Por Jânio Rêgo
Deixei a florada do ‘angico da pedra’, a companhia de Meia-Lua, os tapetes de ramagem esverdeada escondendo lajedos e desci a serra da Catingueira para o litoral.
Não foi por deleite, foi por obrigação.
Mas não vou mentir, gosto de ver o mar salineiro, os paquetes indo e voltando, e daquela lassidão conferida pelo vento permanente que sopra na praia de Tibau.
Além do mais, Tibau, (e isso a faz uma praia diferente das outras ao longo da costa brasileira) é um verdadeiro Sertão, só mais salgado e piscoso.
Curimatãs ovadas são exuberantes ciobas e as cavalas estão na mesa para repasto de veranistas alegres e sem obrigação de roçados pra plantar no mês de janeiro molhado.
Os cactos nascem nas dunas, as várzeas de carnaúbas beijam o vento marÃtimo, os pássaros são quase todos os mesmos que cantam pelo Sertão.
Defronte à casa onde me hospedam estacionam três paquetes (antes eram jangadas mais rústicas…) – ‘Deus é bom’, ‘Glória a Deus’, ‘Deus é fiel’ são os nomes deles. Penso que são oratórios desses que encontramos nas ante-salas das casas e nos pátios das fazendas sertanejas.
Quando Marcos Porto andava pela terra eu visitava Gado Bravo, localidade cujo nome expressa melhor que tudo esse encontro e semelhanças desse litoral único e singular com o Sertão.
Dessa vez fiquei circunscrito ao alpendre da casa de onde se avista as luzes da cidade portuária de Areia Branca. Não comi nem ‘gelé’ nem ‘grude’ mas fui compensado por um inigualável ensopado de ‘taioba’, um marisco que meu ‘mossoroÃsmo’ faz crer que só existe ali.
E só saà para uma breve visita à Lagoa do Córrego, refrigério e pouso de aves migratórias, um pequeno santuário que quase nenhum veranista conhece ou dá valor.
Valeu.
Afinal, Tibau é Tibau, já dizia o lendário pescador Tidó.
E o mais é pura maresia.
Jânio Rêgo é jornalista
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