• Repet - material para campanha eleitoral - 16 de maio de 2024
domingo - 20/07/2014 - 10:46h
Mossoró sem memória

“Catetinho”, patrimônio cultural, poderá ser demolido

Por Caio César Muniz (O Mossoroense)

Pertencente ao espólio do industrial Jerônimo Dix-neuf Rosado Maia, pai da ex-prefeita Maria de Fátima Rosado Nogueira (Fafá) e do ex-secretário de Cultura de Mossoró, Gustavo Rosado, o casarão mais conhecido como “Catetinho”, localizado defronte à praça Bento Praxedes, foi vendido nos últimos dias e, assim como outros prédios históricos da cidade, corre o risco de ser demolido.

Casarão pertence ao espólio do industrial Jerônimo Dix-neuf Rosado Maia) Foto: O Mossoroense)

Construído pelo banqueiro Sebastião Gurgel, o casarão foi vendido em 1928 a Miguel Faustino do Monte, industrial cearense radicado em Mossoró e ex-funcionário de Delmiro Gouveia, um dos pioneiros da industrialização do Brasil.

Em setembro de 1933, o presidente Getúlio Vargas em visita a Mossoró hospedou-se ali e instalou a sede do Governo Provisório do Brasil, ficando, por este motivo, o casarão conhecido como “O Catetinho”, uma alusão ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, sede executivo do governo brasileiro de 1897 a 1960.

Área comercial

A equipe de reportagem do O Mossoroense tentou contatar o empresário, novo proprietário do imóvel, mas não obteve êxito. Segundo informações extraoficiais, o empresário que já possui um empreendimento sendo construído próximo ao casarão e pode agora usar a área do “Catetinho” para ampliar o seu projeto comercial.

Caso venha realmente a se concretizar a demolição, Mossoró, que tanto exalta o seu passado e a sua história, testemunhará mais uma vez, a perda de parte do seu patrimônio histórico, sendo que nos últimos anos muitos prédios antigos da cidade foram ao chão. Como exemplo, a casa do jornalista Dorian Jorge Freire, hoje transformada em estacionamento; o Cine Caiçara; O Castelinho.

Informações chegaram na última semana à redação do O Mossoroense de que outro casarão, este localizado ao lado da igreja de São Vicente, vizinho ao Palácio da Resistência, também foi vendido e está na iminência de ser demolido.

Lei sem efeito

Mesmo sancionada em junho de 2011, justamente pela então prefeita Fafá Rosado, herdeira de Dix-neuf Rosado, a Lei de Tombamento Municipal não tem se mostrado eficiente quanto a preservação dos prédios antigos de Mossoró.
Nos últimos anos não foram poucos os imóveis que retratavam a história da cidade que vieram abaixo, dando espaço a novos empreendimentos e ficando apenas na memória de quem os conheceu.

Do chamado “Corredor Cultural”, criado na década de 1980, por Dix-huit Rosado, prefeito à época, para preservar as residências dos abolicionistas mossoroenses, hoje restam apenas algumas placas, que eram afixadas nas paredes, guardadas no Museu Histórico Lauro da Escóssia.

Em 2013, o vereador Genivan Vale propôs uma emenda aditiva (nº 52/2013) ao Projeto de Lei nº 1125/2013, que pedia ações de preservação ao patrimônio histórico e cultural da cidade, inclusive com a implementação de uma política de tombamento e preservação dos prédios históricos da cidade.

Mesmo aprovada em junho do ano passado pela Câmara Municipal, a emenda ainda não foi sancionada pelo Poder Executivo. “Quando você tomba um prédio histórico, acarreta custos para o município e parece que o município não quer arcar com estes custos. Falta vontade política para resolvermos este problema”, afirma o vereador.

Compartilhe:
Categoria(s): Cultura

Comentários

  1. Jerfferson Ferrugem diz:

    Só as mansões dos coronéis.. Quero ver tombar a casa de um pobre.

    Por mim, podem botar a baixo.

  2. EMANUEL PEDROSA diz:

    Alguns países da Europa encontraram a solução para estes tombamentos, digitalizando em 3D os imóveis antes da demolição, criando museus “modernos” onde o publico pode resgatar os valores históricos. E por outro lado, estes imóveis que são bem localizados, passam a ser otimizados com a nova estrutura, para gerar renda, empregos e impostos para o município. Os países desenvolvidos já estão com dificuldades financeiras de arcar com estes tombamentos, imagine aqui em Mossoró ?.

  3. Carlos diz:

    Se tomba entre outas coisas, o que tem História, independente de riqueza ou pobreza. Este casarão faz parte do patrimônio histórico de Mossoró, assim como o frevo, prestigiado por ricos e pobres é um patrimônio cultural do Brasil. Uma pena.

  4. Samir Albuquerque diz:

    Enquanto outros países e até cidades de nosso pátria com bem mais noção de civismo e historia, trabalham no sentido de preservar o patrimônio histórico e arquitetônico, até na perspectiva de fomentar o turismo, aqui o negocio é poupar dinheiro / ganhar dinheiro.

    Mas, tudo bem, afinal, o que importa é manter o povo alienado, sem cultura e distante da sua própria historia, até porque, um povo que desconhece seu passado é mais fácil de ser dominado / manipulado.

    Aécio já ensina a algum tempo, Vamos olhar pro futuro, porque né.

    Vergonha!!!

  5. AVELINO diz:

    Com a venda desse imóvel da família agora é certo ter credenciado o herdeiro, senhor Gustavo Rosado, para quitar a determinação judicial em seu desfavor a qual foi condenado de ressarcimento ao erário da quantia de R$ 100 mil, né, não??? Ô homi de sorte, sô!!!

  6. Erivan Santos diz:

    Onde estão; o Instituto Cultural do Oeste Potiguar?, a Sociedade Poema?, a Fundação Vingt-un Rosado?, a Coleção Mossoroense?,a Fundação Guimarães Duque?, a Sociedade de Estudo do Cangaço? Entre outras Instituiçõs Culturais da Cidade? Pobre Mossoro, Capital da CULTURA!

  7. Aldenilson diz:

    Uma cidade que não valoriza o seu passado não pode ter futuro.

  8. carlos henrique Rabiço diz:

    Tem que ser muito cretino, pra botar uma casa dessas no chão. enquanto o homem das cavernas desenhava sua história nas paredes das cavernas, o animais de hoje escarram na própria história, quando vejo atitudes como esta é que tenho vergonha de ter nascido aqui, um país de apenas quinhentos anos demolindo casas de cem anos. Nem animal destrói o próprio ninho. o nojo maior é que quem compra casarão pra demolir e construir prédio, tem a cara de pau e o ato hipócrita de visitar a Europa pra ver construções antigas. Nojo. Nojo. Nojo.

Faça um Comentário

*


Current day month ye@r *

Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2024. Todos os Direitos Reservados.