A exumação da falecida Empresa de Promoção do Turismo do Rio Grande do Norte [EMPROTURN], pela governadora Wilma de Faria, ressuscita um assunto polêmico que tem sido sistematicamente ignorado pela imprensa local.
Refiro-me à extinção e ao desaparecimento de valiosa coleção que compunha o acervo do Museu do Minério, por muitos anos instalado na área mais nobre do Centro de Turismo, em Petrópolis.
Eis um assunto que, apesar de esquecido durante tanto tempo, deve ser chamado à discussão, para que a opinião pública saiba o que foi feito do único museu, no gênero, que existiu no estado e que, desde o seu misterioso desmonte, transformou-se em um assunto tabu até para o Ministério Público, que nunca se aluiu do seu canto para investigar o seu paradeiro e responsabilizar os culpados do seu desaparecimento, sob todos os aspectos, bastante suspeitoso e digno da atenção dos homens da lei.
Criado ainda sob o governo ditatorial, o Museu do Minério foi idealizado para dar testemunho das nossas riquezas minerais, numa época de ufanismo em que o turismo estava nascendo entre nós e precisava de atrativos para cativar o turista, sempre ávido de curiosidades.
Portanto, acharam por bem colocá-lo em contato com a variedade de pedras preciosas e semi-preciosas que se podem garimpar em nosso território norte-rio-grandense, como ocorre agora, com a propalada mina de esmeraldas, recém-descoberta no município de…
É preciso identificar os responsáveis pelo desmonte do museu e desbaratamento do acervo, que naturalmente custou aos cofres públicos e explicar de que maneira o espaço físico ocupado por ele passou, sem licitação, ao domínio de particulares. E, sobretudo, quem lucrou com isso? Como se processou a transação? Quem ordenou o desmonte e sob que alegação foi concretizada em prejuízo da cultura do Rio Grande do Norte? Para onde foram as pedras preciosas e semi-preciosas que compunham esse acervo? Foram vendidas? E a quem foram vendidas? Por quanto?
São perguntas que o Ministério Publico precisa esclarecer com a presteza que o caracteriza. A Promotoria de Defesa do Patrimônio precisa começar a investigar essa historia que ficou no anonimato durante mais de uma geração.
Um museu e por definição demasiadamente visível para desaparecer assim, sem explicação, de um momento para outro. Alguma coisa de muito suspeita há por traz de tudo isso.
Franklin Jorge é escritor e jornalista (Franklinjorge@yhaoo.com.br)
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