• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
sábado - 18/10/2008 - 10:06h

Das meias-verdades

"Homem, conhece-te a ti mesmo" (Oráculo de Delfos)

A palavra verdade vem do grego aletheia, que significa “o que não está escondido”. Pilatos quis saber aonde poderia encontrá-la.

Já o grego Górgias dizia que a verdade não existia e que mesmo que ela existisse, nunca poderíamos saber, de fato, o que ela é. Acho que foi por isso que o filósofo Hegel, antes de iniciar uma de suas aulas, mostrou uma caixa de sapato, contendo seis lados, e disse aos seus alunos que aquilo era a verdade e que, de onde eles estivessem na sala, só poderiam ver apenas três lados dessa caixa, dessa verdade.

Portanto, nunca teremos a verdade total dos fatos. E sim, as meias-verdades, que serão sempre circunstanciais, relativas e momentâneas. Se Camus foi ‘meio’ verdadeiro ao dizer que é preciso ser dois quando se escreve, confesso, aqui, caro leitor, que não sei se quem está escrevendo agora é o médico – cansado de ver a crueldade de uma (des)política de saúde do SUS, que leva os seus pacientes à beira do desespero por não encontrarem aonde se tratar -, ou o professor que ainda “sonha, numa sociedade que há muito perdeu a capacidade de sonhar”.

No entanto, seja o médico ou o professor que esteja escrevendo agora, o que eu sei muito bem é que as verdades são como as rosas e têm espinhos, e as meias-verdades também podem machucar…Sei, também, que na política é preciso não só ser dois, mais vários, afinal eles ‘formam’ uma legião… e ninguém melhor do que o político para representar a palavra ‘pessoa’ que deriva do latim Persona, que quer dizer: máscara ou figura.

Portanto, cada político, dependendo das circunstâncias, coloca a máscara que melhor lhe convier…  Afinal, meias-verdades sejam ditas: na política, assim como nas nuvens, a mudança é de uma rapidez estrondosa… e espantosa…E espantados, nós eleitores ficamos vendo-os, nos seus gabinetes altamente refrigerados e longe do povo, decidindo o destino desse mesmo povo, como se fôssemos um bando de gado, pronto para o abate… como se fôssemos algo desprezível, sem opinião e vontade.

Pois bem! Essas eleições mostraram que essas meias-verdades nem são tão verdadeiras assim como parecem. Por isso, um poste nem sempre pode ser eleito, sem o consentimento do povo. E digo mais, somente com o aval do povo é que um elefante pode ser mais leve do que uma borboleta.

Aliás, a leveza é fundamental na política, como também na vida. Político mal-humorado, arrogante, prepotente, oportunista, etc., etc., não tem como fugir da INSUSTENTÁVEL DUREZA DAS URNAS, como muito bem colocou o jornalista mossoroense Carlos Santos (também já cansado de ver que, em Mossoró, o daltonismo impera…).

Daltonismo que nada mais é do que a incapacidade do indivíduo de diferenciar todas ou algumas cores, manifestando-se muitas vezes pela dificuldade em distinguir o verde do vermelho. Dificuldade essa, que fica mais fácil de se resolver, quando temos que diferenciar o verde esperança do roxo-rosa ,que representa esperteza em demasia…

Político muito esperto, que muito quer, corre o risco de perder tudo, inclusive o que já tinha conquistado…Termino estas duras meias-verdades, com a frase do monumental Chaplin: “A persistência é o caminho do êxito”.

No entanto, tentar quatro, cinco, seis… dez vezes, não quer dizer que esse êxito será conquistado… é preciso não só trocar a máscara de teatro que carregamos, é preciso não só mudar de personagem e de lado, é preciso não só mudar o tom do discurso, mas é preciso sim, manter-se lúcido, sem a “embriaguez” do poder… pois, só assim, faremos a verdadeira mudança no nosso interior; aí o povo entenderá e aceitará esse novo personagem que passaremos a representar.

Entendeu?

Francisco Edilson Leite Pinto Júnior, professor, escritor e médico

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Categoria(s): Fred Mercury

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