A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de proibir que advogados dos investigados na Operação Tempus Veritatis se comuniquem entre si tem sido objeto de duras críticas entre os profissionais do direito.
“É uma afronta aos advogados”, disse Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, 78, mais de 53 anos de carreira, considerado um dos decanos da profissão, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo.
“Nem na época da ditadura militar isso ocorreu. Éramos proibidos de falar com nossos clientes, mas podíamos conversar entre nós”, apontou o criminalista.
A operação teve como alvo Jair Bolsonaro (PL), militares de alta patente e auxiliares do ex-presidente suspeitos de tramar um golpe de Estado para se manter no poder.
Em sua decisão, Moraes acata pedido da Polícia Federal para que os acusados sejam proibidos de manter contato com outros investigados, “inclusive através de advogados”.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também se insurgiu contra a medida pois ela violaria a prerrogativa dos advogados e prejudicaria a defesa dos investigados. A entidade já apresentou uma petição ao STF para que a decisão seja revista.
Segundo Mariz, os fatos investigados pela PF e objetos das decisões de Alexandre de Moraes “são graves. E os crimes [de subversão da ordem democrática] precisam ser combatidos. Mas sem que se precise restringir a atuação dos advogados”.
Ele afirmou que, por mais excepcional que seja, o crime combatido não pode justificar medidas também excepcionais por parte da polícia, de procuradores ou de juízes.
“O magistrado não pode tomar decisões que não tenham base legal. Ou vira ditadura do Judiciário. Como criar uma regra [a proibição de conversa entre advogados dos investigados] que não está prevista em lei, e que afronta a própria lei?”, questionou ele.
“O advogado pode fazer o que quiser, dentro da lei. O sistema não pode impor limitações a ele. O amplo direito de defesa é consagrado na Constituição. Restrições aos réus não podem atingir seus advogados”, seguiu Mariz.
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Amigo Carlos, não sou advogado, sequer rábula, mas acredito que o nobre e experiente advogado está confundindo a fase de investigação com a processual.