domingo - 19/01/2025 - 02:44h

Auschwitz-Birkenau

Por Bruno Ernesto

Auschwitz-Birkenau sob o foco do autor da crônica

Auschwitz-Birkenau sob o foco do autor da crônica

O próximo dia 27 de janeiro marcará oitenta anos da libertação de Auschwitz-Birkenau, o mais famoso e emblemático campo de concentração nazista, onde foram mortas mais de um milhão de pessoas, a maioria delas judeus.

Qualquer fato histórico sobre a Segunda Guerra Mundial é impressionante, porém – tenha certeza -, por mais que você leia, escute ou assista qualquer coisa sobre Auschwitz-Birkenau, nada se compara a andar por aquelas instalações e pôr as mãos em suas paredes. Até o sol e as sombras são diferentes.

Embora seja uma história bem relatada e documentada, com vasto material escrito, diversas vezes retratada no cinema, documentários, e em incontáveis histórias, imagens e imaginário, andar por suas instalações é indescritivelmente angustiante.

Originalmente, primeira parte do complexo – denominada de Auschwitz I e composta por 28 edificações de tijolos aparentes -, era uma instalação militar no sul da Polônia e que, após a invasão alemã em 1939, foi transformada em uma prisão para presos políticos e, somente a partir de 1941 é que teve início a utilização das câmaras de gás, e é lá onde está localizado o famoso letreiro com a infame frase “Arbeit macht frei” (O trabalho liberta), que representa o sadismo dos nazistas.

Para quem, assim como eu, se interessa pela história da Segunda Guerra Mundial, nada mais marcante que poder conhecer pessoalmente onde a história se materializou.

Cada prédio, suas salas e pátios, por si, já permite contar um infindável numero de histórias macabras como, por exemplo, as experiências médicas de Josef Mengele no bloco 10.

O terror do bloco 11, conhecido como o bloco da morte, onde os prisioneiros infratores eram submetidos a um julgamento sumário, e cuja sentença invariavelmente era a morte por fuzilamento, logo ao lado da sala de julgamento. Bastava o sentenciado sair da sala, despir-se na sala ao lado, descer uma pequena escada para o pátio lateral e ser posto de frente ao pelotão de fuzilamento para encontrar o seu fim.

No bloco mais à frente, já em direção à câmara de gás e um pouco antes dela, pode-se ver a trave de enforcamento.

Horror maior foi ter entrado na câmara de gás, correr as pontas dos dedos em sua parede e sentir que os veios escavados nela eram, em verdade, as marcas de arranhadura das unhas de suas vítimas, agonizando em busca de fuga enquanto o gás cianídrico obtido do pesticida Zyklon B as sufocava e, logo ao lado, o crematório lhes aguardava.

Ao lado, via-se a pomposa casa de Rudolf Höss, o comandante encarregado de Auschwitz, onde ele sua família desfrutavam de uma vida em outra dimensão, separados do inferno por ele comandado e que, ele próprio, encontrou o seu fim em 16 de abril de 1947, numa forca posta bem na entrada da câmara de gás do campo de extermínio que ele comandou.

Em verdade, o complexo de Auschwitz-Birkenau é bem maior que se possa imaginar, pois esses 28 blocos que compõem Auschwitz são apenas a primeira parte da máquina de morte nazista, sendo o campo de Birkenau, localizado logo ao lado dele, e que pode ser alcançado em poucos minutos de carro, muito maior, e cuja primeira visão de quem vão visitá-lo são os trilhos nos quais chegavam os vagões abarrotados de prisioneiros. Simplesmente é inacreditável.

Como já pontuei em outras oportunidades, a história, por vezes, é muito irônica, pois, naquele 27 de janeiro de 1945, Auschwitz foi libertada pela Primeira Frente Ucraniana, que na época fazia parte da União Soviética, e era comandada com mão de ferro por Stalin, e hoje é a Ucrânia quem luta para se ver libertada da Rússia.

Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor

Compartilhe:
Categoria(s): Crônica

Faça um Comentário

*


Current day month ye@r *

Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2025. Todos os Direitos Reservados.