terça-feira - 16/10/2007 - 12:12h

Brasil troca riquezas vultosas por sobras para famintos

A Grande Imprensa noticia hoje uma faceta quase obscura da economia brasileira, que apenas reforça a crença num processo de expropriação multissecular, com o qual continuamos convivendo. Pacificamente. Como gatinhos ronronando à mão do opressor internacional. 

"Embora o governo aposte na chance de o Brasil receber recorde de investimentos estrangeiros neste ano, dados do Banco Central mostram que a remessa de lucros e dividendos para as matrizes das multinacionais nos quatro primeiros anos do governo Lula foi o triplo da registrada entre 1999 e 2002, no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso", informa a Folha de São Paulo hoje.

"Entre 2003 e 2006, no primeiro mandato de Lula, a cada US$ 10 que entraram no Brasil, outros US$ 6 foram enviados ao exterior como ganho às sedes. Nos quatro últimos anos da gestão FHC foram remetidos US$ 2 para cada US$ 10 que entraram no país – valor pouco acima dos US$ 2,5 remetidos durante o primeiro mandato do tucano, entre 1995 e 1998. O ingresso de investimentos estrangeiros entre 2003 e 2006 somou US$ 62,1 bilhões, enquanto as remessas foram de US$ 37,8 bilhões, conforme os números do BC", continua a matéria.

Adiante, ainda acrescenta: "Com o aumento desse envio de lucros, parte do efeito positivo que a entrada desse capital tem sobre as contas externas é reduzido. Para alguns analistas, as remessas de lucros feitas na primeira metade do governo Lula refletem o que aconteceu no segundo governo FHC, quando, puxados pelas privatizações, os investimentos estrangeiros totalizaram US$ 100 bilhões. Ou seja, agora que esses investimentos bilionários estão dando retorno, o envio de lucros para fora do país aumenta."

Os governos Lula e FHC são parecidíssimos. Assumiram na íntegra e até com ortodoxia a cartilha do espoliador. O vocábulo "globalização" rima com espoliação. Enquanto multidões famélicas se encantam com as sobras, contidas no "Bolsa Família," o capital internacional e a plutocracia continuam levando a melhor. Nunca os bancos lucraram tanto.

Continuamos sendo o que o então presidente Theodore Roosevelt comentava no início do século passado: "A América Latina é o quintal dos Estados Unidos". Continuamos.

Somos fonte de matéria-prima em termos de riquezas naturais e força de trabalho. E ainda batemos palmas e copiamos quem nos escraviza, como pobres cucarachas, fazendo macaquices.  

Só uma nação de dimensões continentais, com ignorância proporcional ao tamanho territorial, comporta esse modelo de relação promíscua e pusilânime.

Pobre Brasil.

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Comentários

  1. Ceiça Praxedes diz:

    Caro Jornalista Carlos Santos,
    não precisamos ir muito longe para nos depararmos com exemplos do descaso dos Governos com a indústria nacional. Basta observarmos o que acontece com o sal marinho potiguar superior em qualidade e gerador de empregos e rendas para nosso Brasil, hoje ameaçado gravemente pelo sal chileno, que entra e sai de nosso país protegido e beneficiado pelas políticas tributárias que regem o Mercosul e as exportações brasileiras. Que fazer? Parabéns pelo sucesso merecido do blog. Ceiça Praxedes.

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