Ele cunhou essa frase emblemática: "Um burro pode arrebentar um celeiro, mas você precisa de carpinteiros para construir outro".
O "Mister Sam", como era conhecido, ficou 48 anos na Câmara dos Deputados, sendo que 17 na sua presidência. Não falava com lobistas e morava num dois quartos e sala.
Quando morreu, tinha 15 mil dólares no banco. Era seu patrimônio material. Seus bens palpáveis na Meca do capital, da livre concorrência e das oportunidades e oportunistas.
Remeto-me ao exemplo de Rayburn para identificar como possível a reconstrução da Câmara Municipal de Mossoró.
Ela não está no fundo do poço. Foi jogada – de forma vil – no subsolo do fundo do poço. É um ambiente muito pior, pois além de ermo é fétido e insalubre.
Constitucionalmente, a câmara é o mais legítimo foro de debates e de intermediação do desiderato popular. É por sentido filosófico a Casa do Povo, ainda mais representativa do que as “ágoras”, praças gregas onde eram promovidas as assembléias populares. Portanto é herdeira superior desse tempo, com suas virtudes e defeitos.
A decisão popular de excomungar a maioria da atual composição da Câmara de Mossoró não deve ser entendida como uma condenação ao poder. Enxerguemos diferente: trata-se de um aviso a todos e a cada um de nós, políticos ou não. Cidadão, isso que o somos, se assim fizermos por onde.
A política não mudou, não é degenerada ou deixou de ser uma atividade superior. Como qualquer outro ofício humano, só quem tem estatura moral pode edificá-la.
Recorro ao falecido Mário Covas, símbolo de um Brasil politicamente melhor, para fechar minha pregação: “Sou, por formação e por índole, um homem que fundamentalmente crê. Desejo morrer réu do crime da boa-fé, antes que portador do pecado da desconfiança.”
Sim, é possível melhorarmos a política.
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