Choros e risos em meio às pesquisas
Toda campanha é a mesma ladainha. Uns riem, outros choram.
O enredo é enfadonho para quem acompanha com maior atenção e distanciamento crÃtico, o lengalenga chato em torno das pesquisas eleitorais. Mas essa celeuma não é uma peculiaridade mossoroense. É da natureza humana dos polÃticos do pindorama brasileiro.
Primeiro é preciso que admitamos: a pesquisa eleitoral tem um propósito muito mais de indução do que servir de referência informativa. A própria mÃdia, boa parte aparelhada por um lado ou outro dos grupos disputantes, ajuda à conturbação.
Passamos meses sem uma pesquisa oficialmente registrada e publicada. Nesse tempo abundou a falácia, o faz-de-conta e a desinformação programada. De repente desabam duas de uma vez, apesar da diferença de praticamente dez dias de uma para outra, em se tratando do trabalho de campo (entrevistas).
Em ambas a prefeita Fafá Rosado (DEM), candidata à reeleição, aparece bem à frente dos demais adversários. Quem mais se aproxima é a sua prima segunda e deputada estadual, Larissa Rosado (PSB).
Nos números para vereador os conflitos entre uma e outra são mais evidentes. Porém quase ninguém cita (por desconhecimento de causa ou má-fé) que a margem de erro para a chapa proporcional é enorme, podendo passar dos 60%.
Em qualquer sondagem eleitoral, dependendo do nÃvel de responsabilidade de cada empresa contratada, é possÃvel se fazer ajuste para cima ou para baixo nas intenções de voto. Tudo para agradar o contratante. Mas fica uma pergunta: quem topa mexer naquilo que representa seu principal capital, que é a credibilidade?
Uso uma figura de linguagem para sintetizar o que é uma pesquisa dessa magnitude. Lugar-comum, é certo, porém muito coerente: é como uma fotografia. Não existem duas fotografias iguais. Cada uma é única. A sondagem retrata um momento. Com 24 horas após ser coletado o elenco de entrevistas, ele já pode estar "envelhecido."
Universo
Essa é uma ferramenta cientÃfica de alto valor, utilizada em todo o mundo. Tornou-se indispensável da polÃtica à atividade empresarial, passando pelo campo esportivo, administração pública etc. Se fosse algo tão solto e descabido, não faria parte de exigência desse universo que citei agora.
Não cabe amadorismo nessas áreas.
Talvez Mossoró se veja mais envolvida e questionadora quanto à importância e valor de cada pesquisa, em face de sua essência passional e tentações à fraude. Daà pode derivar a origem de tamanha discussão.
As primeiras pesquisas foram promovidas nos Estados Unidos, ainda de forma muito primária e empÃrica, no inÃcio do século XIX. Por volta dos anos 20 no século passado, ganharam dimensão profissional com o Gallup.
No Brasil, a primeira sondagem eleitoral ocorreu em 1945, para a Presidência da República. O duelo entre o brigadeiro Eduardo Gomes e o general Eurico Gaspar Dutra apontou o segundo nas urnas. Entretanto na pesquisa do Instituto Gallup quem levaria a melhor seria Eduardo Gomes. Perdeu.
No RN, o então deputado federal AluÃzio Alves importou – como sempre na vanguarda – esse serviço para sua corrida ao governo em 1960. Serviu para norteamento da campanha vitoriosa, sem a necessidade de exposição pública de intenções de voto.
Em Mossoró, a primeira vez que uma pesquisa ganhou repercussão a ponto de causar bate-boca foi em 1988. Pipocou ao final da campanha entre o então deputado estadual LaÃre Rosado e a pediatra Rosalba Ciarlini.
Sem maior rigidez legal para feitura e anúncio desse tipo de produto, o que se viu foi um vergonhoso arranjo para favorecer LaÃre. Mesmo assim ele perdeu por mais de 7 mil votos de maioria.
Acreditando ou não, é preciso não confundir pesquisa com censo. A primeira é uma amostragem (como tirar uma gota de sangue do indivÃduo para ver se possui alguma patologia) e a segunda se trata de uma contagem totalizante.
No dia 5 de outubro tudo será resolvido, com ou sem pesquisa.
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