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domingo - 13/07/2014 - 01:09h

Cordel para depois da Copa…

Por Marcos Mairton

Sem o Brasil campeão,
Resta a nós reconhecer
Que isso pode acontecer
Em qualquer competição.
Passada a decepção,
Prestadas as homenagens,
Guardadas muitas imagens
No arquivo da nossa mente,
Olhemos, daqui pra frente,
Para outros personagens.

II

Pois, com a Copa terminada,
É chegada a ocasião
De ver na televisão
Muita conversa fiada
E promessa exagerada
De grandes transformações.
De dar novas soluções
Para problemas antigos
Muita atenção, meus amigos,
Vêm chegando as eleições.

III

É tempo de aparecer
Gente que estava sumida,
Que andou desaparecida
E que agora vem nos ver.
Que pergunta e quer saber
Do que estamos precisando,
Prometendo e explicando
Como tudo irá mudar
Mas, para realizar,
Com seu voto está contando.

IV

Tempo bom para se ver
Gente beijando criança,
Dizendo que a esperança
No Brasil vai renascer.
Que as crianças devem ter
A maior prioridade
E que é gigante a vontade
De ajudar o mais carente,
Essa conversa que a gente
Já viu que não é verdade.

V

Tempo de a gente escutar
Achando ruim ou bom,
Nas ruas, carros de som,
Com seu som a ecoar.
As canções a ressaltar
O valor do candidato,
Embora não seja exato
Que elas digam a verdade.
Deus me dê boa vontade
Para crer nisso de fato!

VI

Nas esquinas e avenidas,
Muitas moças e rapazes
Exibirão seus cartazes
E bandeiras coloridas.
Não estão bem definidas
As suas convicções,
Já que as manifestações
São em troca de uns trocados:
Militantes contratados
Nesse tempo de eleições.

VII

Não são só os militantes
Ou cabos eleitorais
Que vendem seus ideais
Em condutas aviltantes.
Cenas mais repugnantes
Vêm do horário eleitoreiro:
Vende-se um partido inteiro,
Ali a coisa desanda,
E o tempo de propaganda
Vale mais do que dinheiro.

VIII

É bom estar preparados
Para o nível dos debates.
É provável que os embates
Venham todos recheados
Com segredos revelados
Sobre esquemas de bilhões,
Fraudes em licitações,
Desvios, corrupção,
Talvez todos com razão
Na troca de acusações.

IX

Amigos, como eu queria
Não estar desiludido
E acreditar que um partido
É feito de ideologia!
Pois sei que a democracia,
Apesar de suas mazelas
É uma das coisas belas
Que o ser humano criou
E, das crises que enfrentou,
Transpôs cada uma delas!

X

O desânimo me alcança
Mas, teimo em não desistir,
E, assim, hei de prosseguir
Mantendo viva a esperança
De ver alguma mudança
Nesse quadro deprimente,
Que eu aqui, ligeiramente,
Descrevi, nesse cordel,
Cumprindo assim meu papel
De alertar a minha gente!

XI

Deixo claro que, apesar
De toda desilusão,
Quando chegar a eleição
Vou à urna, vou votar.
Ali, vou exercitar
A minha cidadania,
Na esperança de algum dia,
Eleger representantes
Sérios, probos e atuantes.
E viva a DEMOCRACIA!

Marcos Mairton é escritor, poeta, cordelista e juiz federal

* Postado originalmente no “Blog Mundo Cordel”.

 

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Categoria(s): Blog

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    E o juiz federal sabe:
    “Que as crianças devem ter
    A maior prioridade”?
    E o juiz federal sabe que:
    “Cenas mais repugnantes
    Vêm do horário eleitoreiro:
    Vende-se um partido inteiro,”?
    E o juiz federal sabe que o povo vai às urnas:
    “Na esperança de algum dia,
    Eleger representantes
    Sérios, probos e atuantes.”?
    Zé Buchudinho me puxa pelo braço e diz no meu ouvido que ELES sabem de tudo. TUDO!
    Sabem até que tem prefeito em pleno exercício do mandato INDICIADO em vários artigos do Código Penal em inquérito na Polícia Federal, prefeito que teve telefonemas comprometedores gravados e o computador apreendido por esta mesma polícia, conforme noticiou o PortalnoAr e este blog reproduziu.
    Olho para o Zé Ruela e ele ri.
    Será que o Zé Ruela está rindo da minha cara?
    ////
    Agora eu pergunto se o juiz federal sabe que:
    OS ALUNOS BEBEM ÁGUA NÃO FILTRADA NAS ESCOLAS DE MOSSORÓ.
    FAALTA UM PÃO E UM GOLÉ DE CAFÉ PARA OS ALUNOS QUE CHEGAM FAMINTOS ÀS ESCOLAS MUNICIPAIS.
    Se existem verbas com esta destinação?
    Para de rir, Zé Ruela.

    • Marcos Mairton diz:

      Prezado Inácio,
      Sou juiz federal, mas também sou cidadão e poeta. Assim, tento cumprir meu papel em cada uma dessas situações. Pela maneira irônica como você se manifesta, parece imaginar que, por ter conhecimento das mazelas da nossa sociedade, um juiz federal teria poder também para resolvê-las. Não tem. Acho que, individualmente, ninguém tem. Acredito que só uma grande transformação na postura de todos nós, brasileiros, fará com que a política seja tratada de forma mais séria.
      Quanto a sua pergunta, minha resposta é: Não, eu não sei se essas coisas que você mencionou estão acontecendo em Mossoró.
      E digo mais, também não vejo motivo para as risadas desse tal Zé Ruela diante de assunto tão sério.

      • Carlos Santos diz:

        NOTA DO BLOG – Grande abraço, doutor-poeta. Quando esbarrar por essas plagas, mande notícias. Sucesso. Saúde e paz.

      • Inácio Augusto de Almeida diz:

        Prezado Marcos Mairton.
        Zé Ruela, Doutor, ri para não chorar.
        Ele representa o nosso povo que vê seus filhos sem receber o UNIFORME ESCOLAR, o MATERIAL ESCOLAR, e sabe que a MERENDA ESCOLAR é de péssima qualidade.
        Zé Ruela, Doutor, ri para não chorar, ao ver velhinhos saírem chorando dos postos de saúde sem o remédio a que tem direito.
        Zé Ruela, Doutor, rir para não chorar, ao constatar que nem andar com tranquilidade nas ruas pode mais.
        Zé Ruela ri para não chorar, ao testemunhar o enriquecimento meteórico dos ocupantes de cargos públicos, sem que ninguém sequer se interesse em saber como tal evolução patrimonial pode acontecer.
        Zé Ruela, Doutor, sou eu que mesmo tendo 68 anos, sendo cardíaco e portador de diabetes, aguardo há quase 3 anos pela conclusão de um processo de adoção que se arrasta inexplicavelmente, enquanto no RS aconteceu uma adoção por parte de um casal de gays, RICOS INDUSTRIAIS, em menos de 1 ano.
        Não vou sequer lhe relatar a causa que perdi por não me ter prestado a ser informante da ditadura na época em que era estudante na UFC, Curso de Comunicação Social. Perdi, recorri, perdi novamente, sequer leram o recurso. E para mim, Doutor, não existe o tal do recurso infringente. Apenas o PASSADO EM JULGADO.
        O senhor tem razão quando diz:
        “parece imaginar que, por ter conhecimento das mazelas da nossa sociedade, um juiz federal teria poder também para resolvê-las. Não tem.”
        Realmente UM juiz não tem poder para resolver as mazelas da nossa sociedade. Mas vários juízes se juntando num movimento em favor da solução dos problemas da nossa sociedade podem ter força para pressionar o legislativo por mudanças nas nossas leis.
        E pode estar certe de que: “essas coisas que você mencionou estão acontecendo em Mossoró”, REALMENTE estão acontecendo em Mossoró.
        Se algum dia o senhor vier a Mossoró, visite uma escola pública, converse com pais de alunos e não se esqueça de trazer um lenço. Um artista como o senhor certamente é dotado de muita sensibilidade. E chorará ao ver crianças famintas já chegando às escolas municipais perguntando pela MERENDA ESCOLAR por estarem com fome. Crianças calçando sandálias japonesas gastas, camisas puídas e calções remendados porque o UNIFORME ESCOLAR ainda não lhes foi entregue. Ano passado, Doutor, apenas uma blusa TAMANHO ÚNICO foi entregue a título de UNIFORME ESCOLAR. E já no final do ano letivo. Quantas vezes eu denunciei isto e NUNCA ninguém tomou uma providência. Pudesse eu ter oportunidade de falar com o senhor lhe faria um relato completo das mazelas que acontecem numa cidade cujo prefeito está INDICIADO em vários artigos do Código Penal em inquérito na Polícia Federal. Sei que o senhor dirá que a lei permite.
        Encerro este comentário, já bastante longo, com uma pergunta: se o senhor fosse dono de um carrinho de vender picolé ou pipocas entregaria este carrinho a um INDICIADO em vários artigos do Código Penal?
        A lei, Doutor, permite que uma cidade seja entregue.
        Parabéns pelo cordel e pela abordagem dos problemas.
        Que Deus nos proteja.

  2. naide maria rosado de souza diz:

    Dr. Marcos Mairtom.
    Saiba, V.Exa, aqui, cidadão, poeta, cordelista de mão cheia, que apreciei muito a sua criação.
    Encantei-me com;
    ” O desânimo me alcança
    Mas, teimo em não desistir,
    E, assim, vou prosseguir
    Mantendo viva a esperança
    De ver alguma mudança
    Nesse quadro deprimente
    Que eu aqui, ligeiramente,
    Descrevi, nesse cordel
    Cumprindo assim meu papel
    De alertar a minha gente!”
    Não desista nunca!

    Lembrei-me de Henrique Nelson Calandra, na AMB:
    “Ouso afirmar, caríssimo presidente, que não existe um cidadão brasileiro que conheça tanto as agruras do Brasil quanto o juiz de direito”
    Parabéns, Dr. Marcos Mairtom, conhecedor das agruras do Brasil, extravasando-as de forma poética, para que as constatemos de forma real, mas menos dolorosamente e esperançosos.

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Sra. Naide.
      Belo comentário. Resumiu tudo. Dá para imaginar o sofrimento de um juiz de direito. A sensação de impotência é terrível. Constatar o erro e nada poder fazer para corrigi-lo por estar amarrado por leis criadas por políticos já com este fito deve ser terrível.
      Quando em 2008, na cidade de Granja-CE, falei dentro do fórum para o juiz de direito, nas pequenas cidades é também juiz eleitoral, que existiam, AINDA EXISTEM, vereadores analfabetos tentando a reeleição e que isto contrariava a Constituição Federal, ele respondeu que nada podia fazer.
      Argumentei que os diplomas escolares que os analfabetos apresentavam eram falsos e comprados nas esquinas de Fortaleza, isto poderia ser comprovado com a feitura de um simples teste de leitura. O juiz BAIXOU A CABEÇA e disse-me em voz baixa que se fizesse este teste os vereadores iriam recorrer e o TSE anularia o teste. Relatei este fato a uma filha minha que é analista de processo na Justiça Federal, tendo dela ouvido: PAPAI, ESTE JUIZ É UM HOMEM HONESTO. ELE SE ENVERGONHOU DE NADA PODER FAZER.
      Assim são as nossas leis, cheias de brechas para beneficiar criminosos, mas dura para com aqueles que tiveram os seus mais legítimos direitos violentados.
      Veja o caso da adoção das minhas duas filhas afetivas.
      EU SOU CASADO COM A MÃE DAS CRIANÇAS E COMIGO ESTAS CRIANÇAS MORAM HÁ MAIS DE CINCO ANOS.
      Mesmo assim a juíza achou por bem de na audiência postergar a adoção. Exigiu que a avó paterna devesse ser ouvida, mesmo a mãe das crianças estando presente à audiência e ter implorado chorando que a adoção fosse concedida, já que o pai biológico da criança tinha falecido há OITO anos e nenhum contato tivera mais com a família.
      Mais de um ano já se passou desta audiência e até hoje não se sabe se esta avó sequer foi localizada. Como já tenho 68 anos, não acredito que viva para realizar o sonho de adotar as minhas filhas afetivas.
      Que Deus nos proteja.
      /////
      OS ALUNOS BEBEM ÁGUA NÃO FILTRADA NAS ESCOLAS DE MOSSORÓ.
      FALTA UM PÃO E UM GOLE DE CAFÉ PARA OS ALUNOS QUE CHEGAM FAMINTOS ÀS ESCOLAS MUNICIPAIS.

  3. ALDENOR FERNANDES DE SOUSA diz:

    Meu Caro Jornalista,
    Ainda bem que existem pessoas como o Juiz Federal Marcos Mairton, que como cidadão brasileiro, está preocupado com o pleito eleitoral próximo; como escritor, o seu texto transcreve a realidade de um povo que precisa ser alertado para escolha do seu representante e, como cordelista, buscou enquadrar com clareza sua preocupação com o ato democrático a ser exercido por aqueles menos desavisados, e que acompanham a vontade de um tutor, que por pouco valor ou favor, leva consigo todos os votos da família.
    Peço permissão, através de seu blog, ao Dr. Marcos Mairton, para divulgar este poema cordelista em um jornal da Capital Rio Branco, alertando aos muitos nordestinos que aqui se encontram, a exercer a democracia de fato e de direito.
    Antecipadamente, agradeço.
    Aldenor Fernandes de Sousa – Areiabranquense.

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