quarta-feira - 18/07/2012 - 10:14h
Tudo pelo voto

Cada um ‘no seu quadrado’, um novo jeito de fazer política

Mossoró experimenta e testemunha na campanha eleitoral deste ano, uma modalidade de concentração política que está se consolidando. É uma alternativa que serve a governistas e oposicionistas.

Talvez nos manuais de marketing eleitoral e político ainda não esteja dicionarizado um neologismo para definir esse tipo de encontro, mas na prática ele tem-se mostrado muito eficiente. Trata-se de encontro para grande número de pessoas num espaço residencial.

Em Mossoró, esse tipo de reunião começou há vários anos no Sítio Canto (ou Cantópolis), em mobilizações da militância pelo grupo da hoje governadora Rosalba Ciarlini (DEM). O local é um imóvel com perfil rural em pleno centro da cidade, à margem esquerda do rio Mossoró, patrimônio da família do ex-governador Dix-sept Rosado, sogro de Rosalba.

Larissa (de costas) com casa em 'sessão motivacional' (Euclides Sátiro)

Na campanha deste ano, a candidata a prefeito pela oposição, deputada estadual Larissa Rosado (PSB), realiza regularmente verdadeiros comícios num endereço que foi residência de sua família, no bairro Nova Betânia. Na última segunda-feira (16), à noite, por exemplo, aglomerou considerável plateia para anunciar adesões à sua campanha de lideranças e figuras populares ligadas tradicionalmente ao governismo. O ponto alto foi a presença e discurso do vereador Genivan Vale (PR), que se distanciou do palanque governista para apoiá-la.

No governismo, a candidata à prefeitura – vereadora Cláudia Regina (DEM), tem ocupado a mansão da prefeita de direito Fátima Rosado (DEM), a “Fafá”, para igual movimentação. Neste ano, o Sítio Canto foi ignorado, mesmo se levando em conta que a governadora Rosalba é seu principal cabo eleitoral.

A tática de juntar partidários num canto fechado mostra algumas vantagens. Pode ter começado sob outros propósitos e até sem um foco cientificista, mas claramente revela muitos acertos. É uma forma de melhor aglomerar seguidores, oportuniza maior sintonia entre candidatos e aliados, garante maior concentração do público à pregação partidária, oferece maior segurança e cria um ar de familiaridade entre candidatos e seus eleitores.

Culto

Nesses verdadeiros comícios, há um misto de louvação messiânica e culto motivacional. Marqueteiros, políticos, adesistas e populares parecem entrar em transe, numa mesma comunhão. Não faltam músicas, foguetório, gritos de guerra e bordões que procuram manter os participantes acesos.

Enfim, cada um no seu quadrado, tenta fazer a campanha parecer mais emocionante e intensa do que ocorria no passado. Pouco provável que consigam superar a era das vigílias, passeatas, carreatas e comícios de multidões, além dos showmícios (comícios com apresentação de bandas e artistas da música). Mas sem dúvidas é uma tentativa louvável.

Em outras eras, grandes oradores, disputas em formato de clássicos de futebol (Verde x Encarnado) e um ar até bucólico e passional das cidades, tornavam as campanhas um acontecimento social. Nos dias atuais, quase nada atrai o povão à festa das ruas. A insegurança e incontáveis interesses como Internet e televisão recomendam distância do festim político.

Por isso, é que os políticos e seus marqueteiros precisam ser muito inventivos. Não é fácil tirar ninguém de casa para ficar só no blablablá. E a própria legislação eleitoral, mas rigorosa e vigilante, tem inibido atrativos como distribuição de lanches, combustível, camisetas etc.  à convocação da massa-gente.

Novos tempos. Podem não ser melhores e mais lendários como no passado, mas têm sua própria magia e até um certo charme.

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Categoria(s): Eleições 2012

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