Por Odemirton Filho
Em recente entrevista o filósofo contemporâneo Jürgen Habermas afirmou: “não pode haver intelectuais se não há leitores”. Ressaltou, ainda, que a sociedade atual não aprendeu a lidar com as redes sociais de forma civilizada.
Com efeito, a carência de leitura é um dos problemas que estamos a vivenciar.
Lemos pouco.
Estamos “viciados” nas redes sociais e as leituras que realizamos são, no mais das vezes, superficiais, sem a profundidade que um sólido conhecimento exige.
Como é sabido, qualquer formação pessoal requer estudo e, sobretudo, leitura, para que se tenha um embasamento consistente e poder de argumentação.
Aliás, li, recentemente, que opinião não é argumento, mas apenas uma crença de quem opina, sem qualquer fundamento.
Atualmente, qualquer dúvida pode ser pesquisada, de pronto, consultando-se à internet.
Com essa consulta achamo-nos detentores do conhecimento e aptos a discutir, com propriedade, qualquer assunto.
Não se pode, é certo, deixar de creditar as redes sociais essa socialização do saber, mesmo que de forma superficial.
Contudo, é lugar-comum na formação educacional as leituras rasas.
O estudo, não raro, resume-se aos “slides” dos professores ou aos esquemas de determinadas matérias.
Os docentes que cobram leitura mais aprofundada são tachados de “carrasco” ou outros epítetos.
A construção do conhecimento exige dedicação e profundidade. A liquidez na leitura, usando a expressão de Zygmunt Bauman, torna-nos intelectualmente frágeis, sem a densidade que o mundo competitivo exige.
Qualquer texto que contenha mais de duas folhas ou que requeira cinco minutos de atenção já dispersa o leitor.
Como sabemos, vários fatores podem ser destacados para essa carência de leitores, evasão escolar, falta de incentivo por parte dos pais, escolas sucateadas, professores desestimulados, entre outros.
Desta forma, em razão desse quadro desalentador, há um longo caminho para transformar essa realidade e tornar o Brasil um país de leitores.
Odemirton Filho é professor e oficial de Justiça
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