Por Bruno Ernesto
Em outra oportunidade, mencionei que o pintor holandês Vincent van Gogh (1853-1890) dizia que as pinturas vinham para ele, como se estivesse num sonho (veja AQUI)
Antes da fotografia, a pintura, especialmente a pintura a óleo, era a única maneira de retratar o mais fielmente possível a imagem de alguém.
Se hoje a fotografia e o ato de fotografar são disseminados, e até mesmo algo trivial nas nossas vidas, antes não era.
Dentre tantas razões para a limitação de antes, penso que o custo e a escassez de bons artistas eram determinantes.
Particularmente, gosto de fotografias em preto e branco, independentemente da temática. Embora não tenha tanta habilidade para belos registros, dignos de serem instagramáveis.
Tem quem goste de fotografias de paisagens; há aqueles que preferem fotos espontâneas; já outros preferem fotografar a refeição; os que registram os encontros familiares e com amigos; e há aqueles que preferem o autorretrato, ou, em termos atuais, a selfie.
Embora massificada atualmente, a fotografia, há um bom tempo, já se transformou em arte. Há fotografias belíssimas.
Se antigamente uma boa pintura a óleo dependia da habilidade do pintor, hoje, por mais que a tecnologia facilite o ato de fotografar, tanto antigamente, quanto atualmente, é comum lançar mão de um pequeno artifício: alterar a imagem.
Não que não seja de um todo ruim. Claro que não!
Além de melhorar a imagem, podem-se empregar muitos efeitos, transformando aquele simples registro em uma belíssima imagem.
No caso de um autorretrato a óleo, como os de Vincent van Gogh, há uma particularidade que muitos artistas empregam nesse tipo de arte e que o fazem, por vezes, independentemente de seu estilo.
Se você observar, muitos desses autorretratos não têm qualquer semelhança com seu autor.
Por vezes, embora se pareçam com eles, há detalhes que transmitem inúmeras situações e sentimentos, bons ou ruins, sendo esses autorretratos uma maneira sutil que o artista utiliza para transmitir seus sentimentos, tal qual uma selfie nos dias de hoje.
É interessante observar detidamente um autorretrato, como os de van Gogh, pois o olhar penetrante faz transparecer nossos próprios sentimentos, tal qual o artista transmite os seus.
Há quem diga que o olhar passa confiança, mostra mais atenção e cria uma conexão com a pessoa.
É sutil, mas o olhar diz tudo.
Como naquele velho ditado, de que uma imagem diz mais que mil palavras.
Assim, vez ou outra, é bom fazer um autorretrato; ou, para nós, uma selfie.
De preferência, sem filtro.
Bruno Ernesto é professor, advogado e escritor
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