Por Marcos Araújo
Uma orientação é comum em todos os manuais de headhunters como requisito do candidato ao emprego: prezar pela aparência e pelas vestimentas usadas na ocasião da entrevista. De acordo com uma pesquisa da Office Team, empresa norte-americana especializada em recrutamento profissional, o guarda-roupa é um fator fundamental. Além do emprego, a pesquisa apontou que o jeito de se vestir influencia na hora do empregado(a) ser promovido.
Pensei neste quesito agora que temos 4 milhões de refugiados de guerras somente na Europa, fugidos às pressas, apenas com uma sacola de mão contendo um pouco de comida e poucas peças de roupa. Em situação símile, milhares de venezuelanos perambulam em solo brasileiro em busca de comida e trabalho, à espera de uma providencia humana ou divina quanto ao seu alimento, abrigo e vestuário.
Refugiados e os pobres, de uma maneira geral, sofrem de uma doença social chamada Aporofobia (termo cunhado pela filósofa Adela Cortina, professora da Universidade de Valência). A palavra vem do grego “áporos”, o pobre, o desamparado, e “fobéo”, que significa odiar, rejeitar. Apesar de estranha, a palavra representa uma terrível realidade quanto à rejeição da pobreza.
A humanidade é historicamente formada pelo preconceito. Apenas como exemplo, na idade média, os bárbaros eram vistos como inferiores e escravos. No período vitoriano, as pessoas tidas como feias eram alvo de preconceito, com a desculpa que seria a feiura um castigo de Deus aos “impuros de alma”. Durante a guerra civil americana, os negros eram os alvos de crueldades. Nas décadas de 60 e 70, era o público LGBTQAI+ os antagonizados, e hoje, os refugiados são os excluídos.
Um pijama listrado no período da 2a. Guerra mundial serviu de dístico para a morte de milhões de judeus. Várias décadas depois, as vestimentas ainda continuam sendo parâmetros distintivos de classes sociais. Um exemplo conhecido pode ser dado: na rua João da Escóssia, imediações da Praça do Rotary, dois vendedores de água disputam a clientela. Um, se veste de forma mais humilde; o outro, traja-se com roupa social e gravata.
O primeiro é confundido como se fosse um pedinte; o segundo, tratado como um arrojado empreendedor. Para o primeiro, os vidros das janelas dos veículos são cerrados; para o segundo, os vidros são baixados e ainda se pronunciam palavras de estímulo. Os dois são niveladamente iguais empreendedores e vendedores de água. A diferença na acepção parte da “clientela”.
Mesmo num mundo tão globalizado e evoluído tecnologicamente, ainda se vê rincões da ignorância, da incivilidade e da exclusão social que se pautam em empregar pessoas a partir do vestuário, da beleza, elementos raciais, de cor, sexo, idioma, religião, origem nacional ou social, opinião política, nascimento ou outro status.
No mundo jurídico e social, as vestes são vistas como símbolos do poder. Blazer, Black-tie, vestidos longos e outras vestes talares são inventos artificiais criados para instituir um ritual simbólico de poder. Contudo, tomando por empréstimo a expressão “minha roupa não me define”, criada para combater a violência de gênero, deve ser realçado que o conhecimento, a inteligência, o respeito, o saber e a educação não precisam de vestes especiais.
São José, o santo festejado nesta semana, e o seu amado filho Jesus, simples carpinteiros, se cobriam com túnicas sem costuras ou adornos. Até despojado de suas vestes o Cristo foi, no momento do seu sacrifício.
Uma sociedade justa, humana e fraterna se constrói com menos simbolismo, tradição e escolha de vestes, e muito mais com os valores da igualdade, acolhimento, humanidade, liberdade e fraternidade.
Que o nosso mundo aprenda a horizontalizar a todos no acesso ao emprego e ao bem-estar social, sem o olhar discriminador de suas vestes.
Marcos Araújo é professor e advogado
Fácil entender por os corruptos primam no bem vestir.
Tem quem deixe de pagar pensão alimentícia, mas não deixa de usar ternos feitos sob medida, gravatas importadas e sapatos caríssimos.
Tem bandidos, ladrões de dinheiro público, condenados a mais de oito anos de cadeia, que fazem rachadinhas, tomam dinheiro de humildes assessores, para ostentar vest
imentas caríssimas.
Fazem isto para que a sociedade os aceitem. Pobres diabos. Não percebem sequer que o mundo gira e os valores mudam.
Um ddia descobrirão que mais do que luxo, hoje, a humanidade valoriza os bons costumes.
Basta observar como se veste o presidente da Ucrânia e o primeiro-ministro do Canadá.
No Brasil, Jânio Quadros chegou à presidência da República vestindo um terno surrado. Agora Ciro Gomes se veste de maneira simples.
Os corruptos sequer se lembram de São Francisco, Gandhi, Teresa de Calcutá etc. Lembram-se apenas de Al Capone, seu ídolo maior.
Um dia aprenderão que não deixarão de ser fedorentos por usarem perfumes caros. Quem disse que a corrupção FEDE foi o Papa Francisco.
Certíssimo o dr. Marcos. Digo mais: MUITA GENTE USA ROUPAGEM ELEGANTE E SOFISTICADA PARA esconder sua indigência moral.