Por Marcos Ferreira
Estou ciente de que diversos tipos de exemplos valiosos ficarão de fora. Outra coisa é que não entrarei em detalhes sobre os que apontarei ao longo desta relação. É sempre um risco a gente fazer listas, seja de que tipo for. Mas vamos logo ao que interessa, pois esse nariz de cera já ficou muito comprido.
Alguns nomes ou conjunto de palavras me causam especial agrado e admiração. Tenho gosto por um sem-número de coisas, desde denominações de carros (marcas, modelos) e por certos registros incomuns de pessoas.
Basta a gente fazer uma ligeira busca na internet e lá está uma série de exemplos de indivíduos batizados de modo perverso. Vejam quanta maldade: Terezinha Tosse, Magnésia Bisurada do Patrocínio, Primavera Verão Outono Inverno, Restos Mortais de Catarina, Faraó do Egito de Souza, Sebastião Salgado Doce, Padre Filho do Espírito Santo Amém, Chevrolet da Silva Ford, Oceano Atlântico Linhares, Necrotério Pereira da Silva. São incontáveis os ferretes esdrúxulos por aí afora.
Meu gosto por nomes-títulos diferentes não se resume a seres humanos. Há topônimos, sobretudo de municípios, batizados de forma belíssima e, a meu ver, poética. Em mais uma pesquisa, mencionando somente os nossos, quero registrar nestas linhas os municípios potiguares de Santo Antônio do Salto da Onça (que um vigário desocupado abreviou para Santo Antônio), Caiçara do Rio do Vento, Jardim de Piranhas (como pode um jardim conter piranhas?!), Passa-e-Fica, São Miguel do Gostoso (decerto uma delícia), Rio do Fogo, Serra Negra do Norte e Riacho da Cruz.
Na seara da literatura, entre tantos e tão bonitos, pincei os seguintes títulos e seus respectivos autores: “O morro dos ventos uivantes” (Emily Brontë); “Memórias do cárcere” (Graciliano Ramos); “Ensaio sobre a cegueira” (José Saramago); “Lavoura arcaica” (Raduan Nassar); “Memórias póstumas de Brás Cubas” (Machado de Assis); “A insustentável leveza do ser” (Milan Kundera); “Tomates verdes fritos” (Fannie Flagg); “Quarto de despejo” (Carolina Maria de Jesus); “Morte e vida severina” (João Cabral de Melo Neto); “A sombra do vento” (Carlos Ruiz Zafón); “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios” (Marçal Aquino); “As vinhas da ira” (John Steinbeck) e, modéstia à parte, “A hora azul do silêncio” (Marcos Ferreira).
Da Sétima Arte, para não passar em branco, recordo alguns filmes intitulados de modo criativo: “Abril despedaçado” (melhor filme brasileiro que eu já vi), “O senhor dos anéis”, “Um estranho no ninho”, “O silêncio dos inocentes”, “Bastardos inglórios”, “O auto da Compadecida”, “Os homens que não amavam as mulheres”, “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” e “Laranja mecânica”.
No mês passado, precisamente aos 16 de março, no Mosteiro da Santíssima Trindade, ocorreu o lançamento (outro nome bonito) do livro de poemas “Um provinciano no caos”, mais uma obra do escritor cearense-potiguar Clauder Arcanjo. O aspecto complicador, ao menos para mim, é que foi às nove e meia da madrugada, em uma manhã de sol vivíssimo. E eu, que tenho uma reputação de vampiro a zelar, com raríssimas aparições em público, sobretudo à luz do dia, não poderia levar falta. Coloquei meus óculos antirreflexo contra o astro-rei e fui de carona com o autor.
Nessa oportunidade, apesar do meu desconforto com o sol e com o fato de estar num ambiente com muita gente por metro quadrado, reencontrei uma porção de figuras bacanas da intelectualidade e literatura deste município, homens e mulheres que eu não avistava há um longo tempo. Até me senti à vontade.
Voltando aos nomes curiosos, eis que os meus ouvidos captaram esta combinação bombástica: “cafeteira explosiva”. Isto porque, entre os convidados que compareceram à manhã de autógrafos, entrei num bate-papo com os advogados e intelectuais Marcos Araújo e o remoçado André Luís. Foi uma conversa saborosa, com direito a poses para fotos e comentários espirituosos. E desse encontro firmamos o compromisso de ambos virem a esta minha inspiradora Casa Branca da Euclides Deocleciano, 32, no Conjunto Walfredo Gurgel, para entabularmos mais um colóquio regado a cafezinhos; desta feita com a presença do nosso guapo Editor Carlos Santos.
Estávamos em total sintonia. Até que o douto (não confundir com doutor) Marcos Araújo, com seu carisma notório, anunciou que levaria, para incrementar nosso cafezinho de final de tarde, uma cafeteira, segundo ele, especial. Foi aí que a bomba estourou. Pois o impagável André Luís, num bate-pronto, me fez este alerta da mais absoluta gravidade: “Cuidado! Ele já explodiu duas residências com essa cafeteira!”. Achei isso um repente fantástico, uma facécia da melhor categoria.
E eu ri às pampas com essa boutade.
Nosso amigo Marcos Araújo está se recuperando de um acidente doméstico (ressalto que não foi com a “cafeteira explosiva”) e torço que em breve possamos escolher uma data para o nosso cafezinho (sem qualquer perigo) com a cafeteira especial do colaborador deste Blog Carlos Santos. Vai ser bom.
Esse nome, portanto, ficaria bem na capa de um livro de contos. Talvez um título de filme, o que me recorda o famoso “Máquina mortífera” (estrelado por Mel Gibson), e até mesmo para nominar uma simples crônica.
Marcos Ferreira é escritor
-“A hora azul do silêncio” meu favorito!
Que bom que ocorreu tudo bem no café rsrs
Obrigado.
Painho ama muito você.
Beijos.
Olá, Marcos!
Boa tarde!
Bem, um cafezinho sempre é a melhor pedida! E quando acompanhado de bons amigos, melhor ainda! Espero que em breve aconteça o encontro… E por falir nisso, qualquer hora darei o ar da graça!
Abraços
Olá, Vanda.
Será muito bem-vinda.
Vamos combinar um dia que dê certo pra nós.
Fico no aguardo.
Abraços.
Tem nomes que ativam o nosso imaginário; o título dessa crônica é meio assustador. Trabalhando no Banco já vi cada nome que dava pena ver o seu detentor. Não sei onde vem a inspiração pra tanta coisa esquisita! Pra ilustrar filmes, livros, séries, acho interessante nomes que agucem a curiosidade. Tem filme que a gente decifra o título quando chega ao fim. Mas é sempre bom, ver a criatividade. A hora azul do silêncio, me fez perguntar a mim mesma: o silêncio tem cor? Certamente que, subjetivamente, muitas coisas tem cor, sabor, som, textura, odor… vai de cada um. O momento em que inspiraram os nomes. Igualmente ao escritor, já assisti filmes mais de uma vez; li livros e repeti; tentei repetir o sabor de algo que comi, testando na minha cozinha. Tudo o que nos toca, de alguma forma, nos transforma! Mas em relação às explosões, acho que as melhores são as de afeto e carinho! Boa semana a todos!
Querida Bernadete,
Obrigado, mais uma vez, por sua participação e colaboração.
Sempre generosa e ateciosa para com este cronista.
Suas palavras são um grande estímulo.
Uma ótima semana para você. Saúde e paz.
Abraços.
P.S. O aniversário do nosso querido escritor, é quarta-feira, dia 10/04.
Boa tarde querido Amigo, não esqueçamos do nome estranho do nosso estado: Rio Grande do Norte. Não fica no norte e não tem rio grande!
Um abraçaço
Um bom café, acompanhado de boas pessoas, é uma combinação espetacular!
Que texto lindo! Parabéns, Marcos. 👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏.
Não há nada melhor, do que um bom café, e uma boa prosa com os amigos. Parabéns pelo texto, amigo poeta! Abraço carinhoso das bandas do Norte! 🤗
Ainda bem que estava lá, quero dizer, no evento de lançamento do livro de Clauder. Realmente, alguns títulos são esdrúxulos, porém outros são de uma delicadeza infinda. Com relação ao café e a cafeteira, e a favor do “douto” Marcos Araújo (espero que já recuperado do acidente caseiro sofrido no dia seguinte ao evento) o cappuccino feito lá no escritório dele, acredito, na máquina que ele vai levar para o tal café, é de primeira. Enfim, Caiçara do Rio dos Ventos e a Sombra do Vento, são, no meu humilde pensar, títulos lindíssimos.