terça-feira - 29/07/2014 - 07:23h
Concentração de poder

As famílias que dominam o Congresso Nacional

Da revista Galileu e Blog Carlos Santos

Já sabe em quem votar nas próximas eleições? Se depender do histórico recente, é provável que os pais, avôs ou primos do seu candidato já ocupem cargos públicos.

Levantamento recente da ONG Transparência Brasil mostra que quase metade dos parlamentares (47%) que começaram a última legislatura têm parentes próximos* na política. São membros de famílias que há décadas dominam a vida pública no Brasil.

O cenário é ainda mais concentrado quando se trata dos mais jovens — justamente de onde se espera renovação. Dos que foram eleitos com 30 anos ou menos, 79% são filhos ou netos de políticos.

Veja abaixo todos deputados e senadores eleitos com conexões familiares na política e descubra quais são os partidos e Estados onde as “dinastias” — que já preparam novos herdeiros para estas eleições — mais dominam o Congresso.

Os cinco estados com mais “aparentados” ficam no Nordeste. O Rio Grande do Norte ocupa a segunda posição, só perdendo para a Paraíba. Alagoas, Piauí e Pernambuco vêm depois.

O estado potiguar tem 91% dos congressistas com laços de família, os Maia, Rosado e Alves, mas os paraibanos quase fecham a casa dos 100%, com 93% do seu colegiado federal.

Senado de parentes

O que menos tem representatividade baseada em dinastias é o Rio Grande do Sul, considerado um estado de largos avanços sociais e povo muito politizado. Antes dele, em escala decrescente, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Pará e Mato Grosso.

O DEM é onde se concentra maior número de políticos com laços de família, ficando mais atrás o PMDB, PP, PTB e PSC.

O PT é o último colocado nessa relação política consanguínea.

No Senado da República, 52 dos 81 ocupantes da Casa são originárias de famílias que vivem da política há muitas décadas. Percentual chega a 64%.

Na Câmara Federal, ocupada por 513 deputados, 44% vêm de famílias de políticos.

Estudo da Organização Não-governamental (ONG) “Transparência Brasil” (veja no Link colocado no segundo parágrafo desta postagem) diz o seguinte:

“(…) A transferência de poder de uma geração a outra da mesma família, tanto provoca a formação de uma base parlamentar avessa a mudanças significativas, como a perpetuação no poder de políticos tradicionais desgastados, ou até impedidos de concorrer em eleições”.

Outra situação clarividente desse poder, é que na Câmara Federal, 64% dos seus ocupantes são de famílias concessionárias de rádio e TV. No Senado da República, chegamos a 89% controlando rádios e emissoras de televisão. Boa parte, na região nordestina.

A propósito, o Nordeste é o suprassumo do atraso político. Está travado por oligarquias em todos os seus nove estados. No Ceará é onde desponta um sinal de renovação de hábitos, onde as oligarquias têm hoje uma menor força, apesar de ainda muito influentes da capital ao sertão.

Por lá, 44% dos parlamentares federais advêm de famílias tradicionais da política, que continuam despejando seus “filhotes” e outros parentes em Brasília, com a força dos meios disponíveis, republicanos ou não. Tudo aparentemente de modo democrático:  pelo voto.

No Rio Grande do Norte… bem, no Rio Grande do Norte, tudo parece continuar funcionando em capitanias hereditárias.

Oligarquia

A palavra oligarquia é um termo que tem origem na palavra grega “oligarkhía“. Significa em sentido literal, “governo de poucos” e que designa um sistema político no qual o poder está concentrado em um pequeno grupo pertencente a uma mesma família, um mesmo partido político ou grupo econômico.

A oligarquia é caracterizada por pequeno grupo que controla as políticas sociais e econômicas em benefício de interesses próprios. Desde a antiguidade que é considerada a mais atrasada forma de governo/poder. Seu conceito é sempre pejorativo.

O filósofo Aristóteles definia a oligarquia como “a depravação da aristocracia” (organização sociopolítica baseada em privilégios de uma classe social formada por nobres que detém, geralmente por herança, o monopólio do poder, onde o poder é exercido para o benefício de um grupo ou classe e não da população em geral).

Platão, outro filósofo grego, identifica os integrantes do do mandonismo oligárquico como um “bando de exploradores”.

Norberto Bobbio

Num tempo contemporâneo, a filosofia política apenas reitera o que o passado já apontara. Caso do filósofo italiano, gênio planetário, Norberto Bobbio.

Ele via os oligarcas como pessoas que “gozam de privilégios particulares, servindo-se de todos os meios que o poder pôs ao seu alcance para os conservar”.

Qualquer semelhança com a fauna potiguar, não é mera coincidência. Veja os exemplos de vantagens que eles produzem em favor dos seus, em detrimento da maioria da população. Para a parentada, vantagens; para a massa-gente, os rigores da lei e as dificuldades inerentes à própria vida dos comuns.

* Observação quanto à metodologia empregada nesse levantamento: por “parentes próximos” foram considerados: pais, filhos, irmãos, avôs, tios, primos, sobrinhos, cônjuge, genro, nora ou cunhado. Destacou deputados e senadores que começaram a última legislatura, em 2010. Não contempla portanto, mudanças ocorridas desde então.

Veja AQUI página original desse levantamento por partidos, nomes, famílias, estados etc. Vá clicando nos quadros que aparecem e obtenha maiores resultados.

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Categoria(s): Política

Comentários

  1. AVELINO diz:

    “Já sabe em quem votar nas próximas eleições???” Claro que sim!!! “Vou votar com a maioria só pra não perder o meu voto, viu??? E o culpado irrestrito por essa precipitada decisão do eleitorado cego político e desinformado deve-se exclusivamente à publicação dessas “criminosas e tendenciosas pesquisas” que, na minha opinião, deveriam ser rigorosamente proibidas pela justiça eleitoral, caso quisesse fazer mesmo justiça, pois já caíram em total descrédito pela população mais informada devido as “explícitas negociadas tendências” de seus institutos de pesquisa com o candidato que aparecerá como o mais votado, né, não??? Prova disso? O desalinho nos resultados coletados por todas elas…

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