Por Marcos Ferreira
Espero que ninguém se ofenda, contudo acho que o trabalho mais ingrato, senão inútil para quem o realiza, é o de copidesque e revisor de textos. O ofício desses lapidadores do nosso idioma é totalmente obscuro. Pois nesse triunvirato entre escritor, copidesque e revisor, quem sempre leva os louros por uma coisa bem escrita (livre de pleonasmos, ecos, redundâncias, erros de ortografia, de concordância verbal e nominal, além da sintaxe por vezes caótica) é o suposto literato.
Precisa-se fazer a seguinte distinção: nem todo revisor é copidesque, porém todo copidesque é revisor. No geral, sem que isso seja considerado um detalhe negativo, o revisor se encarrega da importante missão de localizar e consertar falhas puramente gramaticais e tropeços de digitação. Já o outro faz tudo isso e pode transformar uma página ou livro muito ruim em algo apresentável do ponto de vista redacional. Quanto ao aspecto artístico, aí vai depender de cada autor. Do contrário, ultrapassando essa linha de atuação, descambaria para a alçada do escritor fantasma.
Tudo bem que há aqueles indivíduos fora de série, narradores excepcionais, homens e mulheres com “redação própria”, como no caso de Otto Lara Resende, mas isso não é uma regra. Porque ninguém, por melhor que seja, pode ignorar a prudência e abrir mão de olhos treinados, mais atentos e descansados.
Diante do que oferecem, e considerando a remuneração desses profissionais, pode-se dizer que o reconhecimento é pífio. Na medicina, na advocacia, na arquitetura e na engenharia, por exemplo, é certeza que as pessoas logo perguntem quem foi (ou é) o médico responsável, o advogado, o arquiteto ou engenheiro.
Já em relação a um determinado romance, um livro de contos, de crônicas ou de poemas, ninguém quer saber quem foi o sujeito (oculto) que cuidou do copidesque e da revisão. Sei que as palavras copidesque e revisor aqui empregadas pipocam como um tipo de redundância, todavia não é possível falar acerca dessa questão sem repeti-las.
Segundo Luis Fernando Verissimo, que também foi revisor de jornal: “Os revisores só não dominaram o mundo porque ainda não se deram conta do poder que têm”. A meu ver, enfim, esses operários das letras são muito pouco reconhecidos. Não sei o que seria dos literatos sem os copidesques e revisores.
Marcos Ferreira é escritor
O que eu tiro da crônica de hoje, é que nenhum trabalho se completa sem a ação de pessoas; só que a criação do texto é a parte principal. Que sejam reconhecidos os coadjuvantes: eles existem em todas atividades. Você, amigo escritor, já sai na vantagem. Já foi copidesque e revisor. Vai depender menos de outras pessoas e o seu trabalho refletirá genuinamente a sua ideia. Sempre lembro de algum fato com seus textos: tive um superior imediato no Banco que apontou como falha, eu, no cargo de gerente, ter profundo conhecimento da execução dos trabalhos sob a minha responsabilidade; que eu deveria gerenciar mais e conhecer minimamente o trabalho dos que estavam sob o meu comando. Não concordei com ele! Acho que uma coisa não atrapalha a outra. Conseguia trabalhar muito bem com funcionários novos! Sabia fazer e sabia conferir. O escritor não deve ficar preocupado com a dependência de colaboradores; ele é o dono do texto! Parabéns por reconhecer o trabalho de bastidores! O ato final é seu!!!
Muito obrigado, querida Bernadete.
Sua presença e opinião neste espaço é gratificante.
Um beijão para você e bom domingo.
Grande problema, hoje na pós graduação os estudantes não sabem escrever, por outro lado, como ocorre em todas áreas, o pedantismo chama mais atenção. De minha parte, adoro escritores latino-americanos, que mestiçam entre a norma culta e o uso coloquial, como nosso Oswald de Andrade. O riso deles dilui está confusão. Obrigado pelos seus textos, sempre contribuindo para o bom debate.
Caro amigo e professor Valdemar Siqueira.
Eu que agradeço por sua leitura e opinião sempre tão valiosas.
Desejo uma ótima semana para você e Bete.
Abraços.
Bom domingo, caro Ferreira – artesão da palavra escrita! Além de formador de opinião você é um construtor de alumbramentos e zeloso arquiteto literário.
Meu prezado amigo e poeta Francisco Nolasco,
Fico feliz com seu comentário e carinho.
Desejo uma semana abençoada para você e sua família.
Abraços.
Perfeito! Sem qualquer retoque.
Caro mestre François,
Ganhei o meu dia com esse seu comentário.
Muito obrigado. Ótima semana para você.
Abração!
Já fui (ou nunca deixei de ser) revisor e copidesque, desde os primórdios do jornalismo em meados dos anos 80. Como sou grato até hoje aos meus revisores e copidesques, também. Manias da época nunca saíram, como continuar olhando e revisando o mesmo texto várias vezes. Aqui em Nosso Blog é assim. Escrevo, reviso, reviso, reviso, posto. Durante o dia ainda passo os olhos em busca de alguma vírgula fora do lugar, concordância errada etc.
Vem à lembrança, o professor e cronista José Nicodemos, no Gazeta e De Fato, um mestre único, de conhecimento profundo da nossa língua. Rigoroso, chato, incisivo. Tudo que eu precisava para me fugir minimamente da desavença com Camões, melhorar o estilo etc.
E hoje, hoje – não, há muito tempo, tenho cada um dos webleitores dividindo comigo a tarefa de escrever, reescrever. Sou grato aos puxões de orelha que objetivam minha melhoria, a melhoria da página, do Nosso Blog.
Seu texto é oportuno demais, Marcos. Abração. Bote mais água no café que esbarro por aí. Aviso antes, para fazer surpresa com um saco com bolachas.
Parabéns pelo seu Blog, Carlos Santos! Esse espaço estou ocupando pois, há muito, vejo o nível dele. Navego por ele e me inteiro de acontecimentos de sua cidade e de seu estado. O Rio Grande do Norte é especial: o primeiro voto feminino em eleições, foi no RN. Parabéns a todos vocês. Marcos Ferreira, entrei pra elogiar! Vocês estão de parabéns!!!
Meu prezado amigo e Editor,
Grato pelo estímulo e carinho de sempre.
Você é uma inspiração para este escriba.
Desejo-lhe muita saúde e paz.
Abraços.
Concordo com Carlos Santos quando o mesmo se referiu ao nosso mestre José Nicodemos, pessoa mansa, calma, humilde e prudente que já assistiu e continua a assistir a muitos que militaram e militam ainda, nas redações dos jornais destacados no comentário em tela, escrever é uma arte que ficou para poucos, muitos a temem e não se atrevem.
Marcos Ferreira é um dos que integra a vala dos escolhidos e sem temor, sabe fazer com a essência do seu espirito criativo, coisas que só um mestre é capaz. Parabéns amigo!
Querido Rocha,
Obrigado pela leitura e incentivo.
Aguardando você, Carlos e Odemirton para o nosso cafezinho e bate-papo. Saudades das suas boas histórias.
Abração!
Nem me fale, pense como sou grato pelo trabalho que meus amigos fizeram já revisão do meu Livro de História do Rio Grande do Norte e recentemente na minha dissertação do mestrado! Grato demais a essa galera que melhora o que se escreve e por vezes, veem o que fomos incapazes de enxergar.
Um abraço meu amigo, escritor e poeta!
Nenhum profissional trabalha só. Médico precisa da técnica de enfermagem. O engenheiro do mestre de obra, políticos de assessores, e todos dependeram dos seus professores desde o jardim da infância ao doutorado, MBA.
Resumo: O mundo não é dos independentes.
Somos interdependentes do catador de recicláveis ao Papa.
Caro poeta e escritor Marcos Ferreira, assim como os revisores de obras literárias, que só aparecem na ficha técnica, também são os músicos de estúdios, que gravam discos para artistas renomados e são pouco lembrados. Mas que sem eles não existiam esses artistas e sua fama. Assim são os bons revisores. Grande abraço!