Por François Silvestre
A América do Sul continua bela, espremida entre o pacífico e o Atlântico, parindo águas doces, agasalhando a Amazônia, aboletando caatingas, serrados, desertos, cordilheiras e pantanais.
Bichos e plantas de variação incontável, dentre catalogadas e desconhecidas. Vastidão que parece até maior do que o pequenino planeta, que nós habitamos e destruímos.
No hoje, essa exuberância fica por aí. No resto, da condição política, cultural e social, o continente é uma vastidão de decadência.
A única diferença favorável do hoje sobre o ontem é a inexistência de ditaduras militares. Hoje é melhor. Porém, essa vantagem não é mérito sul-americano. É que o continente perdeu força geopolítica no interesse internacional. O eixo dos conflitos mudou de azimute.
Sem saudosismo ou nostalgia histórica pode-se afirmar que a América do Sul é uma caricatura do que foi há tempos, nem tão distantes.
Vejamos alguns exemplos ou comparações, que não apequenam o argumento, porquanto reforçam a assertiva.
No campo das lideranças políticas, a distância do ontem para hoje é abissal. Mesmo sem entrar no mérito dos méritos pessoais, há de se reconhecer uma carência atual de lideranças marcantes.
Getúlio Vargas, Domingo e Evita Perón, Carlos Prestes, Belaúnde Terry, Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda, Leonel Brizola, Eduardo Frei, Salvador Allende, Jorge Eliécer Gaitán, Luis Echeverria e outros.
O Paraguai já foi uma potência militar. Hoje, é o quintal da pirataria.
A Argentina era a fisionomia esnobe da Europa aqui pousada. A melancolia do tango olhava com desprezo para a frivolidade brasileira; “os macaquitos” da vizinhança vasta de terra e escassa de nobreza.
Virou a feição caricata do orgulho enrustido, numa lápide onde repousam insepultos o peronismo e a imitação europeia.
O Uruguai era a nossa Suíça tropical. Orgulhosamente neutra nos conflitos internacionais. Vive agora de ostentar as marcas do passado, num turismo de esmolar.
E na arte? O campo sublimador da existência humana. Octávio Paz, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Júlio Cortázar, Manuel Puig, Gabriel Garcia Marques, Graciliano Ramos, Jorge Luis Borges, Cândido Portinari, Alfaro Siqueiros, Frida Kahlo, Miguel Astúrias, Pablo Neruda, Érico Veríssimo, Oscar Niemeyer, Drummond de Andrade, Nelson Rodrigues, Di Cavalcanti, Câmara Cascudo, Ariano Suassuna, Cardoza y Aragón, Raquel de Queiroz, Eduardo Galeano, Vargas Llosa.
É apenas um rol de feira, a ser preenchido pelo leitor atento. Difícil é fazer a lista de hoje.
Vasta América das bandas do Sul. O que é o Mercosul? Nada! Até a OEA, que já foi alguma coisa, hoje também nadou-se.
A mediocridade virou epidemia continental. O Brasil oferece o quê, ao Continente de hoje? Lula, Aécio Neves e Paulo Coelho.
Té mais.
François Silvestre é escritor
INFELIZMENTE , ACHO QUE HOJE A DITADURA É POLÍTICA , NÃO ESCANCARADA , MAS ELA EXISTE SIM . NOSSOS VIZINHOS TÊM DADO ALGUNS EXEMPLOS DE COMO SEREM DITADORES , SEM PARECER . FIDEL , CHAVES , E ATÉ NOSSO LULINHA , PRATICAMENTE SE ETERNIZARAM NO PODER , POIS LULA SEMPRE ESTEVE NOS BASTIDORES DO GOVERNO DILMA . VOCÊ CITOU PESSOAS DE CARÁTER DUVIDOSO , COM TALENTOS QUESTIONÁVEIS , MAS COMPARANDO COM OS POLÍTICOS E ARTISTAS DA ATUALIDADE , NÃO SÓ O CONTINENTE SUL-AMERICANO , MAS O MUNDO TODO ESTÁ DECADENTE .