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domingo - 13/09/2009 - 08:25h

Conversando com… Phabiano Santos – 08

Natural de Janduís, radialista, jornalista, publicitário e acadêmico de Direito, Phabiano Santos iniciou sua convivência diária com ferramentas da comunicação em 1977, ainda adolescente. Não parou mais.

Era auxiliar de estúdio (Rádio Difusora) do radialista e depois deputado estadual Jota Belmont. Daí por diante ascendeu na emissora e com passagens por outros veículos em postos meritórios.

São mais de 30 anos envolto com mídia e campanhas políticas (mais de 200), numa carreira multifacetada e vitoriosa no rádio, jornal e marketing.

Neste domingo (13), nosso bate-papo procura extrair seu conhecimento e experiência para debatermos sobre imprensa, política, marketing político e eleitoral. Aproveite.

A conversa está saborosíssima. Ei-la abaixo:

Blog do Carlos Santos – Phabiano, o marketing político e eleitoral no RN, sobretudo no interior, é uma realidade crescente ou ainda uma aventura desbravadora, que enfrenta desconfiança e o contraponto de métodos empíricos de "pitaqueiros" de plantão? 

Phabiano Santos – Costumo dizer que faço catequese. Há lugares com avanços claros, outros com desconfiança e amadorismo. Temos dois tipos de comandantes em eleição municipal: os donos de campanhas sempre utilizarão seus métodos primitivos, até que sejam alijados do processo político; e os coordenadores de campanha, que agem diferentemente. Estes formam equipes, planejam a campanha e distribuem funções e metas; aqueles se guiam pelos ventos. Os coordenadores vencem nove de cada dez campanhas. A que perde, era inevitável perder. Mas, penso que é assim mesmo, como noutras atividades. O hábito de lutar com eles e conviver bem nessa entourage, me fez entendê-los para melhor colaborar com a campanha. 

BCS – Depois de uma bem-sucedida carreira no rádio e no jornalismo, o senhor deixou para trás esse meio para apostar no marketing, na consultoria política etc. Cortou cordão umbilical com a visibilidade da mídia para viver nos intramuros de um ambiente sempre movediço. A ousadia deu certo por quê? 

PS – Gosto do rádio, sinto saudades, como também do ambiente de redação de jornal. Mas, me encanta a consultoria política. Fico radiante em campanha. Gosto do planejamento, da comunicação, da coordenação, da mobilização. Estudo muito sobre isso e aprendo muito nas campanhas que faço do maior ao menor município. Quando decidi atuar no marketing político, busquei me especializar. Fiz cursos de ciências políticas, seminários, consumo leitura especializada. Ando o Brasil. Algo que me ajuda bastante é o fato de ser transparente com as campanhas de trabalho. Falo francamente, sem subterfúgios. Não aceito adiamento de decisões nem atitudes amadoras, nem desonras, nem agressões. Proponho a luta limpa, vendo a regra do jogo. Carlos, desde 1978 vivo política. Sequer era eleitor quando trabalhei na campanha de Jota Belmont a deputado federal. Fazia os discursos, a assessoria de comunicação. São mais de 30 anos, mais de 200 campanhas de prefeito, 500 de vereador, e umas dezenas de deputado. Em campanha sempre haverá polêmica e insatisfações como resquício de inconformismos. 

BCS – O senhor passeou pela publicidade e propaganda privadas, mas passou a priorizar o marketing político e eleitoral. O foco decorre de fatores de mercado, paixão ou existe alguma outra explicação-justificativa? 

PS – Antes de abrir a Agência Modus em 1987, havia feito campanhas eleitorais. No princípio, atendi a contas privadas. Mas, a cada dois anos, quando chegava o período eleitoral, tinha dificuldades de continuar atendendo, em virtude dos contratos com os partidos. O cotidiano de uma campanha é extenuante. Como gostava mais do marketing político, fazia clara escolha. Ainda tenho contas privadas, em virtude de estreitas ligações de amizade e por intimação deles. Há também outro fator: quando comecei, o mercado era amador, difícil. Hoje, não. Há empresários, temos indústria, o setor imobiliário desabrochou. Muitas agências colaboram conscientizando o mercado. Mas estamos nos preparando para esse novo mercado, com profissionais que toquem esse setor. Vou continuar fazendo a criação da agência, mas sem deixar de me apaixonar por cada campanha eleitoral, seja em Mossoró, Natal ou Viçosa, nos bastidores, nos intramurus, me realizando com cada mudança que o curso da campanha vive a partir de uma decisão, de uma idéia, que tomamos.

BCS – Há uma nítida mudança no perfil do político (e da política) brasileiro nas últimas décadas. Devo-lhe confessar que a mutação foi para pior (com exceções, claro). O marketing é em parte culpado pela formação de falsos rubis, contribuindo à produção de uma política de submundo no Brasil contemporâneo? 

PS – Vou estabelecer alguns pontos sobre isso. Primeiro, há mudanças ocorrendo que estão melhorando a política, e que certamente forjarão melhores políticos. Hoje, a mídia está mais presente e mais livre para opinar e cobrar da classe. A opinião pública também cobra mais. Há um manifesto desejo de muitos em praticar a ética. Isso é bom. Quando ao marketing, digo que não mudamos o candidato. Trabalhamos com realidades. Quando somos consultores políticos, traçamos planos, ajustamos imagem, elaboramos a comunicação, sugerimos pauta à sociedade. Em eleição, buscamos potencializar em votos tudo o que fizemos antes. Não tem como mascarar um malfeitor com carinha de anjo. Creio que o que desgraça o político, depois de ungido das urnas, é a maneira como comanda o poder. E geralmente o marketing, só é chamado pra socorrer, resolver problemas, e nunca pra orientar. Quando orientamos os governos, há sintonia candidato-prefeito, por exemplo. Normalmente os maus políticos sobrevivem ainda em virtude das imperfeições do sistema eleitoral, da influência do poder econômico, do corporativismo e da catalisação das massas, entre outros.

BCS – O senhor deriva de um tempo do gigantismo de audiências de rádio e TV, além do pontificado de alguns jornais. O cenário tem mudado velozmente com a pulverização de mídias e a quebra do oligopólio da opinião, sobretudo com o advento da Internet. Qual será o papel desse meio de comunicação nas próximas campanhas políticas? 

PS – Já ganhei campanha com rádio e jornal. Bem utilizados, sozinhos, eram grandes armas eleitorais. Sua importância era tamanha que influenciava também negativamente quando mal utilizados. Enfeixava o povo e o formador de opinião. Perfeita mistura. Aliados à tevê, promovia a totalidade da cadeia informativa. Hoje, ainda são muito importantes, é inegável, principalmente no marketing político, no eleitoral nem tanto. Mas, a internet dá passos largos para quebrar essa supremacia. Não há como desconsiderar a internet no processo de informação. A interação e agilidade, que vêm dela, são fatores importantes para quem deseja estar conectado com a opinião pública. Portais de notícia, Blogs, twiters, sites de relacionamentos, como Orkut e facebooks, são necessários para permitir que as campanhas pulsem instantaneamente junto ao eleitor/internauta. É um avanço no processo político-eleitoral que o parlamento brasileiro não deve cercear. O que se fizer em contrário, é retrocesso.

BCS – Os "caciques" políticos do RN estão conseguindo desmanchar o sistema partidário, quebram a relação histórica de polarização e atordoam com isso o próprio eleitor que não sabe quem é verde e quem é encarnado? Em 2006 juntaram à fórceps Alves-Maias e PFL (DEM)-PMDB para derrotar Wilma de Faria (PSB). Em 2010 a ameaça é Rosalba Ciarlini (DEM)? 

PS – Enquanto a reforma política não vier, seguiremos enaltecendo seus personagens em detrimento dos partidos políticos. Votamos em pessoas. O jogo é assim e o eleitor entende que é assim mesmo, por isso, elege suas preferências desde cedo, os chamados candidatos naturais, que invariavelmente vencem. Vilma venceu em 2002 e muitos ficaram surpreendidos. As pesquisas de 2001 indicavam sua ascensão. Tinha o perfil da preferência do eleitor. Se Rosalba, reeleita prefeita de Mossoró em 2000 exatamente como Vilma, em Natal, tivesse planejamento político para chegar ao Governo em 2002, teria sido ela já naquela época. O eleitor mandou sinais claros que queria mudar. Nem um dos Fernando, Freire e Bezerra, alimentava o interesse do eleitor pela mudança. Para 2010, a candidatura de Rosalba ao governo, sendo assumida pelo DEM, propicia ao eleitor seguir esse raciocínio de mudança revelado com a eleição de Vilma. Ela é o novo no panorama estadual. E o eleitor ainda fica à cavalheiro para em mais dois votos decidir as vagas para o Senado, podendo ser candidatos que estejam ou não em seu palanque. Nessa miscelânea eleitoral, pode agradar a todos, mesmo que um sobre na mesa. 

BCS – Que leitura o senhor faz da sucessão estadual, a partir da disputa paralela por duas vagas ao Senado, com a iminente participação de Garibaldi Filho (PMDB), José Agripino (DEM) e Wilma de Faria (PSB)? A corrida ao governo pode puxar vitoriosos ao Senado ou teremos contenda em faixas distintas?

PS – Há uma candidatura natural que é a de Rosalba, que precisa que o DEM assuma o mais cedo para dar contornos reais e possibilitar sua articulação junto aos grupos políticos e partidários. Além disso, Rosalba é garantia de palanque forte José Agripino, que assim se fortalecerá na disputa. Mesmo sendo Agripino a prioridade do DEM, penso que Rosalba é a sua senha. O governo tem um candidato, Iberê Ferreira, que é o que pode disputar, com chances de vitória. Fora ele, nem um outro. Iberê será candidato sentado na cadeira de governador, comandando sua campanha, além de saber se articular. Tem a linguagem do prefeito. Precisará, porém, da estrutura do PT e de Lula, do PMDB, para se viabilizar e viabilizar o projeto de Vilma para o Senado. Garibaldi encontrará menos desassossego numa aliança com o DEM.  

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Categoria(s): Entrevista/Conversando com...

Comentários

  1. Jean Charles de Queiroz diz:

    Um grande abraço ao amigo Phabiano. Parabéns pela bela entrevista Carlos Santos.

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