domingo - 14/08/2011 - 13:15h
Para poucos

Alves e Maia tentam manter “seleção natural” em vigor

Líderes reinventam modelo de "Paz Pública" para manutenção de espaço no poder a uma nova ameaça

Henrique (centro), em pose de "senador", atende a Carlos e Agripino

O que está por trás da fina sintonia que se estreita entre o DEM e o PMDB no Rio Grande do Norte? Quais suas consequências? Que efeitos colaterais podem surgir dessa hipotética ou iminente composição? Essas são perguntas fundamentais, na política contemporânea potiguar.

O almoço que reuniu na quarta-feira (10), em Brasília, os primos senador-ministro Garibaldi Filho (PMDB) e deputado federal Henrique Alves (PMDB), com os primos senador José Agripino (DEM) e ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM), efusivamente divulgado pelas assessorias dos protagonistas, conseguiu seu primeiro objetivo: causou impacto.

Provoca não apenas uma marolinha, mas uma série de círculos concêntricos que podem formar uma tisunami. Os quatro, obviamente, não tinham qualquer interesse em se esconder ou camuflar o encontro. Tiveram apenas o cuidado de vender um álibi fajuto: estavam discutindo temas do interesse do Rio Grande do Norte no Congresso Nacional. Ah, tá.

A versão não cabe na série “me engana que eu gosto”, porque não mexe com amadores nos subterrâneos da política nativa. Nesse enredo, não há inocentes ou babaquaras. Todos são “escolados” na arte da política, onde a dissimulação, como diria o cardeal italiano Jules Mazarin, é arma imprescindível

Estão à mesa vários interesses que se conciliam e certas diferenças que precisam ser podadas.

Abraçados

Esses líderes políticos, na verdade, esperneiam diante de outra nova ameaça ao desmanche do modelo político que há décadas perdura no Rio Grande do Norte, feito por um restrito “clube fechado”. Num passado não muito remoto, Wilma de Faria (PSB) foi o problema, que levou Alves e Maia a uma espécie de “join-venture” (acordo de ocasião, para fim específico), nas eleições de 2006, para derrotá-la. Caíram abraçados.

Agora, é o vice-governador Robinson Faria (PMN) que cria dificuldades, querendo ir pro andar de cima, para enxerga a planície potiguar do alto, na colina do poder.

Alves e Maias repetem a essência da chamada “Paz Pública” de 1978, quando o ex-governador Aluízio Alves, ainda cassado pelo regime militar, fez um acordão com os Maia, que o perseguiam, para a eleição de Jessé Freire ao Senado, em detrimento do empresário Radir Pereira, do MDB (sigla de seus aliados).

Agora, os dois clãs tentam, uma troca de favores que os mantenham fortalecidos e exorcizem Robinson.

Garibaldi, já firmara uma aliança pessoal com o DEM de Agripino e da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), mulher de Carlos, quando marchou com ela na campanha de 2006, ele derrotado ao governo por Wilma, mas com força para puxá-la ao Senado . De lá para cá, a afinação só aumentou.

Com Henrique é diferente. Ele é a porta de entrada do governo rosabista no Palácio do Planalto, pela liderança que exerce na Câmara Federal e acesso direto a presidente Dilma Roussef (PT).

Sua contrapartida é ter o DEM aplainando caminho para realizar o sonho de ser eleito ao Senado em 2014, empalmando a única vaga a ser colocada em jogo.

Robinson e Rosalba, o poder em duas vias

Agripino e Carlos têm aspirações praticamente iguais. Praticamente. Agripino, artífice dessa coalizão, reaparece no governo de Rosalba, para voltar a influir. Até aqui vinha sendo um qualquer. Ou nem isso. Carlos, que é o ideólogo e cabeça pensante do governismo, necessita de suporte à sua condução, que passa pela via do PMDB unido com Henrique e Garibaldi a apoiá-lo.

Ao mesmo tempo, Carlos Augusto Rosado procura frear o ímpeto de Robinson, que em sua ousadia e frieza, atua como um governante paralelo, autônomo, que sustenta projeto próprio de chegar ao Senado.

Garibaldi, puxando Henrique pelo braço à companhia de Rosalba, aumenta seu próprio cacife.

Eminência parda

Está tudo muito bom, está tudo muito bem, mas realmente é importante perguntar: e Robinson? Já combinaram tudo com o povo e outras forças políticas excluídas ou vitimadas por esses superpoderes concentrados?

Robinson, bem antes, começara aproximação com o PDT do  ex-prefeito Carlos Eduardo Alves e com o destemor de um panzer alemão, avançou em várias frentes, reforçando seu capital político no também no interior. Além disso, é a “eminência parda” até hoje, na Assembleia Legislativa. Tem voz ativa, sem aparecer.

Não se deixemos fora dessa engrenagem, a própria ex-governadora Wilma de Faria (PSB), que teoricamente fragilizada, pode ser içada pelo próprio Robinson. Aí existiria um escambo: um serviria aos propósitos do outro.

Significativo, ainda, perguntar que visão tem o Palácio do Planalto dessa bigamia política esdrúxula do PMDB de Henrique com Rosalba e Dilma. Em 2014, Henrique candidato ao Senado e Dilma provavelmente à reeleição, terão palanques comuns no Rio Grande do Norte, numa miscelânea improvável com PT e DEM?

O grande segredo da sobrevivência no ambiente politico, é a lógica da biologia sob a visão de Charles Darwin. Nesse ecossistema, o mais forte é o que melhor se adapta às circunstâncias e à atmosfera adversas.

Daí, a seleção natural que faz de uns predadores implacáveis; outros, somente presas indefesas.

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Categoria(s): Reportagem Especial

Comentários

  1. HENRIQUE diz:

    EU TOU É COM NOJO DESSA UNIÃO!.

  2. jb diz:

    “Os políticos não conhecem nem o ódio, nem o amor. São conduzidos pelo interesse e não pelo sentimento.”
    Conde Philip Chesterfield

    Carlos Santos, a “seleção natural” que os senhores acima pretendem impor nada mais é do que a velha “conciliação, transação” não para beneficiar o povo, mas para manter o status quo, pois segundo o mestre José Honório Rodrigues ” (…) em face das oportunidades, os lideres comportam-se como dominadores que defendem os interesses de uns poucos. E por adiar tanto transformam-se em fósseis e tornam não contemporâneo o processo histórico brasileiro (…) A política dos passos miúdos e vagarosos foi sempre norma geral, pois como diz o ditado “devagar se vai ao longe”. Ela conduzia à conciliação, à transação, não para conceder benefícios ao povo, mas para aplainar as divergências dos grupos dominadores (…) Por isso as lutas não são programáticas, mas incluem a história de vários e intensos anos de conflitos pessoais entre os membros da elite.”

    Fonte:Conciliação e Reforma no Brasil págs 190 e 192

  3. B.Nunes diz:

    Esses políticos transformam o Rio Grande do Norte, em RIO GRANDE DO NADA. Há anos só pensam em si, percebam isso eleitores!

  4. BRUNO diz:

    Mais a Galera teima em por eles no poder,elegem as porqueiras depois vão chorar,numca na verdade se viu o caos tão instalado no estado,os culpados não interessam,se foi esse,se foi aquele,quem tá no comando agora tem por obrigação solucionar ou pelo menos amenizar os problemas do estado,que não são poucos!!!

  5. BRUNO diz:

    Desculpe Carlos,é porqueira,porqueira,tudo poqueiras!!!Não estão nem ai pra os mais humildes,excluidos, e miseráveis,eles são os Lords que prória miséria põe no poder,que os espoliam,massacram,humilham,quando chega os pleitos eleitorais,a massa burra corre atrás deles,como um bando de desmiolados,coitados, até quando!!!!???
    até quando!!!!!??
    Que Deus tenha piedade da pobreza!!!!!!

  6. B.Nunes diz:

    Blog como esse, vem demonstrar o quanto é importante a manisfestação de repúdio a determinados políticos ,que gradativamente serão expurgados da vida pública/política e que em algum lugar, pagará caro por seus atos corruptos.

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