Por Cicília Maia
As universidades públicas brasileiras vivem um momento de otimismo e esperança. Em quatro meses de gestão, o governo federal tem demonstrado importante compromisso com a valorização e fortalecimento da educação e da ciência pública. No anúncio mais recente, o Ministério da Educação garantiu a recomposição orçamentária das universidades e institutos federais, com a injeção de R$ 2,44 bilhões.
Há expectativa que um projeto de apoio e fortalecimento para as universidades estaduais e municipais também seja anunciado. Mas, uma questão tem dedicado atenção especial do ministro Camilo Santana: a qualidade da formação docente.
No caminho do projeto de reconstrução da educação pública nacional, o MEC tem demonstrado preocupação com a formação inicial docente. Para isso, o ministério já criou um Grupo de Trabalho (GT) específico para propor políticas de melhorias nesta formação. Um dos dados que acendeu o alerta na nova equipe do MEC foi a quantidade de cursos de graduação em licenciatura que obtiveram qualidade insatisfatória na avaliação de 2021.
Os dados dos indicadores de qualidade da educação e do Censo da Educação Superior mostraram também índices consideráveis de evasão em alguns cursos de licenciatura.
O número de concluintes é maior, em universidades públicas, somente nos cursos de letras-português (51%), ciências biológicas (55%), ciência da computação (67%), física (70%) e química (70%). Nas demais licenciaturas, as universidades privadas têm maior proporção de concluintes: pedagogia (90%), educação física (85%), artes visuais (84%), letras português e inglês (80%), história (70%), letras português e espanhol (66%), música (60%), matemática (60%), filosofia (59%), letras inglês (59%), geografia (51%) e ciências sociais (51%).
Quanto à modalidade de ensino, somente ciências sociais, ciências biológicas, física e química têm a maioria dos seus concluintes no formato presencial. Todas as demais licenciaturas registraram maioria de concluintes na modalidade de educação a distância.
Os dados do Censo da Educação Superior mostram um panorama importante para entender um pouco do cenário da formação docente nas escolas e nas universidades. Um olhar mais atento vai identificar que, com a diversidade dos desafios encontrados, somente uma ação que integre todos os atores pode delinear caminhos acertados para melhorar as condições para formação de nossos professores, guerreiros fundamentais em nossas salas de aula.
Um passo extremamente necessário foi dado, com a ampliação na quantidade de bolsas dos programas de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e de Residência Pedagógica (PRP). No Pibid, a Capes ampliou as bolsas, de 29.378 para 55.034. Na Residência Pedagógica, o número de beneficiários saltou de 28.304 para 33.929. Para 2024, o compromisso é de aumentar em mais 100 mil.
Na elaboração de estratégias para qualificar o processo formativo docente, a escuta do professor e do aluno é parte imprescindível. A educação se qualifica no diálogo, na troca de experiências e impressões e na humildade de saber ajustar os passos quando necessário.
Cicília Maia é professora-doutora e reitora da Uern
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