Por Marcos Pinto
A Genealogia tem se constituído em um dos pilares mais relevantes a sustentar o arcabouço dos umbrais da história. Quer seja nos preceitos bíblicos, ao elencar a descendência das doze tribos de Judá, quer seja nas expressivas obras que descrevem ás heroicas e primitivas famílias, desbravadoras dos mais recônditos rincões do Brasil. Predominam as forças naturais e hereditárias referenciando normas e ditames com elos ancestrais seculares.
É certo que, nestes últimos anos, tem surgido elementos inescrupulosos posando de genealogistas, pseudos pesquisadores que só almejam angariar exorbitantes remunerações para efetuar pesquisas, na maioria das vezes forjando nomes e cronologias, ao ponto de citar inventários setecentistas (Séc. XVIII) e Oitocentistas (Séc. XIX) existentes em antigos Cartórios da região nordestina, geralmente dos estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Não raro, estes Personas cometem quando da aplicação das nominatas no esboço genealógico, observando-se grosseiros erros cronológicos, configurando, assim, um cometimento de estupro da verdade histórico-cultural da nossa terra.
Não há história sem DNA genealógico. Não há genealogia sem a moldura exata da história, descrita sem as matizes do memorialismo oficial deturpador. Representam as linhas mestras, confluentes, que entreteceram as nossas individualidades ancestrais. Revelam heranças mentais, evidenciando atavismos acumulados das taras, dos legados mórbidos, num deslumbramento a romper a bruteza pré-histórica das nossas assombrosas e misteriosas ascendências. Nada mais que componentes insustentáveis da alma bravia e desordenada. Se nos apresenta como duas figuras dignas de serem agudamente observadas.
Os referenciais genealógicos amplamente contidos em famigeradas obras da Genealogia dos colonizadores enfatiza um manancial de conclusões convincentes, amalgamando nominatas de bravos homens e mulheres. É memória demonstrada de maneira irrefutável. Formam uma corrente etnográfica sedutora e inexpugnável.
E foi assim, com altanaria indômita, baseada no enriquecimento oriundo da exploração das nossas riquezas naturais, que o elemento europeu, geralmente o português, enfrentou toda sorte de perigos e anseios na longa e penosa travessia do Atlântico, transcorrendo o cansativo tempo de três meses para aportar na famosa “Terra Brasilis.
É certa, a afirmativa deveras incontestável, de que as Capitanias do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba começaram a ser povoadas e a nascer para a civilização já sob o inteiro domínio da Capitania de Pernambuco. Cresceram sob a concentração de povoadores do Rio São Francisco e com vínculos bem profundos com os sertões pernambucanos.
Naqueles tempos (Sécs. XVII e XVIII) quase tão próximas de Olinda, via Itabaiana-PB, dado o grande intercâmbio comercial decorrente da compra de rebanhos de gado em Pernambuco. Posteriormente, no Séc. XIX, este movimento comercial passou a ser efetuado em Oeiras-PI. Este desiderato levou o pernambucano Capitão Francisco Pinto da Cruz a requerer Data de Sesmaria no Ceará, explorando pessoalmente a região de Milagres. Neste mesmo contexto, vieram da região dos açores (Portugal) para o Rio Grande do Norte as famosas e tradicionais famílias RAPOSO DA CÂMARA e MEDEIROS (Vide Livro “Um Ramo Judaico dos Medeiros no Seridó” – Luiz Fernando Pereira de Melo) para fixarem-se nas Ribeiras do Apodi e do Seridó.
Depois de Natal foi a região do Assu que, ainda no final do séc. XVI, passou a ser polo irradiador da colonização da região Oeste potiguar. A fixação do famoso “Terço dos Paulistas” no Assu constituiu meio atrativo para assentamento de Praças e Soldados, onde alguns casaram e deixaram vasta descendência. De Portugal para o Assu-RN vieram: O Coronel Carlos de Azevedo do Vale; o Licenciado Manoel Lopes de Macedo, nascido a 24.09.1670, filho de outro de igual nome e de Adelaide Cabral de Macedo (Origem da família Cabral no RN), tendo embarcado para o Brasil na cidade do Porto a 12.10.1706 com seus oito filhos. Era casado com D. bárbara Freire de Amorim, filha de Antonio Freire de Amorim e Bárbara Freire de Amorim.
Outro português a radicar-se no Assu foi o Capitão João de Souza Pimentel, que casou com Josefa Lins de Mendonça, bisneta de Gaspar Wanderley. Vindos de Pernambuco, chegaram à terra assuense em meados do Séc. XVIII. Tereza era filha de Tereza Wanderley, pernambucana, e de Silvestre de Mendonça, residentes nas Alagoas.
Já a tradicional família Cavalcanti, do Assu, veio da Paraíba através de José Joaquim Bezerra Cavalcanti e Domingos Alves Ferreira Cavalcanti, que casou com D. Maria Joana do Espírito Santo, irmã de José Joaquim, e foram residir no lugar “Brejo do Apodi”, onde deixaram numerosa descendência, espraiada no Icó-CE (Vide Nobiliarquia Pernambucana, Vol. IV, pág.474 – Coleção Mossoroense – Série C – Volume 823 – Ano 1993.
Residindo em terras à margem do rio São Francisco, Manuel Filgueira de Carvalho veio para o Assu com muito gado, procurando viver em paz com os indígenas que eram sempre entrave no povoamento das terras assuenses.
Para o sertão do Apodi vieram os portugueses Alexandre Pinto Machado, natural de São Miguel de Caldas de Vizela, do Bispado de Lamego, filho de João Machado e Maria Pinto, que casou na Matriz de Apodi a 22.11.1768 com Francisca Barbosa de Amorim, natural do Icó-CE, filha do Capitão-Mor o português João Barbosa Corrêia, natural de Ponte do Lima, e de Rosa Maria de Jesus, natural da Freguesia da Várzea, em Pernambuco.(Origem da família PINTO, do Oeste potiguar).
O português Antonio da Mota Ribeiro nasceu a 13.06.1710 na Freguesia de São Clemente, Arcebispado de Braga e falecido em Apodi a 19.08.1796.Era casado com Josepha Ferreira de Araújo, filha do porruguês Carlos Vidal Borromeu e da índia Isabel Araújo (Vide livro “Velhos Inventários do Oeste Potiguar – Marcos Antonio Filgueira – Coleção Mossoroense – Série C – Vol. 740, ano 1992.
Temos , ainda, o entrelaçamento da família do português MOTA com os portugueses: Antonio da Rosa Machado, natural da Freguesia de Santa Bárbara, casou com Cosma Ferreira da Mota (Nasceu a 19.12.1757); José Luiz Vieira de Veras, natural da Vila de Setúbal, filho de Luiz José Vieira e Josefa Maria de Jesus (de Setúbal); Já o Capitão José Ferreira da Mota (Nasceu em 1768) casou em 06.05.1791 com Florência Maria de Jesus, filha do português José de Paiva Chaves e Ignácia Maria do Rosário.
Florência nasceu na fazenda Patu de Fora a 01.02.1770 e faleceu na fazenda Santa Cruz (Apodi) em 1823. José de Paiva Chaves era natural de Vizeu, e sua espoa Ignácia era natural do Piancó,e moradora no Patu de Fora. Florência era neta materna de Antonio Pimentel de Araújo, natural do Assu, e de Isabel Soares da Silva, natural da Freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Itambé-PE.
Inté!
Marcos Pinto é advogado e escritor
Marcos Pintou voltou! faço votos que publique com mais frequência em nosso Blog(Copyright Sra. Naide Rosado), sobre o domínio político da família Cavalcanti de Albuquerque(PE) no Brasil império – Barão de Muribeca, Visconde de Albuquerque, Visconde de Camaragibe, Visconde de Suassuna, da família sairiam também: deputados gerais e provinciais, senadores, ministros, presidentes de província – surgiu a seguinte quadra:
“Quem viver em Pernambuco,
Deve estar desenganado;
Ou há de ser Cavalcanti,
Ou há de ser cavalgado.”(Jerônimo Vilela Tavares, jurista e professor da nascente Faculdade de Direito de Olinda)
Meu caro Marcos Pinto, comecei mesmo minha vida profissional em Apodi, com certeza devo ter entradomem contato com voce, a familia Pinto muito conceituada naquela urbe; lembrei-me de um episóido, embora triste, em que fui chamado por Vossa Senhoria para constatarbum óbido de um ente querido.
Pois bem sobreba familia Amorim, creio eu ser da ” gema” . Filho de Osvaldo Oliveira Amorim e neto de Mário Augusto Caldas de Amorim, sobrinho de Chisquito Amorim, escritor e poeta e de Ulisses Caldas de Amorim.
Reza a lenda que um funcionário de um usineiro da familia Amorim lá das plagas do pernambuco, de tão grato a este Senhor, adotou o sobre nome Amorim. Dai as duas vertentes; se é verdade não sei, mas reza a lenda! Tio Ulisses ficava espumando de raiva, quando eu jovem, citava tal passagem.
Saudades do Apodi, de Mundica e Dede com as prosas com cadeiras na calçada.
Tá bom.
Um abraçaço.
Ps. Senti falta das palavras do nosso vernáculo que me obrigou a ir ao dicionário! Rsrsr
Ps; o revisor tá cansado! Rsrsrs, desculpem.
NOTA DO BLOG – Luta medonha do fim de semana. Compreensível.
Kkkkkk o Edson Nobre da Urca é uma figura!
Cultura invejável!
Um abraçaço!