Ainda estamos muito atrasados em termos de sociedade. Manchetes e coberturas jornalísticas de nossa imprensa ainda mostram isso muito bem.
Gente humilde e pobre devolver dinheiro “achado”, que não lhe pertence, é destaque nacional;
Poder público pagar salário em dia ganha manchetão.
No primeiro caso, implicitamente constatamos que ser honesto não é predicado de gente de origem nobre e que tenha boas posses.
No outro, é fácil perceber que não evoluímos muita coisa na política e na administração pública, com uma récua de gestores públicos acreditando que cumprir obrigação se trata de mérito pessoal.
Pobre Brasil!
É raro, muito raro, mas ainda existem pessoas honestas neste país. Para sabermos quem são, não é difícil. Basta acompanhar o noticiário nacional. A cada dois, três anos ou até mais, surge um.
Na terra onde roubar é permitido e não é punido, encontrar uma pessoa honesta é tão difícil o quanto avistar um OVNI nos céus. Creio ter explicado a razão de tanta manchete em torno dos mendigos que encontraram o dinheiro e devolveram aos donos.
Em um desses raros casos, no passado, o ex presidente Lula convidou um cidadão que encontrou uma mala com dinheiro em Brasilia, para um encontro no Palácio da Alvorada. Pois bem, cidadão honesto no Brasil é recebido e agraciado pelo presidente do país que por sinal não é honesto. Dá para entender?
Enquanto esse tipo de gesto em países de primeiro mundo é uma coisa banal, faz parte do cotidiano, no Brasil, a ação de Rejaniel, o morador de rua, é um acontecimento raro, um fenômeno digno de ser estampado em primeira página de jornal impresso e manchete em todos os canais de Tvs.
Falta muito, muito mesmo para o povo brasileiro chegar ‘La’. Se é que um dia vai chegar.
Caro amigo/jornalista/bealemaníaco Carlos Santos. A respeito do 1º caso que você mencionou nesta postagem, ouvi hoje de um ’empresário’ mossoroense, o seguinte comentário: “cabra besta, dinheiro achado não é roubado. Por isso que é pobre”. Se eu tivesse comido uma buchada, com certeza teria vomitado na cara dele de tanto nojo. Argh! E em Mossoró tem muitos desses metidos a ricos. Como licença Carlos: Pobre Mossoró.
É aquela velha máxima, que ainda quando estudante primário, Idos anos setenta, um professor meu já profetizara: “há um dia em que chegaremos a ver o brasileiro ter vergonha de ser honesto”. Estamos chegando lá.
Caros amigos, leitores da Coluna Herzog, não sou muito afeito a comentários, mas diante de tão palpitosos temas, não tem como ficar quieto. Me desculpem, se estiver abusando de vossa paciência. Boa noite a todos. E até a próxima.
“Ridículo, ouvir alguém alardear honestidade, como se merecesse uma medalha por isso. Parece até coisa que lhe pesa muito. Quando ela fala, a gente tem impressão de que a honestidade é um fardo muito difícil de carregar. Talvez algumas o façam por burrice ou coisa pior.”
(Milton Pedrosa, em Passos Cegos)
Nós brasileiros somos honestos. Pagamos impostos para que o “Tesouro” (Estado) nos forneça segurança, sáude, educação e previdência. Infelizmene, e não é privilégio apenas do Brasil, os representantes políticos, quase todos, locupletam-se de parte deste imposto, desviando, superfaturando, fraudando licitações. Por isso, quase todos “acham” que ser honesto é atitude de otário e besta.
Exaltar o exterior e falar mal do Brasil não é boa ação para nós brasileiros.
Se alguem em Mossoró se mostra honesto é castigado de uma forma tão violenta e agressiva, que em seguida vai ter medo de se mostrar honesto.