Familiares do ex-deputado estadual Carvalho Neto (falecido em 1995 ao 58 anos de idade) começam a esquadrinhar ideia de montar um memorial em sua homenagem. Deverá ser em sua terra natal, Antônio Martins (região Oeste do RN).
Na época em que fazer política com radicalismo era regra, ele era um dos melhores no ofício. A verborragia e o destemor abalavam qualquer palanque.
Joaquim Inácio de Carvalho Neto nasceu em 27 de setembro de 1936 e faleceu em acidente automobilístico na BR-304, no dia 3 de fevereiro de 1995. Ele retornava para Natal em seu carro, após sepultamento do ex-deputado federal Vingt Rosado em Mossoró.
Linhagem política
Bacharel em direito e promotor de Justiça, empresário, agropecuarista, Carvalho Neto vinha de uma linhagem de políticos, como dois tios que tinham sido prefeitos do Natal – Joaquim Inácio de Carvalho Filho e Antônio Martins Fernandes de Carvalho.
O primeiro chegou a ser senador e o outro teve um mandato de deputado federal.
Carvalho Neto fora deputado estadual pela União Democrática Nacional (UDN) ao ser eleito em 1958. Chegou a assumir vaga na Câmara Federal quando era primeiro suplente e esteve por três mandatos como prefeito de Antônio Martins.
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Homenagem mais do que merecida! Você sabia, Carlos, que ele , depois de 64, dispôs-se a assinar Habeas-Corpus para inúmeros presos políticos, redigidos por advogados que não queriam ou não podiam comprometerem-se? Alguns desses advogados contaram-me sobre isso. Inclusive explicando o porquê de não poderem assinar os Habeas-Corpus. Carvalho Neto era uma figura adorável. Sua verve de “violência” não faz justiça à sua feição suave e amiga. Éramos amigos e brigávamos muito. Tudo terminava em prosa, quando um precisava do outro. Saudade dele. Faz falta ao universo político dessa mísera província política.
NOTA DO BLOG – Sobre os habeas corpus eu sei de informações esparsadas, inconsistentes.
Mas bem que podias escrever no próximo domingo sobre ele, contando causos e brigas mesmo, como tiros na AL com Moacir.
Sugestão dada, pauta ofertada.
Abração.
Grande Carvalho Neto. Nasceu na comunidade de Saco Grande, em Martins, mas que nunca teve ”saco” para suportar insultos.
É interessante saber mais sobre a sua história, inclusive, caro François, se é verdade que certa vez ele colocou um caixão de defunto em cima do palanque, e fez um comício desafiando os seus adversários a assassina-lo.
Se verdade for, imaginem se um como fato como esse acontecesse nos dias hoje.
1) Os paredões de som tocando a Lambada do Tibúrcio em ritmo fúnebre.
2) O carro da funerária ao lado do palanque.
3) Velas e coroas de flores doadas pelos correligionários enfeitando todo ambiente.
4) As Ala Moças segurando Terço nas mãos e vestidas de preto da cabeça aos pés.
5) No telão, a imagem de um Atestado de Óbito em nome do candidato.
6) Ao lado caixão, várias dondocas travestidas de Carpideiras ensaiando o choro final.
7) Ao lado do candidato, dois homens segurando duas pás.
8) Um padre abençoando e jogando água benta sobre o candidato.
9) Na alto do palanque, um grande Sino pendurado e badalando pausadamente.
10) Os papudinhos em festa ”bebendo o defunto” antecipadamente. Tudo 0800.
11) Um carro de som anunciando o horário do enterro.
12) Enfim, o locutor gritando no microfone: ”É ele ou num éééééééé´! ”Vai morrê, ou num vaaaaaaaaaaaaaaaai!!!!”
13) O povão em alto e bom som: ”Num vai! Num vai! Num vai!
14) Os papudinhos: ” Homi, deixe de conversar merda. Se ele num morrê, a festa vai perdê a graça”.
Homenagem muito merecida e importante para a história de Antônio Martins.
A figura de Carvalho Neto é impar e o seu nome está cravado na história daquele sofrido município como a MAIOR LIDERANÇA POLÍTICA QUE ALI EXISTIU ATÉ OS DIAS DE HOJE. Muito interessante a narrativa levantada pelo colega sobre os Habeas-Corpus assinados pelo mesmo a fim de libertar presos políticos após 1964, noticiam, inclusive que estes fatos causaram a prisão do próprio Carvalho Neto, acusado de advogar e prestar serviços para “comunistas”.
O fato é que o estilo desaforado e sem papas na língua é marca singular dessa figura que governou Antônio Martins por três vezes, meu saudoso pai (falecido em 1998), Francisco Pedro Neto, conhecido como Titico do Pico, foi vice prefeito de Carvalho Neto em seu último mandato como prefeito de Antônio Martins (1983-1989), tendo entre os anos de 1986-1988 a aliança político-partidária que durará desde 1977 (quando Carvalho Neto o convidou para ser vereador para representar a região do Pico Branco) chegado ao fim.
Tenho alguns arquivos guardados sobre a tensão que foi o período em que meu Pai e Carvalho Neto “racharam”, dentre os arquivos consta o rascunho de uma carta enviada para Carvalho Neto em 1987, onde meu pai relatava uma situação de umas viagens feitas em um Jeep com pacientes doentes, na referida carta há, inclusive, o relato da indiferença que prefeito e vice viviam naquele momento. Tempos difíceis, porém que marcaram história na pequena urbe localizada no pé da serra de Martins.
Carvalho Neto foi tenaz, orador com uma dicção apurada, audacioso, cravou na história do RN o seu rompimento com o governador Aluízio Alves, deixando marcada a ousada candidatura a deputado federal em 1962, quando disputou a cadeira contra as tradicionais oligarquias políticas do Estado, fazendo a campanha por todo o RN com um serviço de som instalado em uma KOMBI, onde proferiu discursos inflamados e destemidos que até hoje são comentados em rodas da política contemporânea.
Foi muitas vezes radical, porém, coaduno com as palavras que escreveu François Silvestre em seu comentário, foi amigo, tinha um coração generoso e amou intensamente Antônio Martins e o nosso pobre Estado do RN, fez a sua história e a mesma merece ser reacendida pelos seus descendentes, por isso fico muito feliz ao ler esta notícia neste nobre espaço.
Cesar Amorim
Muito orgulho de ser neta de um grande homem! Político de fibra! Homem honrado! Saudade que não passa nunca.
Essa história do caixão de defunto foi em Ceará-Mirim. Zito Borborema, cantor e líder de uma banda sertaneja, quase morre de medo, pois o mesmo tinha de fazer o show ao lado do caixão. Dizem que o pobre artista passou mal, como medo do caixão e da reação dos “adversários”. O resultado foi…não vou contar.
NOTA DO BLOG – Domingo você conta, meu caro.
tchan, tchan, tchan… tchaaannnn!!!
Carlos o texto do Jornal eu mando com antecedência. O do Domingo já foi…
Nota do Blog – Dessa missão você não escapa, tabaréu!
Aguardamos, arranchados por aqui.
Tive a oportunidade de trabalhar com Carvalho Neto em 1988. Foi um Prefeito que respeitava os profissionais da Saúde. Grande amigo. Senti sua Morte precoce.