O domingo (28) abrigou encerramento da 13ª edição do “Mossoró Cidade Junina”. Uma análise fria do evento, com apanhado de depoimentos diversos e mergulho em suas entranhas, revela que sua “terceirização” não passou de um “arranjo”, para privatização de lucros num evento público.
Mas ocorreram avanços.
A contratação da empresa A-Sim de Recife, num processo licitatório que teve seu resultado antecipado por este Blog, por si só já mostrou os rumos da iniciativa. Estava contaminado por vÃcios. Num ambiente sério o caso seria de polÃcia e não para colunas sociais.
Mesmo assim, chegamos a 14 dias de festas.
O Cidade Junina consagrou-se como uma “festa doméstica”. Na prática, encolheu em relação ao perÃodo do governo de sua criadora, a hoje senadora Rosalba Ciarlini (DEM), quando chegou a ocupar todo o mês de junho.
O slogan de “maior” do Brasil é um embuste digno de piadas. Foi propagado apenas pela maioria da imprensa local e o governo municipal. Na prática não resultou em dividendos que derivassem do turista.
O fluxo de pessoas foi amplamente de expectadores internos e da região. Jamais motivou o carioca, paulista, mineiro, baiano ou mesmo sequer os vizinhos cearenses ou paraibanos. Sem estradas e sem aeroporto, sem diferenciais?
Anote-se que a organização não conseguiu atrair sequer um restaurante para se instalar na Praça de Eventos. Tinha expectativa de pelo menos oito ou seis.
A enorme aglomeração humana sempre foi pontual e especÃfica, ou seja, para acompanhamento de shows de atrações que fazem multidão aqui e em outros lugares. Quem juntou a massa não foi o Cidade Junina, mas artistas como Aviões do Forró, Forró do MuÃdo, Leonardo etc.
Na realidade, não há comparativo com promoções do gênero no Nordeste, sobretudo Campina Grande (PB), Caruaru (PE), Aracaju (SE) e outras tantas, principalmente na Bahia. Em Campina Grande a festança tem mais de 30 dias. Circulação de mais de 1 milhão de turistas. Caruaru chega a 1,5 milhão e só deverá terminar por volta do dia 10 de julho.
A prefeitura engendrou uma estranha terceirização, onde quem mais trabalhou foram seus próprios servidores. De adereços da decoração à mão-de-obra, na prática a festa continuou sendo estatal.
Pagou-se duas vezes. Só que esse custo “por fora” não aparece na contabilidade e hoje é difÃcil realmente saber quanto foi torrado. A princÃpio e oficialmente, passa dos R$ 3 milhões, mas o próprio governo se nega a informar detalhes, apesar de cobrado por vereadores oposicionistas na câmara.
Mas tivemos aspectos positivos.
A segurança interna na área das festas foi perto da perfeição, com uso de câmeras de segurança, maior número de homens e mulheres trabalhando nessa tarefa, além de utilização de detectores de metais (armas).
A “Cidadela” ao lado da Capela de São Vicente manteve-se como uma ilha à parte, excludente, separando uma classe – supostamente mais abastada – do povão.
O próprio espetáculo “Chuva de Bala”, no adro da capela, recuperou o aplauso sob a direção didática e segura de João Marcelino.
Foi acertada, ainda, a transferência das apresentações de quadrilhas (juninas, que fique claro), para um pavilhão erguido próximo ao Jornal de Fato na Avenida Rio Branco. Talvez tenha sido o melhor de toda a festa.
O que pode ser tirado dessa experiência? A patota da prefeita Fátima Rosado (DEM) é inábil, autosuficiente e está longe de sustentar o Cidade Junina, que é realmente um patrimônio acatado pelos mossoroenses.
Que venha 2010.
Concordo em gênero, sem número consideravel de turistas de outros Estados e grau de uma “festa simplesmente doméstica”. Recepcionei em minha casa 05 (cinco) artÃstas entre eles bailarinos e arte-educadores de Natal… foi uma decepção geral! Vieram para conhecer o evento e apreciar o espetáculo Chuva de bala no paÃs de Mossoró, sobre a direção de João Marcelino que desta vez dislumbrei algo de novo na encenação, os aspectos (atos e gestos) psicológicos, psico-afetivos dos atores, as nuâncias de corpo e rosto, as emoções, “diferentes de algo chapado no ato de encenar” (fala de J. Marcelino).
achei que nao e isso que procuro mais me ajudou de certa maneira
Não querendo diminuir o Cidade Junina, mas segue o balaço do São João de Pernambuco no link: //www.diariodepernambuco.com.br/Viver/nota.asp?materia=20090630130107
Alguns números me chamaram a atenção: Pernambuco recebeu cerca de 1,2 milhão de pessoas durante o ciclo junino. Sendo 350 mil representados pelos turistas e 890 mil pelo número de visitantes; A ocupação hoteleira foi superior a 95%; movimentação financeira de mais de R$ 90 milhões; Investimento de 8,4 milhões…
Carlos, discordo que a Cidadela seja excludente. Na verdade o povão não costuma ir prá lá porque o estilo musical do ambiente é totalmente diferente das bandas de forró que se apresentam na estação. Por lá desfilam excelentes artistas locais, que apresentam musicas de grandes nomes da mpb, infelizmente pouco apreciadas pela maioria acostumada a massificação do forró do ceará e o sertanejo.