Por Bruno Ernesto
Dia 14 de julho sempre foi uma data especial para mim, pois é a data de aniversário do meu saudoso pai.
148 anos antes do seu nascimento, a Bastilha caiu e o médico Joseph-Ignace Guillotin prescreveu a utilização de um mecanismo que, até hoje, é o sÃmbolo da Revolução Francesa.
Em umas das minhas idas à capital francesa, resolvi percorrer a pé toda a extensão da famosa Champs-Élysées, desde o Arco do Trinfo até a Praça da Concórdia.
Não entrei em nenhuma daquelas famosas lojas luxuosas, que você poderia identificar de longe, só pelo aglomerado de pessoas em frente às portas e vitrines.
Assim como a esmagadora maioria deles ali postos, o que me faltava não era tempo. Se bem, que o meu interesse ali era eminentemente histórico.
Quando você conhece algum fato histórico, especialmente aqueles que reverberam até hoje, é muito emocionante quando você tem a oportunidade de ver, sentir o cheiro, os sons e até a textura.
Por mais que você tenha lido ou escutado sobre aquele local ou fato histórico, nada se compara à experiência pessoal.
Disso, podemos ter tantas experiências e produzir tantas outras histórias sob o nosso ponto de vista, que se torna muito mais interessante quando encontramos pessoas que comungam dessa mesma visão de mundo, ou seja, pessoas que se interessam pelo conhecimento que nos enriquece culturalmente. Há certas coisas na vida que dinheiro não compra.
Conversar e conviver com pessoas que agregam cultura e assuntos interessantes é muito importante para o nosso bem estar, além de abrir novos horizontes, perspectivas, visão de mundo e, sobretudo, de ideias.
E quando falo de cultura e conhecimento, não me refiro apenas à s culturas e histórias estrangeiras de forma excludente, como se ainda estivéssemos no viés do antigo eurocentrismo – se é que ainda de fato exista, diante das notÃcias que se revelam nos últimos tempos -, embora inegavelmente grandes rupturas históricas e sociais tenham tido gênese e eclodido no Velho Continente, especialmente no perÃodo das grandes revoluções, como, por exemplo, a de 14 de julho de 1789, com a Queda da Bastilha.
Aliás, no mesmo contexto histórico, no dia do meu aniversário, a Assembleia Nacional Constituinte da França aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, outro marco na história dos direitos humanos, com a adoção dos princÃpios da liberdade, igualdade e fraternidade que serviram como base de diversas constituições no mundo inteiro.
Embora essas datas sejam mera coincidência, já é um ponto de partida para uma boa conversa.
Dessa maneira, embora o desconhecimento de uma forma geral não deve desmerecer ninguém, há situações nas quais é necessário que sejamos influenciados pelo bom conhecimento, pois todo tipo de conhecimento que agregue algo de bom e útil é valioso. Ainda mais hoje, quando influenciar tem sido sinônimo de degradação cultural e moral.
Isso se reflete vividamente nas pequenas porções de ideias e colocações mal postas e mal interpretadas sobre todos os tipos de assuntos. Especialmente nos embates de posicionamentos ideológicos, desdobrando-se num verdadeiro escárnio sobre questões e contextos históricos, os quais são totalmente subvertidos, quer seja conscientemente para a massa de desconhecedores, quer por eles próprios.
Assim, até hoje se discute se Maria Antonieta, de fato, fez aquela famigerada colocação para que se não tivessem pão, que comessem brioche, o que teria ocasionado a fúria dos franceses e posto a sua cabeça sob a lâmina de Dr. Guillotin, na Praça da Concórdia, no dia do aniversário da minha esposa.
O motivo, afinal, não foi a falta de pão, mas o excesso de brioches.
Bruno Ernesto é advogado professor e escritor
Parabéns pelo texto!
Obrigado, RaÃ. Um forte abraço!
Parabéns pelo instigante périplo turÃstico en terras longinquas, d’além Mar. Fico a me imaginar, sem nenhum ranço de inveja ou outro sentimento medÃocre, a perlustrar estes históricos lugares. Não sei porque cargas d’água me veio ao bestunto um fato um tanto quanto esdrúxulo protagonizado pelo indomável e erudito paraibano AssÃs Cateaubriand. Quando nomeado Embaixador do Brasil na Inglaterra, deliberou envidar por uma posse com lances e facetas eminentemente nordestinos. Ciente de que o solene evento contaria com a emblemática presença da Rainha Elisabeth II, enviou um Emissário da Embaixada (Brasileiro sim Senhor !) em Jato da FAB à ParaÃba, com a missão de comprar rudimentares vestes de couro bovino oara sua equipe de trabalho, destacando-se os peitorais, os “Venâncios” (Calçados de couro, dos Vaqueiros) e as Perneiras. Sabe-se que tais vestimenras exalam um odor não muito agradável. O certo é que a Rainha abreviou sua presença devido ao estranho odor. Soube-se, depois, que o então Presidente da República Juscelino Kubistchek abordou o incidente odorÃfico protagonizado pelo irascÃvel paraibano, ocasião em que caÃram em estrepitosas gargalhadas. GenuÃnas mungangas nordestinas.. Eita que povo autêntico !.
Pois então, meu caro Marcos Pinto. Veja só como são as coisas. A realeza inglesa, reconhecida pelo pouco habito do asseio, se horroriza com pouca coisa. Que o digam as esposas de Henique VIII, em especial Ana Bolena. Um forte abraço! Excelente semana!