Por Josivan Barbosa
Não são boas as perspectivas de uso da água da integração do São Francisco para a atividade de agricultura irrigada, independentemente do tamanho da propriedade. Na própria região do Vale do São Francisco, o preço da água estipulado pelo Comitê daquela bacia tem causado sérias polêmicas.
Os produtores de frutas dos perímetros irrigados do Vale do Rio São Francisco, polo de produção de uva e manga, estão em conflito com o comitê gestor da bacia do rio por conta de um aumento no valor da água para irrigação.De acordo com os produtores, a alta média na cobrança da chamada “taxa da ANA” (Agência Nacional de Águas) foi de 400% para os irrigantes neste ano. Se não for pacificada na esfera administrativa, a disputa poderá parar na Justiça.
Água do São Francisco II
A ANA faz parte do comitê gestor de bacia que define as taxas de uso da água, mas não decide sozinha. No mesmo comitê, com 62 membros, há representantes de ONGs, usuários em geral, governos estaduais e dos próprios produtores. No ano passado, o comitê aprovou uma nova metodologia de cálculo do valor da água, que passou a vigorar neste ano. A mudança coincide com o fim das obras do canal da transposição do rio São Francisco, mas já vinha sendo estudada desde 2016, quando uma empresa foi contratada para a elaboração da nova metodologia que pudesse fazer frente a investimentos planejados para o rio até o ano de 2025.
Vale do São Francisco
Na área de frutas, o vale reúne os principais exportadores de uva e manga. No ano passado, a região foi responsável por 86% das vendas externas de manga e quase 100% das de uva. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Valexport, as exportações brasileiras de manga renderam US$ 178 milhões.
Exportação de frutas via aérea
Os aviões de passageiros que saem do Brasil com destino à Europa e à América do Norte têm levado em seus porões uma carga preciosa para a pauta de exportações do país: as frutas tropicais. No ano passado, cerca de 61,5 mil toneladas de frutas, o equivalente a US$ 75,7 milhões, fizeram o trajeto até o destino por via aérea, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Ao todo, as exportações brasileiras de frutas somaram 848,5 mil toneladas no ano passado, rendendo US$ 785,7 milhões.
O mamão formosa produzido no Polo de Agricultura Irrigada RN – CE por cerca de 10 agroindústrias de médio e grande porte é um desses produtos que é exportado por via aérea. Estima-se que a região já produz cerca de 5000 ha de mamão formosa, que aos poucos, está se tornando mais atrativo do que o famoso mamão papaia cultivado predominantemente no Espírito Santo e no Sul da Bahia.
Em se tratando de mamão formosa, o grande destaque é a produção orgânica que passa a ser um nicho de mercado tanto no país quanto na Europa.
Líder absoluto nos embarques aéreos, com 42,7 mil toneladas e US$ 50 milhões em 2018, o mamão é a fruta com maior potencial de crescimento no setor.
Exportação de frutas via aérea II
A lista de frutas brasileiras que viajam de avião é seleta e se justifica, principalmente, pelo pouco tempo de vida útil pós-colheita em temperatura ambiente, salvo raros casos em que a urgência da entrega é mais importante para a escolha do modal. Entre as frutas exportadas brasileiras exclusivamente por via aérea estão o mamão (papaia e formosa), manga das variedades keitt e kent, figo, caqui, goiaba e morango.
Exportação de frutas via aérea III
A mercadoria é toda identificada e viaja em contêineres de alumínio, no porão dos aviões. Os embarques costumam ser noturnos para não prejudicar as frutas, que deixam a cadeia de frio ao saírem dos caminhões e são transportadas em condições de temperatura semelhantes à da cabine do avião, de 18°C a 21°C. Entre 6 mil a 8 mil toneladas de frutas do Brasil viajam nesses moldes mensalmente.
Um avião de passageiros tem capacidade média para 15 toneladas de carga, entre bagagens e outros itens, enquanto um cargueiro comporta 110 toneladas de frutas. Como os volumes de fruta por viagem são relativamente enxutos, abrem espaço também para pequenos produtores.
Exportação de frutas via aérea IV
No mercado de exportação de frutas por avião, a intermediação entre o produtor e as companhias aéreas como Latam e Gol é feita por agências especializadas. O trabalho das agências é procurar clientes para preencher o espaço ocioso nos porões dos aviões de passageiros.
Embrapa no RN
A partir desta semana a coluna reinicia um movimento político para defender a instalação de uma unidade da Embrapa no Rio Grande do Norte. Esse movimento foi iniciado em 2005 e de lá para cá várias unidades da federação conseguiram conquistar um centro da Embrapa, fazendo com que apenas o Rio Grande do Norte e o Espírito Santo sejam, hoje, os dois Estados que ainda não sediam uma Embrapa.
A reivindicação para a instalação de uma unidade da Embrapa no Espírito Santo está muito avançada e no Rio Grande do Norte o silêncio predomina.
Defendemos que a unidade da Embrapa no Rio Grande do Norte seja voltada especificamente para a produção de orgânicos, passando assim a se chamar Centro Nacional de Pesquisa em Agricultura Orgânica. O projeto a ser apresentado em Brasília no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento terá grande apoio da iniciativa privada e, por enquanto, precisa de um padrinho para levá-lo à ministra da Agricultura.
Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)
Como sempre professor . Ótimas informações e esclarecimentos.
Todo domingo é assim.
Informações precisas, necessárias e atualizadas de deixar jornalistas ‘xendengos’ de queixo caído.
Parabéns, Professor (com ‘P’ maiúsculo),
O mamão formosa é divino. Sim, merece emparelhar com o papaia.
Prof.Josivan, aula sobre as exportações aéreas!
O projeto Embrapa no RN, Centro Nacional de Pesquisa em Agricultura Orgânica, não pode ficar pagão.
Parabéns, excelente Artigo!