras promovem a participação das comunidades locais em projetos de inversão comunitária relacionados com quatro importantes áreas que contribuem para o desenvolvimento sustentável: nutrição, mudanças climáticas, gênero e educação.

De acordo com os resultados da Avaliação das Necessidades da Comunidade realizado pela Fyffes em 2021, com a participação de 900 membros de 14 comunidades próximas da zona de Choluteca, foram propostos novos projetos locais de Responsabilidade Social Empresarial, entre eles:

  • Nutrição com Sabor de Melão: promove a doação de alimentos, assim como avaliação nutricional e segurança alimentar em duas escolas da zona;
  • Cultivo de Milho e Segurança Alimentar: promove a geração de recursos alternativos através da produção de milho;
  • Retorno Seguro à Sala de Aula: projeto de doação de equipamentos e capacitação para prevenir a COVID – 19 em 30 escolas que beneficia 6500 alunos
  • Brigadas Médicas Comunitárias: leva atenção médica às comunidades onde a Fyffes atua.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 19/06/2022 - 10:26h

Empresa Nolem, da ‘costela’ da Maisa à falência

Por Josivan Barbosa

No início dos anos 2000 surgia no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE a empresa agrícola NOLEM (melon em inglês – escrito do final para o início). O nascedouro dessa empresa coincide com o fechamento das atividades da maior empresa de agricultura irrigada do Semiárido na época, a MAISA.

Carroção de melão amarelo produzido na Fazenda Nova Califórnia, sede da Nolem (Foto: arquivo)

Carroção de melão amarelo produzido na Fazenda Nova Califórnia, sede da Nolem (Foto: arquivo)

A NOLEM surgiu de dentro da MAISA e aproveitou o que a MAISA tinha de mais nobre que era o mercado da Europa para a exportação de melão e melancia. Logo a NOLEM se tornou a maior empresa do setor e passou a atuar na região com fazendas no Ceará (Limoeiro do Norte, Quixeré, Russas e Aracati) e no Rio Grande do Norte, região da Grande MAISA.

A empresa desenvolvia as suas atividades com uma sede na Fazenda Nova Califórnia (cerca de 2500 ha) localizada ao lado da BR 304 em frente à MAISA.

Em Aracati a empresa explorava as terras da Fazenda Flamengo (cerca de 700 ha), localizada ao lado da BR 304, nas proximidades da divisa CE – RN (Comunidade de Cacimba Funda).

Em Quixeré – CE a empresa possuía uma excelente área para o cultivo de frutos tropicais, Fazenda Terra Nova, localizada em cima da Chapada do Apodi ao lado da sede da Del Mont Fresh Produce.

A empresa ainda explorava áreas no Distrito Irrigado Jaguaribe – Apodi (DIJA) e no Distrito Irrigado Tabuleiro de Russas (DISTAR).

A Nolem ainda chegou a explorar áreas em Upanema e em Grossos. A área em Grossos fica ao lado da RN Gangorra – Grossos, próximo à comunidade do Córrego. Era usada para plantio de melão em época de chuva em função dos solos arenosos.

A empresa ainda tinha negócios voltados para venda de insumos para a agricultura irrigada explorando uma empresa denominada Semear.

Proprietários da Nolem

A Nolem Comercial Importadora e Exportadora S/A foi fundada em 1997, mas só começou a plantar melão no início dos anos 2000. Era uma empresa de capital fechado por ações tendo uma grande multinacional como sócia e vários ex-diretores da antiga MAISA, inclusive, ex-proprietários da MAISA.

O processo de falência da empresa

O processo de pedido de recuperação judicial da Nolem Comercial Importadora e Exportadora S/A foi feito em agosto de 2009 e a negativa ocorreu em novembro de 2012 pela Justiça do Estado do Ceará, pois a sede estatutária da empresa era em Fortaleza, estabelecendo-se a Empresa Falida (Massa Falida Nolem).

A determinação pela Justiça do Estado do Ceará do leilão dos bens imóveis da Massa Falida da Nolem Comercial Importadora e Exportadora S/A ocorreu em agosto de 2021.

O Edital do leilão dos bens imóveis da empresa falida foi publicado em agosto de 2021, contendo os seguintes ativos:

– Dois imóveis rurais no município de Baraúna – RN;

– Complexo Nova Califórnia (Fazenda e equipamentos);

– Complexo Terra Nova (Fazenda e equipamentos);

– Fazenda Nova Semear

No total os bens acima foram avaliados em cerca de R$ 33 milhões, sendo que o leilão foi feito com o estabelecimento de venda pelo valor mínimo de 50%.

Durante o processo de alienação a primeira empresa a oferecer uma proposta de compra foi a Agrícola Famosa que já arrendava o complexo da Fazenda Nova Califórnia desde a desativação do uso pela Nolem.

A proposta da Agrícola Famosa foi adquirir o complexo da Fazenda Nova Califórnia pelo valor de R$ 11.279.423,4 em 25 parcelas mensais. A proposta foi apresentada oficialmente em julho de 2021.

Em novembro do mesmo ano a Agrícola Famosa desistiu oficialmente de adquirir a referida fazenda e ao mesmo oficializou o término do contrato de arrendamento.

Venda definitiva

A proposta que culminou na venda definitiva do complexo da Fazenda Nova Califórnia foi apresentada em dezembro de 2021 pela Oeste Fruit Ltda, a mais nova empresa de produção de frutos tropicais do Polo de Agricultura Irrigada que pertence a empresários locais e que têm demonstrado muita competência na condução do negócio rural. Os valores foram praticamente os mesmos apresentados na proposta da Agrícola Famosa com a correção da inflação do período.

O pagamento será feito praticamente à vista, pois o valor foi divido em apenas 07 pagamentos, sendo que o inicial é de 50%.

Esses recursos serão utilizados para pagar os débitos da Massa Falida, inclusive os trabalhistas, cujo valor total atualizado somente até 2012 ultrapassava R$ 22 milhões.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 12/06/2022 - 14:44h

Após quase 30 anos, terras da Agrícola Ariza ainda “rendem”

Ruínas da antiga Agrícola Ariza. A imagem do canto inferior direito é a Lagoa da Ariza que mesmo após o período de chuvas de 2022, bem acima da média, encontra-se seca. A última vez que encheu foi em 2011. As demais imagens são as ruínas das estruturas de apoio da fazenda (Fotos: Josivan Barbosa)

Ruínas da antiga Agrícola Ariza. A imagem do canto inferior direito é a Lagoa da Ariza que mesmo após o período de chuvas de 2022, bem acima da média, encontra-se seca. A última vez que encheu foi em 2011. As demais imagens são as ruínas das estruturas de apoio da fazenda (Fotos: Josivan Barbosa)

Por Josivan Barbosa

No início dos anos 90 a Agrícola Ariza era juntamente com a Mossoró Agroindustrial S/A (MAISA), Frunorte e Fazenda São João, uma das principais empresas produtoras e exportadoras de melão do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE.

A Agrícola Ariza possuía sua área produtiva numa fazenda de 900 ha situada nas proximidades da comunidade rural de Gravier em Icapuí – CE, distante 8 km da RN -013 (Mossoró – Tibau).

O acesso principal a empresa era  pela RN 013 na comunidade Córrego de Salsa. A empresa produzia cerca de 300 ha de melão por safra e possuía 10 engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas no quadro de servidores. A empresa usava como fonte de água uma lagoa que ocupava uma área de cerca de 20 Ha.

A empresa possuía uma boa infraestrutura de apoio, contando com packinghouse (casa de embalagem), galpão de máquinas e equipamentos, sistema moderno de irrigação, residências para os técnicos e escritórios administrativos e era dotada de modernos equipamentos e máquinas agrícolas.

A Ariza era instalada com sistemas modernos de irrigação e usava as tecnologias mais avançadas da região para a produção de melão. Naquela época já estava introduzindo novas variedades de melão, como o Galia, Cantaloupe, Charentais entre outros.

A empresa está entre muitas outras que fecharam as portas na década de 90 em decorrência de falhas na gestão do negócio rural.

As informações colhidas junto aos técnicos que trabalharam na Ariza são de que o fechamento da empresa se deu em decorrência do aumento da concentração de sais na lagoa (única fonte de água) ocasionada pela falta de chuvas. O alto teor de sais na água inviabilizou a produção de melão.

A empresa entrou em processo de litígio com o setor bancário e foi ocupada, na época, por 26 famílias. A maioria sendo de chefes de família, ex-funcionários da Ariza.

Agora

Após quase 30 anos de desativação da fazenda de 900 ha, duas áreas de ocupação denominadas de Ariza I e Ariza II (Vila Sossego) foram formadas.

Título de domínio, documento do Governo do Ceará (Reprodução: Josivan Barbosa)

Título de domínio, documento do Governo do Ceará (Reprodução: Josivan Barbosa)

Á área denominada de Ariza II foi ocupada mais recentemente (a partir de 2020) e as famílias estão construindo casas, mas ainda não residem no local. Não há qualquer documento oficial de regulamentação da ocupação.

Na Ariza I cada família recebeu um documento de domínio emitido pelo Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (IDACE ) com cerca de 25 ha para cada família que comprovou a ocupação (Veja documento anexo).

O documento oficial do Governo do Estado do Ceará denominado de Título de Domínio só passa a ter efeitos legais se registrado em cartório.

As informações colhidas no local de ocupação com o senhor possuidor do título de domínio (anexo) Manoel Menino do Santos é de que o proprietário da empresa entrou com um bloqueio no cartório local (Icapuí) impedindo o registro do Título de Domínio.

O CTARN (Centro Tecnológico do Negócio Rural – RN) da UFERSA vai atender as demandas dos pequenos produtores no sentido de viabilizar o uso das áreas que no momento encontra-se paradas.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 05/06/2022 - 08:40h

Estrada do Sal, um novo desafio e um caminho necessário

Por Josivan Barbosa

A Estrada do Sal, que foi objeto de audiência pública na Câmara Municipal de Serra do Mel no último mês de abril, é viável do ponto de vista econômico-social, pois trata-se de um trecho novo sem a necessidade de construção de pontes ou qualquer outro tipo de estrutura complementar.

É um trecho reto que liga vários assentamentos e vilas do projeto de reforma agrária Serra do Mel conforme descrito abaixo:

Estrada tem enorme potencial para fazer deslanchar economia regional que é múltipla em produtos e serviços (Reprodução Canal BCS)

Estrada tem enorme potencial para fazer deslanchar economia regional que é múltipla em produtos e serviços (Reprodução Canal BCS)

Trecho 1. Aproveitamento do acesso Vila Brasília – BR 110: Esse trecho compreende cerca de 23 Km que já está pavimentado e sem denominação.

Trecho 2: Vila Brasília – Vila Pernambuco (5 km): A Vila Pernambuco possui mais de 100 famílias, com produção de caju e melancia no período de chuvas. Há produção também de feijão no período de chuvas. A safra de caju é mais tardia. A partir de novembro. Há também produção de lenha a partir do cajueiro gigante.

Trecho 3: Vila Pernambuco – Vila Bahia (5 km): A Vila Bahia possui 59 famílias e apresenta as mesmas características de produção da Vila Pernambuco.

Trecho 4: A proposta é que a partir da Vila Bahia a estrada seja direcionada até PA Canto Comprido (Carnaubais – 8,84 km).

Trecho 5: Canto Comprido até o entroncamento com a Estrada do Camarão (7 km). Com a recuperação da Estrada do Camarão facilitaria o acesso até a RN 118 (Pendências). Nesse formato, a nova Estrada passaria a ser uma RN ligando a BR 110 até a Vila Brasília, em seguida a estrada se estenderia até a RN 404 e desta até a RN 118, conforme Figura mapa abaixo.

O formato apresentado na audiência pública representa uma distância aproximada de 27 km para ser pavimentada. Com o aproveitamento do acesso de 23 km até a BR-110, teríamos uma distância de 50 km até a RN 404.

Na configuração acima a estrada beneficiaria os municípios de Mossoró, Areia Branca, Carnaubais, Porto do Mangue, Macau e Pendências. Além, disso, a estrada passaria a ser uma ligação da BR 406 com a BR 110.

Benefícios complementares da nova RN 

A nova rodovia beneficiará as seguintes comunidades rurais: 

PA Planalto (11 km a partir da Vila Bahia): O projeto de assentamento possui 51 famílias com lotes de 25 ha, entretanto, poucos apresentam produção significativa, pois registra-se um certo esvaziamento na ocupação das residências. Normalmente os ocupantes apresentam atividades não rurais em Porto do Mangue e em Carnaubais.

PA Brilho do Sol (7 km a partir do PA Planalto): O PA Brilho do Sol I apresenta as mesmas características do PA Planalto com 64 famílias de 17 hectares.

A rodovia ainda beneficiará a Vila Tocantins e os PAs Carajás e Brilho do Sol II.

Energias eólicas e solar

A construção dessa estrada beneficia ainda as comunidades rurais dos assentamentos Carajás e Brilho do Sol II e da vila rural do projeto da Serra do Mel Tocantins.

Todos as vilas e PA acima descritos são locais que ainda poderão se beneficiar de futuros parques eólicos, cuja realidade sócio-econômica da população beneficiada na Serra do Mel é muito diferente de quando a população tinha como rendimento apenas a cultura do cajueiro.

Outro aspecto importante é que a região cortada pela estrada poderá abrigar vários parques de energia foto voltaica (solar).

Benefícios para a indústria salineira

Atualmente a denominação de Estrada do Sal é justificada pois já existe   transporte de sal em caminhões, carretas e caçambas provenientes das salinas de Porto do Mangue, Macau e Pendências via estradas carroçáveis da Serra do Mel e municípios vizinhos com destino às refinarias de sal instaladas em Mossoró. Apesar de carroçáveis, as estradas não são susceptíveis à desgaste na época chuvosa em função de se tratar de terrenos bastante arenosos.

Cajarana

Diante do quadro de chuvas regulares dos últimos cinco anos, as árvores nativas de cajarana e aquelas cultivadas estão ganhando muita importância para o pequeno produtor, principalmente, no aproveitamento do produto para a fabricação de polpa.

Produto começa a ficar muito atraente ao mercado (Foto ilustrativa)

Produto começa a ficar muito atraente ao mercado (Foto ilustrativa)

As indústrias de polpa estão comprando o fruto no valor variando de R$ 1,00 a R$ 1,50 por quilo com entrega direta na indústria.

Quando o produtor investe e equipamentos para fabricação da polpa, consegue agregar valor e vender o quilo na faixa de R$ 5,00.

Em ambos os casos, há um avanço no sentido de reduzir as perdas pós-colheita que em alguns locais chegava a praticamente 100%.

O valor do produto no mercado regional está servindo de incentivo para que o produtor possa instalar pequenos pomares de cajarana com material genético mais selecionado e mais precoce.

Uma planta de cajarana adulta pode fornecer por safra cerca de 500 kg de fruto. Um rendimento muito elevado quando comparado com outros tipos de frutos cultivados no Semiárido.

Um bom exemplo do aproveitamento da cajarana no Semiárido está acontecendo no PA Pitomba em Governador Dix-Sept Rosado, umas das maiores áreas produtoras de cajarana da região. Os pequenos produtores firmaram parceria com uma grande fábrica de polpa para fornecer o produto. A prefeitura municipal fornece o transporte para a entrega o quilo chega a R$ 1,00 – com aproveitamento da mão-de-obra familiar.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 29/05/2022 - 09:50h

O projeto de irrigação Santa Cruz do Apodi e o descaso público

Por Josivan Barbosa

Nessa última semana fomos até à comunidade rural de São Lourencinho – Apodi onde está instalada a futura casa de bombas e o piscinão do Projeto de Irrigação Santa Cruz do Apodi.

As obras do projeto estão paradas desde 2015 e o local está servindo de depósito de máquinas, ferramentas, veículos e demais equipamentos que foram usados na obra no período 2011-2015. Há apenas um posto de vigilância funcionando no local e o acesso principal ao projeto foi interrompido com a construção de cercas.

Barragem de Santa Cruz em registro do início de dezembro de 2020 (Foto: Josemário Alves)

Barragem de Santa Cruz em registro do início de dezembro de 2020 (Foto: Josemário Alves)

A empresa que era responsável pela obra ainda usa o local e é muito nítido que pretende retornar à atividade, pois alguns equipamentos são compartilhados com a obra da Barragem de Oiticica em Jucurutu.

No projeto encontram-se grandes volumes de dutos da futura adutora que alimentaria o canal principal.

As obras de alvenaria do canal e da casa de bomba já demonstram sérias avarias, principalmente nas ferragens que estão expostas. Há, também, sérios problemas de erosão no sistema de drenagem.

As imagens do local são assustadoras no tocante ao desperdício de recursos públicos. E o pior, por incrível que pareça, é o silêncio dos 11 representantes do Estado em Brasília. Não se tem notícia de que algum parlamentar ou senador buscou apoio do Ministério do Desenvolvimento Regional para a retomada das obras de tão importante projeto para o Médio Oeste do Rio Grande do Norte.

O ex-ministro Rogério Marinho (PL) passou várias vezes muito perto do projeto, pois encontra-se perpendicular à BR 405, caminho para o projeto de construção do ramal da transposição para o Rio Apodi-Mossoró e para o projeto do ramal do Salgado.

Números do projeto

Segundo levantamento mais recente, a distribuição dos lotes no perímetro irrigado ficará da seguinte maneira.

Lotes Pequeno Produtor: 207 lotes de aproximadamente 8 hectares.

Lotes destinados para Técnico Agrícola: 51 lotes de 17 hectares.

Lotes destinados para Engenheiro Agrônomo: 18 lotes de aproximadamente 26 hectares.

Lotes Empresa: 29 lotes de aproximadamente 64 hectares. Serão destinados a pessoas jurídicas, no caso, empresas do agronegócio, ou cooperativas que apresentem concorrência. Também será feita uma espécie de licitação para selecionar as organizações participantes.

Lotes Assentamento: Estes lotes foram acrescentados nos modelos mais recentes do projeto, eles são para uso dos assentamentos que circundam o projeto, e um deles é destinado para pesquisas feitas por instituições de ensino da região. Seus tamanhos variam de acordo com a população da comunidade a que se destinam, dispostos desta forma:

  • Escola Agrícola – 47 hectares;
  • Vila Nova e Soledade – 211 hectares;
  • Milagres – 140 hectares;
  • Aurora da Serra – 261 hectares;
  • Moaci Lucena – 194 hectares;
  • Paraíso – 117 hectares;
  • Laje do Meio – 104 hectares.

Paralisação do projeto

Segundo o relatório do acompanhamento mensal de obras do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS), de janeiro de 2022, a obra se encontra com 24,47 % concluída e está paralisada desde 2015. O relatório aponta que a atual paralisação se deve a recursos insuficientes por parte do governo federal.

Área de lazer da Barragem de Santa Cruz do Apodi

Outro exemplo muito negativo do uso de recursos públicos pode ser constatado à jusante da Barragem de Santa Cruz, naquilo que seria o projeto da área de lazer da referida barragem. As instalações estão abandonadas há mais de 10 anos. Estima-se que, a preços de hoje, mais de R$ 1 milhão foram investidos no local.

Hoje, alguns dos restaurantes estão ocupados por famílias que se abrigam e se dizem donas do local. É lamentável que os recursos públicos do Governo Estadual tenham aquele destino.

As informações são de que a associação que representa os barraqueiros que exploram o espaço à jusante da barragem não concorda com as características do empreendimento e que a Prefeitura Municipal de Apodi e o Governo do Estado ainda não conseguiram equacionar o problema.

As instalações estão deterioradas e muita coisa precisa ser refeita. A retomada desse projeto deveria ser uma prioridade da Secretaria Estadual de Turismo e do Governo do Estado.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 15/05/2022 - 12:20h

Negócio rural e o ser humano como grande investimento social

Por Josivan Barbosa

O comércio mundial de frutos tem um verdadeiro impacto nas comunidades e nas crianças, além da geração de postos de trabalho. Isto pode ser visto no exemplo do Peru onde os produtores levam a sério as suas responsabilidades sociais.

Hortifruti Peru (Nuevo Chao e Valle de Dios) trabalha com 600 crianças no Programa Anemia Zero (Foto: reprodução)

Hortifruti Peru (Nuevo Chao e Valle de Dios) trabalha com 600 crianças no Programa Anemia Zero (Foto: reprodução)

Eles organizam programas de impacto social destinados a melhoras as comunidades desde as crianças e idade pré-escolar e escolar até os adultos em comunidades rurais às vezes remotas.

Os trabalhos são realizados com a participação da Associação para o Desenvolvimento Agropecuário Sustentável (ADAS). É uma associação de empresas agrícolas que buscam influenciar na comunidade através de um trabalho conjunto entre a população, o Estado e as empresas privadas. Vejamos abaixo as principais atividades que pelas características das comunidades rurais do Semiárido poderiam também ser aplicadas pelas nossas empresas exportadoras de frutos tropicais.

  • Agropecuária Don Ricardo (Ica – Peru) – trabalha com 250 crianças (3 – 5 anos) espetáculos infantis para fomentar as práticas de bioseguridade e hábitos saudáveis.
  • Hortifruti Peru (Nuevo Chao e Valle de Dios) – trabalha com 600 crianças no Programa Anemia Zero.
  • Camposol – Programa Anemia Zero e oficinas para crianças
  • Grupo Cerro Prieto – Programa Anemia Zero
  • Complexo Agroindustrial S.A. – serviços médicos em geral: odontologia, obstetrícia, psicologia e nutrição em diferentes comunidades.

Exportação de castanha de caju para a China

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) realizou na última quinta-feira uma importante webinar sobre a exportação de castanhas para a China. O evento foi realizado pelo escritório da APEX – Brasil na China e teve a participação de algumas empresas interessadas no negócio.

A castanha de um modo geral é um produto muito desejado pelos chineses e o mercado está em evolução, principalmente porque a Covid – 19 impulsionou o consumo de produtos naturais e saudáveis. A castanha de caju está entre os 10 principais tipos de castanha demandados pela China.

No período 2000-2020 houve um considerável aumento na importação de castanha pela China. O Brasil está em vigésimo lugar na exportação de castanhas para o mercado chinês.

O impacto dos preços dos adubos no negócio do melão

Após ultrapassar com muita dificuldade o aumento dos custos de produção de melão e melancia  em função da pandemia, dos preços dos fretes marítimos  e das embalagens, agora o produtor desses frutos do Polo de Agricultura Irrigada RN –  CE, principal região produtora e exportadora de melão e melancia do país, vive o desafio do aumento dos custos de produção devido ao aumento dos preços dos adubos, que na sua maioria é adquirida no mercado internacional.

Os reflexos da nova alta das cotações de nitrogenados, fosfatados e potássicos em 2022, que já tinham subido de 100% a 200% no ano passado, começam a ganhar contornos concretos no dia a dia do campo em um momento importante da temporada. No segundo trimestre, há concentração de compras de insumos, agora tendo em vista a safra 2022/23.

O Brasil comprou 8% menos de fertilizantes químicos do que no intervalo de janeiro a março de 2021 e gastou 109% mais, segundo dados da Secex.

O aumento de preços dos adubos, forçará o produtor de melão e melancia na safra 2022/23 a buscar alternativas para manter a produtividade por hectare e a margem de seus negócios. Uma saída para amenizar o impacto dos preços tem sido escolher nutrientes com menos tecnologia embarcada. Se o produtor usava uma fórmula ‘premium’, ele escolhe agora uma menos concentrada.

Biocombustíveis

Produtores de biocombustíveis, como etanol e biodiesel, temem que o novo ministro de Minas e Energia (MME), Adolfo Sachsida, use a Pasta para avançar na proposta de redução de mistura de bicombustíveis aos fósseis para controlar a alta dos combustíveis aos motoristas.

Desde que os preços dos combustíveis começaram a subir e a pressionar a inflação, o Ministério da Economia vem defendendo a redução das misturas.

Os produtores argumentam que o Brasil poderia reduzir sua dependência de importação de diesel fóssil, que hoje é de 25%, com a elevação da mistura de biodiesel, o que também garantiria geração de empregos e aumento das compras de matéria-prima de cerca de 70 mil agricultores familiares pelo programa do Selo Biocombustível Social.

Outro justificativa apresentada pelos produtores é que o biodiesel pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 90% em comparação com as do diesel e diminuir a emissão de particulados, atenuando problemas respiratórios. Para cada ponto percentual de aumento da mistura de biodiesel, o benefício para a sociedade sobe R$ 30 bilhões ao ano, considerando externalidades de saúde, emprego, tributos e o PIB.

Serra do Mel

O vizinho município de Serra do Mel após vivenciar uma verdadeira revolução com os parques eólicos, agora poderá aproveitar melhor suas áreas e negociar a instalação de parques híbridos (eólica e solar). Os parques híbridos maximizam o rendimento das áreas de terra, pois o vento é melhor aproveitado a noite.

Energia Eólica offshore

O Rio Grande do Norte ainda vai esperar um pouco para o desenvolvimento da energia eólica offshore (mar). O país ainda possui grandes áreas de terra, o que não acontece em outros países, e potencial para usinas onshore.

A fonte pode fazer sentido no futuro, mas o ideal seria deixar que outros países avancem no desenvolvimento da fonte offshore, até para reduzir custos de implantação. Neste momento, não faz sentido investir, no Brasil, em uma tecnologia que é mais cara.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 08/05/2022 - 12:38h

Negócio rural brasileiro assume protagonismo econômico

Por Josivan Barbosa

O avanço da competência internacional do negócio rural brasileiro atingiu uma escala tão significativa, que nos últimos anos tem contribuído decisivamente para o PIB e para o equilíbrio da balança comercial.

Setor tem impulsionado economia brasileira mesmo em período de crise (Foto: web)

Setor tem impulsionado economia brasileira mesmo em período de crise (Foto: web)

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil chegou a R$ 8,7 trilhões em 2021. O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cresceu 8,36% em 2021, a despeito dos efeitos adversos do clima sobre as safras agrícolas. Com isso, o setor alcançou participação de 27,4% no PIB brasileiro, a maior desde 2004 (quando foi de 27,53%).

Em 2021, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) atingiu R$ 1,129 trilhão, 10,1% acima do valor alcançado em 2020 (R$ 1,025 trilhão). De acordo com levantamento da Secretaria de Política Agrícola do Mapa, as lavouras somaram R$ 768,4 bilhões, o equivalente a 68% do VBP e crescimento de 12,7% na comparação com 2020; e a pecuária, R$ 360,8 bilhões (32% do VBP) e alta de 4,9%. 

Produção de frutas – últimos números 

Segundo os últimos dados publicados pela FAO, a China continua liderando a produção mundial de frutos e hortaliças com um volume em 2020 de mais de 709 milhões de toneladas.

A produção hortofrutícola da China representou 38% do total mundial em 2020, correspondendo a 479 milhões de toneladas de hortaliças , com a batata sendo a mais produzida naquele país asiático (78 milhões de toneladas). Os frutos superaram 232 milhões de toneladas, sendo a melancia o fruto mais produzido (60 milhões de toneladas).

A China é seguida de longe pela Índia, com 208 milhões de toneladas, representando 11% do total mundial, sendo 119 milhões de toneladas de hortaliças e 88 milhões de toneladas de frutos. O terceiro lugar nos dados da FAO é representado pelos EUA com 66,5 milhões de toneladas, 4% do total (43 milhões de toneladas de hortaliças e 23 milhões de toneladas de frutos).

O quarto produtor mundial de frutas e hortaliças em 2020 foi a Turquia com 52 milhões de toneladas e o quinto o Brasil com 45 milhões de toneladas. Ambos os países ocupavam as mesmas posições em 2019.

O sexto produtor mundial em 2020 foi o México com 36 milhões de toneladas e o sétimo foi a Rússia com 35,6 milhões de toneladas. A Espanha ocupou o oitavo lugar, a mesma posição de 2019, com 32 milhões de toneladas.

Diversificação da produção de frutos no Semiárido

Entre as oportunidades que o produtor tem no Semiárido para diversificar a produção de frutos, a pitaya tem sido uma cultura que aos poucos está avançando no Semiárido em área cultivada. Em recente visita ao Distrito Irrigado Jaguaribe-Apodi (DIJA) pudemos constatar in loco o cultivo de diversas novas áreas, sendo que apenas um produtor já possui cerca de 50 Ha e outro com 30 ha.

Outro fruto que está sendo testado no nosso Semiárido (Polo de Agricultura Irrigada RN – CE) é o figo. Nos municípios de Russas, Quixeré, Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte já têm áreas implantadas com essa cultura que tem se mostrado bastante produtivo nas nossas condições climáticas.

Um terceiro fruto que o produtor do Semiárido tem usado para diversificar a produção tem sido a atemoia (híbrido de pinha com cherimoia). Trata-se de um fruto de excelente qualidade e tem mostrado excelente adaptação na região Semiárida. Um produtor do DIJA tem uma área de cinco hectares e, em função da boa produtividade, já pensa em ampliar a área.

Mercado de frutos exóticos

O produtor tem usado preferencialmente o mercado da Grande Fortaleza e de São Paulo. Mas, esses tipos de frutos são altamente desejados na Europa.

A exemplo do Mamão Formosa que é exportado por via aérea, os frutos exóticos podem perfeitamente seguir a mesma logística. O valor elevado do frete aéreo pode ser justificado pelo preço que esses frutos atingem no mercado Europeu. Um bom exemplo é a pitaya que avança na aceitação em diversos países da Europa.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 01/05/2022 - 11:34h

O sabor do êxito na produção e exportação de manga do semiárido

Por Josivan Barbosa

A produção de manga no Submédio do Vale do São Francisco já ultrapassa 50 mil hectares. A região do Submédio do São Francisco possui uma área irrigada de 120 mil hectares de um total irrigável de 360 mil hectares. A região tem muitas vantagens para a produção de frutos tropicais entre elas: 3000 h sol/ano e precipitação média de 450 mm/ano, o que permite mais de 2 safras de manga/ano, dependendo da cultivar utilizada pelo produtor.

Produto tem grande aceitação externa e é exportado principalmente por via marítima (Foto ilustrativa)

Produto tem grande aceitação externa e é exportado principalmente por via marítima (Foto ilustrativa)

Em média, as áreas produtoras de manga do Submédio do Vale do São Francisco estão distantes 930 km do Porto do Pecém, 500 km do Porto de Salvador (principal porto usado na logística de exportação), 700 km dos Portos de Recife e 900 km do Porto de Natal (usados esporadicamente). O Porto de Recife não é adaptado para a exportação de frutos e o de Natal, apesar de ser muito bom, é distante.

O principal modal de exportação da manga é o marítimo (92%), sendo o aéreo e o rodoviário em torno de 4% cada um.

Atualmente, o transporte de carga no Aeroporto de Petrolina está suspenso desde que iniciou-se a pandemia Covid 19.

Área cultivada

A Valexport trabalha com a estimativa de 51 mil hectares sendo 21 mil hectares cultivados nos perímetros irrigados e 30 mil hectares fora dos perímetros irrigados. Bem acima da área cultivada com uva que é em torno de 14 mil hectares.

Os perímetros irrigados instalados naquela região do Semiárido a partir de 1970 são: Bebedouro, Tourão (Juazeiro), Nilo Coelho, Maniçoba, Curaçá, Maria Tereza (ampliação do Nilo Coelho), Salitre (Rio Salitre, afluente do São Francisco), Pontal (em início de operação) e os perímetros de áreas de assentamentos (Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Belém do São Francisco), além das áreas irrigadas de Sobradinho (lotes de 6 ha).

Certificação

Os principais sistemas de certificação adotados são: PIF, Global GAP, USA GAP, Fair Trade, Tesko/Marckspenser e Rainforest Aliance. Este último é o mais importante e o primeiro que é o brasileiro, praticamente nenhum país aceita.

A CEE (Comunidade Econômica Europeia) permite apenas o uso de até 3 agroquímicos e com apenas 1/3 do LMR da legislação Europeia.

A mosca-das-frutas (ceratis capitata) é a principal praga da fruticultura na região.

Exportação e empregos

O principal destino de exportação da manga do Submédio do Vale do São Francisco é a Europa (120 toneladas/ano) e o segundo destino é os EUA. A exportação de manga rendeu no ano passado para o país U$ 224 milhões. Se somado o valor da uva chega a U$ 376 milhões.

Em 2021 a região do Submédio do Vale do São Francisco que, também, é denominada de RIDE (Região Integrada de Desenvolvimento Econômico) exportou 245 mil toneladas de manga.

A Agrodan é a principal empresa exportadora.

O setor gera 250 mil empregos diretos e quase 1 milhão de empregos diretos e indiretos.

A organização da exportação, a política do setor e a responsabilidade da certificação sanitária fica a cargo da Valexport que assume o ônus de todo o setor frutícola do Submédio do Vale do São Francisco.

Variedades

A Tommy Atkins e a Palmer são as principais variedades de manga cultivadas no Submédio do Vale do São Francisco. A Tommy Atkins é muito conhecida no mercado nacional e tem uma vida útil pós-colheita boa, mas é fibrosa. A Palmer é mais saborosa, menos fibrosa, mas o ciclo produtivo é de 180 dias e a Tommy Atkins é de apenas 120 dias. A Palmer é de fácil indução floral, produz 12 meses por ano, mas apresenta uma vida útil pós-colheita menor do que a Tommy Atkins. A Palmer apresenta boa produtividade (50 toneladas/ha).

A produção é mais concentrada no segundo semestre (70%) e 30% no primeiro semestre. A temperatura baixa a partir de maio favorece a floração.

As variedades Kent e Keitt são saborosas, pouco fibrosas e são muito aceitas na Europa.

A manga Ataulfo (doce e sem fibra), bastante conhecida no México, não tem apresentado boa produtividade. Média de 8 toneladas/ha.

Transporte e mercado

O transporte aéreo é usado apenas para a Ásia (Japão e Coréia do Sul). O transporte marítimo é usado para a Europa, EUA e África do Sul. A manga é transportada em contêiner refrigerado (10 graus).

A Valexport contratou a consultoria da Mango Board para ampliar a divulgação da manga do Submédio do Vale do São Francisco nos EUA.

Os principais mercados são: Mercado Comum Europeu (ME), Norte Americano (EUA e Canadá). O Canadá não tem exigências fitossanitárias a exemplo da Europa. O produto ainda é exportado para a Ásia (Japão e Coréia do Sul), África (África do Sul), Mercosul (Argentina e Uruguai) e Chile.

O mercado americano representa uma janela de exportação (setembro a outubro) em função da competição com a manga peruana. O Peru tem 72 plantas (packinghouses adaptados para tratamento hidrotérmico da manga) de exportação de manga enquanto que o Brasil tem apenas 12 (11 no Submédio do Vale do São Francisco e uma no Rio Grande do Norte – Finoagro em Ipanguassu).

A exportação de manga é apoiada pela instrução normativa 12 de 2010 do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 24/04/2022 - 06:40h

Mais uma história de sacrifício e esperança no campo

Por Josivan Barbosa

Neste ano temos a experiência de acompanhar de perto um pequeno agricultor que criava caprinos e ovinos e que pelas condições de segurança pública, acabou obrigado a vender todo o plantel. Assim, teve que reprogramar a utilização de uma pequena área de cerca de 35 hectares, localizada na comunidade rural de Rancho da Velha, em Governador Dix-Sept Rosado.

O que inicialmente poderia ser uma grande vantagem do ponto de vista de infraestrutura, a construção da BR-110 passou a ser mais um problema para os criadores daquele local. O acesso fácil aumentou o fluxo de pessoas motorizadas e o furto de animais passou a ser a regra ao invés da exceção.

Após inúmeras ocorrências de furto de animais, o pequeno produtor resolveu fazer a opção por instalar um pequeno projeto de criação de suínos. A primeira grande dificuldade foi o capital para investir na construção das instalações. Sem acesso ao financiamento, pois não possui o título da posse da propriedade, se viu obrigado a usar o cartão de crédito para comprar madeira, telhas, tijolos, e demais materiais para a referida construção.

Pagou juros acima de dois dígitos no comércio local. Após 12 meses de muito trabalho, sem contratar mão-de-obra extra, apenas com a mão-de-obra familiar conseguiu levantar as paredes e cobrir a pocilga.

Pocilga levantada com muito sacrifício, pelas mãos de um trabalhador, que segue com esperança (Foto: Idson Joatan)

Pocilga levantada com muito sacrifício, pelas mãos de um trabalhador, que segue com esperança (Foto: Idson Joatan)

Plantio de milho

Como em 2021 o preço do milho esteve muito alto, o produtor compreendeu que a única maneira viável seria cultivar o próprio milho que precisaria usar como fonte de energia para os suínos.

A primeira grande dificuldade foi adquirir a semente. Um quilo de semente de milho híbrido de qualidade superior vendido na região chega a ser 10 vezes o valor da semente comum. O produtor conseguiu tomar dinheiro emprestado para comprar a semente híbrida, como forma de otimizar o seu negócio e melhorar o rendimento da cultura.

De cara, foi obrigado a esperar que o período de chuvas se estabilizasse para colocar a semente no campo. Aí veio outro grande problema: o preço do óleo diesel quase que inviabiliza totalmente o preparo do solo para o plantio, o que provocou atraso em mais de duas semanas após a retomada das chuvas. Se tivesse colocado as sementes no campo no início de fevereiro, teria certamente perdido, pois o veranico de três semanas naquele mês não é viável para o milho híbrido.

Agora, o pequeno produtor vive outro drama, que é a compra de óleo diesel para a limpeza de ervas daninhas e a compra de agroquímicos para o controle das pragas e doenças.

Rendimento do milho

Mesmo diante de tantas dificuldades, o pequeno agricultor vive a expectativa de, pela primeira vez, conseguir uma boa produtividade com o milho híbrido. Mas, toda noite reza para que a chuva continue, pois apesar de ser bem mais produtivo, o milho híbrido é mais susceptível aos veranicos do que a semente comum. É torcer para que a chuva continue a cair no mês atual e, pelo menos, mais 30 dias de abril.

Trabalho sem renda

Durante todo esse período uma outra grande dificuldade tem sido sobreviver juntamente com a família sem uma renda da terra, pois os recursos oriundos da venda do plantel de caprinos e ovinos há tempo que exauriram. A única saída é deixar o sítio e conseguir serviço extra junto aos produtores vizinhos, como recuperação de cercas, enchimento de silos, limpeza de instalações, etc.

Nisso, o produtor deixar de cuidar da sua própria área com o olho do dono para conseguir o sustento da família. Como a frequência desse tipo de serviço não é boa, o produtor se viu obrigado a vender o único veículo que servia à família, uma moto CG 1995 no valor de R$ 1800,00, com IPVA atrasado há mais de 15 anos.

Qualificação em vez de indicação política

No setor público, os cargos comissionados de chefia costumam ser preenchidos por indicação política. Mas uma iniciativa vinda do setor privado pretende incentivar em todo o país a seleção baseada nas qualificações profissionais. Esse modelo já foi apresentado a sete Estados e adotado em Minas Gerais, Sergipe e outros Estados.

O Instituto Gesto, com o apoio da parceria Vamos, que reúne a Fundação Lemann, o Instituto Humanize e a República.org, desenvolveu esse processo seletivo de lideranças no setor público em parceria com os Estados.

Clarissa Malinverni, gestora de projetos da Fundação Lemann, diz que foram avaliados casos internacionais de contratação no setor público, como do Reino Unido e do Canadá, para se chegar a um formato para o Brasil.

“O Vamos ajuda o governo a montar o processo seletivo. Até o fim do ano passado, 644 pessoas foram contratadas para cargos comissionados por esse formato”, conta Lucas Cardoso Santos, coordenador de gente e cultura do Instituto Gesto. Ele acrescenta que o Ceará acaba de adotar esse processo seletivo para a escolha de secretários executivos.

Luísa Barreto, secretária de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (Foto: R7)

Luísa Barreto, secretária de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (Foto: R7)

“Vejo uma grande oportunidade de avançar em políticas de liderança em 2023, com a troca de governantes. Os governos deveriam estabelecer um plano de metas e resultados, atrelado a um sistema de gestão de lideranças mais transparente”, defende Clarissa.

Em Minas Gerais, o programa foi lançado em março de 2019, como Transforma Minas. Na seleção é feita análise do currículo, de diplomas, pesquisa para traçar o perfil dos candidatos e entrevistas de seleção. Os aprovados passam por treinamento para desenvolvimento de lideranças.

Luísa Barreto, secretária de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, diz que o programa abrange as secretarias de Desenvolvimento Social, Educação, Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Saúde, além dos órgãos autônomos. Desde o início do programa, foram feitos 223 processos seletivos e 215 nomeações. Neste ano, há seis processos em andamento

“É um processo de seleção mais complexo, mas faz toda a diferença. Dá para perceber com clareza que esse processo traz gestores com uma qualificação maior. E traz impessoalidade, que é um dos princípios da gestão pública”, afirmou Barreto.

Thais Alexandrino, ouvidora de fazenda, licitações e patrimônio público de Minas Gerais, já era servidora do Estado desde 2002, e trabalhava como assessora de diretoria. Alexandrino é formada em direito, mestre em ciências jurídico-políticas e doutoranda em direito público. Em 2021 participou do processo de seleção para a Ouvidoria. “Acho uma inovação muito positiva. Exerço funções ligadas à minha área de formação”, disse Alexandrino.

Joyce Petrus, superintendente de avaliação educacional da Secretaria de Educação de Minas Gerais desde novembro de 2020, também foi selecionada pelo Transforma Minas. Mas ela atuava no setor privado, em uma consultoria. Petrus é formada em estatística, com especialização em gestão da informação e do conhecimento, mestrado e doutorado em educação. “O programa inova ao trazer pessoas com experiência e com a energia do setor privado para o setor público. Tive dificuldade para fazer com que todos entrassem no mesmo ritmo, para ter um resultado mais assertivo. Mas a mudança foi bem aceita”, diz Petrus.

Em 29 de dezembro de 2021, o governo de Minas Gerais publicou o decreto 48.330, que tornou o modelo de seleção parte da política de Estado. “O objetivo é perenizar essa prática”, afirma Barreto.

Sergipe também adotou em 2019 novas regras para a seleção de diretores de escolas e diretores regionais de ensino. Em janeiro deste ano, as regras foram estabelecidas em lei estadual. “O governador [Belivaldo Chagas, PSD] foi secretário de educação do Estado e sabe como dificultava na gestão da educação as práticas convencionais de escolha de diretores”, afirma o secretário de educação de Sergipe, Josué Modesto Subrinho.

A seleção inclui análise de currículo, apresentação de propostas para melhorar os indicadores educacionais da região e análise do candidato por uma banca. Só professores da rede estadual podem participar. Os professores aprovados na seleção recebem cursos de formação continuada em gestão pedagógica, gestão administrativa e financeira.

Já passaram por esse processo 320 diretores de todas as escolas estaduais e os dez diretores regionais de educação. “As pessoas entenderam que a velha prática de escolher diretores a partir de ligações políticas não tem volta”, afirma Subrinho. Sergipe fez dois processos seletivos.

Jucileide da Silva Lima, gestora da Escola Estadual Coronel Maynard Gomes, em Porto da Folha (SE), foi uma das professoras que participaram da seleção feita em 2019.

Ela já trabalhava no Estado desde 2015. “A apresentação do projeto dá um norte para o gestor. Traçamos metas anuais e acompanhamos o que foi feito e o que falta”, diz Lima.

*Fonte: Por Cibelle Bouças – Valor Econômico

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 03/04/2022 - 14:22h

A terra do caju no Rio Grande do Norte

Por Josivan Barbosa

No sábado (26) visitamos a microrregião produtora de caju polarizada pelo município de Severiano Melo, incluindo a parte de terrenos de tabuleiros dos municípios de Apodi, Itaú, Rodolfo Fernandes, Potiretama, Alto Santo e Tabuleiro do Norte. Nessa área temos as melhores práticas de cultivo do cajueiro do Semiárido.

Produção diferenciada no município (Foto ilustrativa)

Produção diferenciada no município (Foto ilustrativa)

Ali se produz com o uso de tecnologia avançada, indo desde a escolha do solo, passando pela seleção dos clones adaptados às condições locais até o uso de práticas culturais e identificação dos canais de comercialização. É nítido como os produtores locais conseguem bons rendimentos com a cultura do cajueiro para a produção de castanha e caju a ser vendido como fruto fresco (in natura).

Os cajucultores produzem as próprias mudas, mas há também disponível um viveiro de mudas conduzido em parceria com a EMBRAPA Agroindústria Tropical (antigo Centro Nacional de Pesquisa do Caju) e certificado pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Em geral, os produtores direcionam a produção do cajueiro para castanha ou pseudo- fruto (maçã). Dependendo do direcionamento, o produtor adota variedades (clones) com a devida aptidão, como forma de melhorar o rendimento da cultura.

Os principais canais de comercialização da castanha são as agroindústrias locais que aos poucos estão sentindo a necessidade de incrementar as parcerias com o produtor, pois nas duas últimas décadas várias dessas empresas fecharam as portas devido a falta do produto no mercado regional e às dificuldades de importar a castanha da Índia, o principal produtor mundial.

A produção do pseudo-fruto é comercializada junto às agroindústrias de polpa de fruto e de fabricação de suco. Neste caso, já há muita exigência em relação à qualidade do produto que a indústria quer receber do produtor. A coloração da polpa e a pureza do produto (isento de material estranho, por exemplo areia) são requisitos básicos. Isso faz com que o produtor passe a adotar novas tecnologias em relação a produção de polpa de qualidade para atender ao mercado mais exigente.

Há, também, os produtores que aos poucos estão produzindo para atingir o mercado de frutos frescos (consumo in natura). Ainda é um mercado muito limitado, mas o produto atinge um valor bem superior quando comparado com o preço do fruto que é destinado ao mercado de polpa e suco.

O produtor que trabalha direcionado para a venda de caju in natura precisa se conscientizar que o principal fator que interfere na aceitação do produto pelo consumidor é a sua qualidade quando chega nas prateleiras dos supermercados. O produto precisa ter coloração adequada e aparentar o frescor característico de fruto fresco, o que exige tecnologia de pré e pós-colheita adequadas.

Variedades (clones)

Depois de cerca de 40 anos de pesquisa envolvendo clones de cajueiro, a EMBRAPA tem excelentes materiais à disposição do produtor. Os principais clones plantados na região de Severiano Melo são: CCP 076 (caju de mesa), Embrapa 51 (castanha), Faga 11 (castanha) e BRS 226 (mesa e castanha).

Mão-de-obra

Diferentemente dos trabalhadores da cultura do melão que se deslocam até 200 km para as regiões produtoras, a mão-de-obra da cajucultura é local e melhor remunerada, pois trabalham por produtividade (kg de castanha colhido), chegando a faturar, em média, cerca de 1,5 salário-mínimo por mês. Outra especificidade é que o colhedor de castanha trabalha em horário diferenciado começando nas horas mais frias da manhã.

Nível tecnológico

O nível tecnológico da cajucultura na região polarizada por Severiano Melo está acima da média daquele que é praticado em outras regiões do Semiárido, como por exemplo a Serra do Mel.

A principal razão é que há empresários em Severiano Melo e região circunvizinha que chegam a ter áreas com mais de 1000 ha com nível tecnológico elevado, usando até adubação foliar de última geração. Outro aspecto importante é que praticamente não há mais o cultivo de cajueiro gigante (pouco produtivo), ao contrário da Serra do Mel onde ainda há muito cajueiro gigante.

Comercialização do fruto fresco

Em Severiano Melo visitamos o produtor Naelson Melo que possui uma área de mais de 500 ha, sendo o principal produtor de caju destinado ao consumo in natura (fruto fresco). Ele destina o produto para um nicho de mercado do interior da Paraíba, indo desde Cajazeiras até Campina Grande. Aos poucos o seu produto está conseguindo conquistar mais espaço como fruto fresco.

No ano passado o produtor chegou a vender o produto para o Estado de Goiás, sendo transportado em caminhão refrigerado.

O produtor trabalha com o projeto de instalar um packinghouse (casa de embalagem) moderno, com câmaras frigoríficas o que pode facilitar a colocação do produto no mercado do Sudeste.

Consultoria

A nossa visita foi viabilizada pelo consultor em Cajucultura e secretário de Agricultura do município de Severiano Melo, o engenheiro agrônomo Alfredo Melo. Ele conhece em detalhes toda a tecnologia usada na região para o cultivo de qualidade.

Novas tecnologias

A produção do caju de mesa exige cuidados especiais na identificação do estádio de maturação ideal para que o fruto tenha o flavor agradável e a textura que prolongue ao máximo a sua vida útil pós-colheita. Há, também, necessidade de se trabalhar com espaçamento diferenciado e com tratos culturais de poda específicos, pois o produto deve sempre está ao alcance do operário de campo na operação de colheita.

Outro aspecto importante é que já se encontra bem avançado um teste com uma máquina que efetua a coleta da castanha que cai debaixo das árvores o que representará uma verdadeira revolução no rendimento de colheita.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 27/03/2022 - 12:42h

Distrito Irrigado Baixo-Açu vive uma nova e boa realidade

Por Josivan Barbosa

No último sábado (19) visitamos o Distrito Irrigado Baixo-Açu (DIBA) após a requalificação feita pelo Governo do Estado com recursos do empréstimo junto ao Banco Mundial (Programa RN Cidadão). Naquele projeto fomos recebidos pelo produtor Nuílson Pinto de Medeiros, atual presidente do Diba e proprietário da agroindústria Fazenda São Francisco.

A gestão do Distrito Irrigado Baixo-Açu é feita por um comitê formado por 11 conselheiros que elegem entre si o seu presidente.

Distrito Irrigado Baixo-Açu passou por novos investimentos (Foto: Alex Régis/Tribuna do Norte/2021)

Distrito Irrigado Baixo-Açu passou por novos investimentos (Foto: Alex Régis/Tribuna do Norte/2021)

O Diba é um projeto construído com recursos da União e do Governo do Estado. A contrapartida do Governo Estadual foi viabilizada com recursos da venda da COSERN. O projeto custou 75 milhões de reais. Ao todo (Etapa I e II) o projeto representa 6 mil ha irrigados. São 50 km de canal de excelente qualidade.

O atual Governo do RN acabou de investir cerca de 15 milhões de reais na requalificação do Distrito Irrigado. As principais obras foram: recuperação do canal da segunda etapa do projeto (3000 h – 25 km de canal), reorganização das associações que funcionam dentro projeto, incluindo recursos para aquisição de máquinas e equipamentos em geral, recuperação da rede elétrica da segunda etapa e instalação de uma casa de bombas exclusiva para a segunda etapa. Houve uma contrapartida de 10% por parte dos produtores.

O projeto também recebeu uma pavimentação asfáltica do acesso principal ao setor administrativo feito em parceria com a Prefeitura Municipal do Alto do Rodrigues.

DIBA – segunda Etapa

Após quase 30 anos de construção do Distrito Irrigado Baixo-Açu, o atual Governo está tomando as últimas providências para colocar em funcionamento a segunda etapa do projeto que comtempla praticamente a mesma área irrigada da primeira etapa. Isso chamou a atenção dos empresários da agricultura irrigada do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE, fazendo com que alguns destes concorressem no processo licitatório para lotes empresariais.

Uma grande vantagem da área da segunda etapa é que tem maior sustentabilidade hídrica, pois na área podem ser perfurados poços do manancial Arenito-Açu em baixa profundidade, o que reduz os custos de energia. Dessa forma, as empresas que se instalarem na segunda etapa terão duas alternativas de água: a água do canal do Diba e a água de poços perfurados.

Fazenda São Francisco

A Fazenda São Francisco é uma das diversas áreas produtivas pertencentes aos médios produtores. Atualmente, possui 130 ha de coqueiro anão de excelente qualidade. O coco é comercializado para as empresas que trabalham com água de coco in natura engarrafada.

A Fazenda são Francisco está inovando na região com o plantio de limão Tahiti visando o mercado internacional. A empresa tem uma área de 15 ha instalada em diferentes fases de desenvolvimento. O projeto como um todo já tem uma área próxima de 300 ha  de limão Tahiti, o que facilitará a logística de exportação já que o fruto fresco pode ser exportado pelo Porto Natal, seguindo a mesma tecnologia de pós-colheita já utilizada por outros produtos como manga, melão, melancia e mamão.

Limão Tahiti e a diversificação 

No interior de São Paulo, o limão Tahiti tem apresentado boa rentabilidade, sendo em alguns casos superior ao da laranja, tradicional fruto produzido na região. O fruto tem boa aceitação nos grandes centros consumidores e avança a sua aceitação no mercado externo.

O fruto, que na verdade é um ‘falso limão’, é resultado do cruzamento do limão siciliano com a lima-da-pérsia e foi introduzido na Califórnia a partir de sementes oriundas da região de Tahiti na Polinésia Francesa – motivo pelo qual recebeu seu nome de batismo. Com o consumo inicialmente concentrado na América do Sul e no Caribe, onde as condições de cultivo também são apropriadas o fruto passou a conquistar novas fronteiras na última década.

No Semiárido, mais especificamente, no Estado do Piauí, na década de 90, o limão Tahiti apresentou bom rendimento e qualidade adequada para ser exportado para a Europa.

Em 2021 o limão Tahiti foi um dos principais frutos frescos exportados pelo país para a União Européia. O país exportou em 2021 149.900 toneladas, correspondendo a um incremento de 21% em relação ao ano anterior e representou 123,8 milhões de dólares, ou mais de 10% do total de frutos frescos exportados pelo país.

Em 2022 a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas conseguiu, em sintonia com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a abertura do mercado chileno para o limão Tahiti. As primeiras exportações estão sendo feitas pelo estado do Tocantins.

São Paulo é o principal produtor de limão Tahiti do país, respondendo por 70%. Os preços do fruto têm aumentado em linha com sua aceitação no mercado externo. Em 2014, a caixa (22 quilos) foi negociada, em média, por R$ 32,33, cujo valor foi 41,8% acima do preço praticado em 2013. O fruto consegue ser comercializado a valores diferenciados, chegando a atingir 1,5 euros/kg.

Alguns produtores de limão Tahiti da Grande Região Jaguaribe-Apodi têm afirmado que umas das características que diferencia o limão Tahiti produzido nessa região do fruto em São Paulo é o volume de suco. Os frutos produzidos no Semiárido apresentam alto teor de suco.

Meri Pobo

Tivemos a felicidade de retornar às viagens de campo que fazemos nos finais de semana com os nossos discentes do curso de Agronomia. Após 2 anos sem esse tipo de atividade, os nossos discentes estavam sendo muito prejudicados na parte prática do curso. É difícil compreender sobre o negócio rural longe do campo.

Iniciamos com uma visita dos discentes das disciplinas de Desenvolvimento Econômico/Política Agrícola e Tecnologia Pós-colheita de Frutos e Hortaliças à empresa Meri Pobo Agropecuária que pertence ao empresário austríaco Johann Feldgrill.

A Meri Pobo tem duas fazendas instaladas no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE, sendo uma em Jaguaruana e outra em Russas (Distrito Irrigado Tabuleiro de Russas – DISTAR). A empresa possui fazendas também na África (Moçambique).

Meri Pobo Jaguaruana

A Meri Pobo Agropecuária instalou-se em Jaguaruana na Fazenda da antiga JAISA (Jaguaruana Agroindustrial Sociedade Anônima) que fazia parte do complexo de empresas do Grupo MAISA. Nessa fazenda a antiga JAISA cultiva acerola e havia uma área experimental com Sapota (variedade de sapoti). Antes, a fazenda JAISA tinha sido adquirida por outros empresários, mas todos sem sucesso na condução dos negócios. Após a aquisição da JAISA, a Meri Pobo Agropecuária adquiriu outras áreas vizinhas e hoje já se aproxima de 4000 ha de área útil em Jaguaruana. Mais recentemente a empresa foi beneficiada com a construção de uma rodovia estadual que liga o município de Jaguaruana à BR 304 na altura da divisa CE – RN (comunidade rural de Cacimba Funda pertencente ao município de Aracati).

Recursos hídricos

Um grande limitador do negócio rural da Meri Pobo Agropecuária é a disponibilidade de água. Apesar da empresa possuir três alternativas de água (Rio Jaguaribe – Barragem do Castanhão, poços, lagos superficiais),  tem investido muito para garantir a sustentabilidade hídrica. O maior investimento ocorreu com a construção de um canal de 7 km saindo do Rio Jaguaribe até a empresa. Esse canal foi construído para substituir uma adutora que era usada na época da Jaisa.

Além disso, a empresa fez investimentos com a construção de reservatórios temporários e requalificação de lagoas que facilitam o armazenamento de águas de chuvas.

Meri Pobo trabalha com alternativas diversas à garantia de recursos hídricos (Foto: reprodução Web)

Meri Pobo trabalha com alternativas diversas à garantia de recursos hídricos (Foto: reprodução Web)

Outro grande investimento com recursos hídricos deu-se com a perfuração, até o momento, de 25 poços de baixa profundidade (até 200 m) que favorecem o rodízio de alternativas de água dentro da empresa.

Tecnologia de produção

A Meri Pobo Agropecuária produz atualmente mais de 450 ha de acerola orgânica. Certamente, o maior plantio de acerola orgânica do planeta, mas pretende continuar ampliando a área, e com certeza, chegará aos 1000 ha.

A acerola orgânica é produzida dentro de rígidos critérios de qualidade e a empresa tem desenvolvido uma tecnologia própria de produção de mudas adaptadas à colheita mecanizada. As mudas só são transferidas para o campo após passarem por diversas fases de desenvolvimento na casa de vegetação, o que corresponde ao todo a cerca de 18 meses.

Recentemente adquiriu uma máquina de colheita mecânica do café no valor de quase um milhão de reais e está adequando para a colheita da acerola.

Outro aspecto importante é que a empresa desenvolveu uma estrutura eficiente e simples de produção de composto orgânico com produtos regionais, sendo a palha de carnaúba o principal.

Mercado e emprego

A Meri Pobo Agropecuária exporta 50% da acerola que produz. Os outros 50% são comercializados nas redes de supermercados do Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro. A empresa tem parcerias com outras indústrias regionais que processam a polpa da acerola e liofilizam o produto para exportar para a Ásia como fonte de vitamina C.

Atualmente, a Meri Pobo está construindo uma agroindústria para o beneficiamento da polpa visando evitar o fornecimento para intermediários do processo da cadeia de logística da acerola.

A empresa gera quase 400 empregos diretos e os colaboradores são contratados preferencialmente do município de Jaguaruana.

Mamão

O mamão formosa orgânico é outra aposta desse grupo. O produto tem uma qualidade diferenciada em termos de textura e aparência interna e externa. A empresa tem uma área de cerca de 40 ha e após o sucesso no mercado regional e do Sudeste, agora está colocando o mamão, via aérea, na Europa. Com certeza, avançará para exportar o mamão por via marítima, cujo frete é bem inferior.

Na Meri Pobo Agropecuária de Russas, há o cultivo de goiaba orgânica e coco também.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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domingo - 13/03/2022 - 11:28h

Qual a verdadeira versão sobre a Estrada do Melão?

Por Josivan Barbosa

Qual a verdadeira versão sobre a Estrada do Melão? Primeiro é bom que se explique que a Estrada do Melão surgiu de um projeto elaborado pelo Centro Tecnológico do Agronegócio (CTARN) da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), em parceria com o Comitê de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/RN),  sobre o seu impacto econômico-social para o Polo de Agricultura Irrigada RN – CE.

O trabalho foi bem elaborado a ponto de convencer à equipe da Governadora Wilma de Faria (já falecida), que recomendou o Departamento de Estradas e Rodagens (DER/RN) à elaboração do projeto executivo.

Trecho da Estrada do Melão que corta municípios da região da Grande Mossoró (Foto: Elisa Elsie)

Trecho da Estrada do Melão que corta municípios da região da Grande Mossoró (Foto: Elisa Elsie)

Em seguida, o Governo Wilma iniciou, com recursos próprios, a construção da ETAPA I (22 km) que vai da RN 013 (altura da comunidade rural Lagoa de Salsa em Tibau, até à comunidade do Km 31 na BR 304). O trecho foi inaugurado pelo então governador Iberê Ferreira de Sousa.

Os produtores de melão esperaram 8 anos (Governo de Rosalba Ciarlini e Governo de Robinson Faria) e não houve qualquer avanço para a construção das etapas II (Km 31 até a RN 015 no entorno da cidade de Baraúna) e III ( RN 015 até a BR 437 – Estrada do Cajueiro, próximo à comunidade de Boa Sorte).

A Governadora Fátima Bezerra (PT) colocou como desafio o término da construção da Estrada do Melão logo no início do seu Governo. Conseguiu avançar e construiu a Etapa III. Ao longo dos 20 km dessa etapa já se observa uma grande mudança com o avanço de vários projetos de irrigação com mamão, melão, melancia, banana e maracujá, entre outras fruteiras.

A mudança é brusca e facilita muito o deslocamento das pessoas que moram nas comunidades rurais de Boa Sorte, Baixa Branca, Veneza e de vários assentamentos que estão localizados no entorno da Estrada do Cajueiro.

Em relação à segunda etapa que atravessa toda a região dos assentamentos da Grande Maisa até o município de Baraúna, há necessidade de algumas desapropriações o que tem dificultado a sua construção. Esperávamos que as Prefeituras de Baraúna e de Mossoró trabalhassem em sintonia para mitigar essas pendências, mas, infelizmente os gestores não estão conseguindo compreender a importância desse trecho para escoar a produção de frutas, já que ali estão instaladas dezenas de produtores, principalmente médios e pequenos.

Os recursos, até onde se tem de informação, estão assegurados junto ao empréstimo do Governo do RN através do programa RN Cidadão (Banco Mundial).

Qualquer informação diferente dessa que estamos colocando, trata-se de fake news que deve ser combatida por qualquer cidadão que tem o interesse em avançar com o desenvolvimento do seu Estado, sem olhar para pessoas ou personalidades.

PT – MDB

Diante de dificuldades para formalização de federações partidárias de campos políticos diferentes, PT e MDB já consolidaram alianças regionais de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pelo menos seis dos nove Estados do Nordeste. Com a alta popularidade do petista na região, que responde por 27% do eleitorado brasileiro, há apenas indefinições na Bahia, Ceará e Sergipe.

PT e MDB vão estar no mesmo palanque em Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Maranhão e Piauí. Há possibilidades ainda de os dois partidos também integrarem alianças no Ceará e na Bahia. Em Sergipe, um acordo entre as duas siglas é considerado improvável. No Estado, o PT lançou a pré-candidatura do senador Rogério Carvalho, que ganhou que destaque na CPI da Covid.

Ceará

No Ceará, o MDB ainda não se decidiu. O ex-senador Eunício Oliveira, adversário de Ciro Gomes (PDT), já declarou apoio a Lula no primeiro turno. O emedebista é contra a federação e diz que o partido só vai decidir quem apoiar mais na frente. “Não tem angústia”, afirma. O PDT, com o apoio do PT, lançou a pré-candidatura ao governo de Izolda Cela, atual vice-governadora. O governador Camilo Santana (PT) vai concorrer ao Senado.

Bahia

Na Bahia, o MDB também ainda não definiu em que palanque vai subir. O ex-governador Jaques Wagner anunciou a desistência da disputa pelo governo. O senador Otto Alencar (PSD) pode figurar na cabeça de chapa. O principal adversário do grupo governista é o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil).

Aeroporto do RN

Está nas mãos do Tribunal de Contas da União (TCU) tirar do papel a primeira relicitação entre nove concessões de infraestrutura devolvidas amigavelmente à União, pelas atuais operadoras, por terem se tornado inviáveis. Trata-se do aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), nos arredores de Natal, privatizado em 2011 como uma espécie de teste para os demais terminais.

Como é um caso pioneiro entre ativos devolvidos pelas concessionárias à União, sob a Lei 13.448 de 2017, o que for decidido pelos ministros vai servir como jurisprudência às outras empresas. Isso torna o julgamento, prestes a ocorrer, especialmente importante.

Dados preliminares apontam que a indenização do governo (incontroversa) para a Inframérica, atual operadora de São Gonçalo do Amarante, deve ficar em cerca de R$ 400 milhões. Para os auditores do TCU, esse valor – ainda sob análise da empresa verificadora independente – precisaria ser colocado em audiência pública e especificado no edital do futuro leilão.

A outorga mínima cobrada no novo leilão de São Gonçalo do Amarante ficará perto de R$ 250 milhões. Se houver ágio, como em todos os certames realizados até agora, a União poderá arrecadar o suficiente para pagar a Inframérica com esses recursos.

UFERSA – Pau dos Ferros

A UFERSA – Pau dos Ferros completa 10 anos. Esperamos que durante o evento comemorativo a direção daquele campus tenha o discernimento de valorizar os principais personagens que na época não mediram esforços para articular politicamente a sua construção, pois dos três câmpus fora da sede, a UFERSA Pau dos Ferros foi o que deu mais trabalho para ter a sua construção autorizada pelo Ministério da Educação.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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