Por Phabiano Santos
Derna priscas épocas, como diria o mestre Dorian Jorge Freire em seu Cadernos de Domingo, ouço dizer que de barriga de mulher, urna e cabeça de juiz tudo pode vir à luz. A tecnologia derrubou a primeira a primeira das três pilastras da sabedoria popular, as pesquisas de opinião pública e o pragmatismo têm ajudado no desvendar antecipado da segunda e a terceira segue ao sabor das controvérsias. Mas, por obra da natureza, o axioma em torno da urna perdeu forças nos tempos de hoje.
E 2020 vai impor incertezas às suas eleições com o advento da pandemia. O Covid-19 vai marcar o pleito com tamanha imposição que é impossível cravar favoritismos seja qual for o ambiente eleitoral.O Covid-19 mexeu com a técnica e a arte delas.
A partir da mudança do calendário eleitoral, com a PEC 107, quando vai tornar elegível alguns inelegíveis em face da prorrogação. E isso muda a atmosfera, altera o quadro. Eleições em 15 e 29 novembro, e caso o Covid-19 insista em seguir acuando algum município pode o prefeito sugerir ao Congresso Nacional maior prorrogação via Decreto, sendo que o prazo é de 27 de dezembro.
Maior mudança virá do voto do eleitor, impondo aos atores maior cuidado no trato dessa arte. É certo que o humor das pessoas vai ditar o voto e o velho Índice de Satisfação Municipal é um balizador, e um dos vetores é a imagem que pandemia desenhará do gestor municipal.
É possível que as quase 80 mil mortes do Covid-19 repousem no colo dos gestores, em todos os níveis, e isso mudará sensivelmente a avaliação destes. É notório que de alguma forma eles erraram na estratégia de combate à pandemia e abriram as veias do sucateamento na estrutura de saúde, a partir do município.
A falta de investimento, do pessoal aos equipamentos, ficou às claras, discutida em todo grupo social com veemência, justo numa área em que dinheiro não falta. Cada eleitor vai ter uma história para contar em desagrado a alguma morte, seja na família, no ambiente de trabalho, na amizade.
Depois, penso, outros vetores serão muito fortes.
AOS OLHOS DO ELEITOR transitará a tecnologia das plataformas e quem dela melhor utilizar. A construção da identidade do candidato e os meios de comunicar-se apresentando projetos municipais consequentes vão ter grande prevalência. Com ele a atração, o engajamento das pessoas ao projeto e a motivação de leva-lo a urna, uma vez que não será fácil tira-lo de casa, principalmente se não houver vacina nem índice beirando a zero na transmissibilidade do vírus.
A mulher-candidata, com projetos consequentes e de presença política na comunidade, tende a agradar mais a escolha eleitoral. Sensível, tende a ser mais confiável, afinal simboliza os cuidados com a criação a partir da maternidade como mister de comportamento. Se há problema na saúde a mulher zela mais eficiente. O exemplo está dentro de casa.
O voto tenderá a ser mais racional. O voto emocional, que tem marcado as eleições brasileiras, produziu tudo isso, da corrupção a falta de zelo com a coisa pública. Chegamos a ter 62% do eleitorado votando pelas cores, pela paixão, em nome de alguém ou de alguma que roubava a sua razão.
Com ele descerão pelo ralo votos de grupos que o representavam, como o da política tradicional e seus símbolos.
A temática será municipalista. Levar para o palanque a disputa de correntes incoerentes da política nacional será erro grave. O povo quer resolver o problema que ronda a sua casa.
Haverá uma vantagem para quem fez política e criou reputação positiva na comunidade. É a sua memória remota aliada à virtual.
É a eleição da incerteza e de quem melhor traduzir a alma humana marcada pela descrença e pelo medo.
Phabiano Santos é jornalista, publicitário e advogado
No ponto. Parabéns, amigo. Show! Como sempre.
Fraternal abraço.
R$3.51 é o valor para não se arriscar; em todos os sentidos.
A razão, tantas vezes levada por um carro de som com boa música, agora pode ser cooptada pelo maior talento e capacidade em desenvolver programas nas maquininhas, nos computadores. A informática vai eleger, em época de Covid-19.
Quem ainda tiver deixado lembranças de boas atuações, quatro meses atrás, pode ter alguma chance. Aquele que tiver protegido seus doentes de melhor forma, mais chance terá porque estarão vivos para votar.
Sim, a candidata mulher terá mais chance diante do desespero que nos cerca. Precisamos de colo. Vemos o perigo que ronda nossa casa. Nunca estivemos tão fragilizados. E a fragilidade pode abrir nossos olhos. Votaremos, se pudermos, feridos. E o ferimento pode fazer com que votemos melhor.
Parabéns, Phabiano. Grande abraço.
Parabéns em duplicidade, sendo para o mestre Phabiano pelo artigo técnico e lógico, e Naide Maria pelo comentário condensado e inteligente. Realmente as eleições deste ano guardam muitas surpresas com tendências de muitos sustos aos concorrentes que se colocam como imbativeis, pois vivemos hoje uma nova realidade oriunda da pandemia mundial.
O eleitor usará mais a razão do que o coração.A era digital substituirá comicios,passeatas,apitos e bandeiras,o eleitor estará mais exigente,mais racional.Hoje com tantos avanços na tecnologia o eleitor deveria votar de casa,através do celular.