Por Odemirton Filho
“A crônica é literatura que se apega às coisas miúdas da vida. Nasce do rés do chão, com uma simplicidade reveladora e penetrante”.
No último dia 30, o Brasil perdeu a verve do cronista Luís Fernando Veríssimo. Ele deixou um legado imensurável de crônicas, contos e romances. Nascido em Porto Alegre/RS, em 1936, Veríssimo era detentor de uma fina ironia. Em seus textos, sabia navegar no cotidiano e perscrutar a alma humana.
Assim é o cronista. Do simples, extrai o que há de melhor na vida. No entanto, não fica amarrado ao estilo culto da língua. Ao contrário, prefere a linguagem coloquial que se identifica com o dia a dia das pessoas. O cronista observa a paisagem, um jardim florido, uma praça, o azul do mar, o luar, um casal enamorado, conseguindo transformar o que parece banal em especial.
Certa vez, ao ser entrevistado, Veríssimo disse que com trinta e poucas linhas se conseguia escrever uma crônica. Entretanto, em relação ao romance, essa quantidade de linhas daria, talvez, para um capítulo de um livro. Sem dúvida, ao escrever crônicas podemos enveredar por caminhos diversos, às vezes, de forma sucinta, deixando fluir palavras carregadas de sentimentos, lembranças e saudades.
Entre os seus inúmeros textos, destaca-se a série de crônicas sobre a Velhinha de Taubaté. Tratava-se de uma senhora que acreditava no governo durante a gestão do general João Baptista de Figueiredo (1979-1985). Ela continuou a acreditar nos mais variados políticos até que, com o tempo, de tanto se decepcionar, morreu. (Tenho para mim que continua vivendo em pessoas que acreditam e idolatram políticos).
Luís Fernando gostava de frases marcantes, instigantes, reflexivas. Eis algumas: “No Brasil o fundo do poço é uma etapa”. “Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”. “Os tristes acham que o vento geme, os alegres acham que ele canta”. “O futuro era muito melhor antigamente”.
Bravíssimo, Veríssimo. Valeu!
Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos
























Luiz Fernando Veríssimo, filho de um grande autor e escritor Gaúcho (ÉRICO VERÍSSIMO). Entendo que deixou uma grande obra, na razão diretas de pensar e nos fazer refletir brilhantemente acerca das dita coisa miúdas do nosso cotidiano.
Veríssimo como poucos, tinha a capacidade de falar pouco e dizer muito e de forma lúcida, escrever concisamente e nos levar caminhar por recônditos e luminosos reflexivos acerca da condição humana.
Cronista como poucos, sua obra nada fica dever aos escritos que nos legaram igual e brilhantemente, brasileiros como Mario Quintana, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Carlos Drumond de Andrade dentre outros…!!!