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domingo - 20/08/2023 - 11:22h

Arábia Saudita usa futebol para “lavar” imagem

Por Ney Lopes

Ilustração do site Lei em Campo

Ilustração do site Lei em Campo

Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, prova, que na política e no esporte o dinheiro lava tudo. Os direitos humanos e a vida são sempre colocados num patamar inferior, se do outro lado da balança pesam fortes interesses econômicos.

O termo “sportswashing” (lavagem esportiva) significa a prática de investir bilhões para transformar a percepção do mundo acerca da má imagem do reino saudita.

Regimes totalitários sempre usaram esportes para exibir seus modelos políticos. Mussolini fez com a Copa do Mundo em 1934 e Hitler com as Olimpíadas de 1936. A Alemanha Oriental e a União Soviética tinham programas de doping patrocinados pelo estado nas décadas de 1970 e 1980.

A China foi acusada de “sportswashing”, ao sediar as Olimpíadas de Inverno no ano passado, assim como a Rússia quando sediou a Copa do Mundo de futebol, em 2018.

A Arábia Saudita está comprando o futebol para dominar o mundo e a Copa 2030. Os salários dos novos atletas contratados ultrapassam 1,5 bilhão de euros (R$ 10 bilhões de reais). Também despejam milhões em eventos, como o Grande Prêmio de Fórmula 1 e Fórmula E, boxe, luta livre, circuito de golfe, ATP Tour de tênis e e-Sports.

O objetivo é receber 100 milhões de visitantes por ano, até 2030.

Neymar transferiu-se para a Arábia Saudita, após fazer exigências absurdas e todas elas aceitas. Irá receber € 160 milhões (R$ 860 milhões) nas duas temporadas.  Segundo o jornal Le Parisien, o atacante brasileiro é dono do terceiro maior salário do planeta.

O jogador terá ainda avião à disposição, oito veículos, sendo três para uso próprio, um motorista disponível 24 horas por dia e uma mansão com, no mínimo, 25 cômodos

Todo esse esbanjamento de dinheiro ocorre num país, que nega liberdades democráticas; suprime direitos das mulheres; decapita os homossexuais; destrói o Iêmen; assassinou o jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul em 2018; aplica a pena de morte, sem direito de defesa; bane as organizações de defesa dos direitos humanos; condena migrantes, mulheres e crianças, a tortura e condições degradantes, apenas por se encontrarem no território em situação irregular.

Enquanto acontecem essas cenas degradantes, Biden cumprimenta o rei Mohammed bin Salman, com enorme familiaridade, e Rishi Sunak, primeiro ministro inglês, convida-o para uma visita oficial ao Reino Unido.

Até o presidente Lula convidou Mohammed bin Salman para visitar o Brasil, o que está previsto para 2024. Infelizmente, como se vê, no desporto e na política, o dinheiro lava tudo.

Ney Lopes é jornalista, advogado e ex-deputado federal

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Fernando diz:

    O dr Ney lembrou de todos, mas esquece o grande aliado dos saudistas, o nazista Bolsonaro. Será que o dr esqueceu o Rolex?

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