• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
sexta-feira - 21/03/2014 - 13:23h
Nunca mais!

Ditadura cortava dedos e arrancava dentes de torturados

Bl0g do Mário Magalhães (do portal UOL)

Em um dos mais importantes e verossímeis depoimentos já prestados por agentes da ditadura (1964-85), o coronel reformado Paulo Malhães afirmou que ele e seus parceiros cortavam os dedos das mãos, arrancavam a arcada dentária e extirpavam as vísceras de presos políticos mortos sob tortura antes de jogar os corpos em rio onde jamais viriam a ser encontrados.

 

Cartaz de movimento contra regimes ditatoriais no Brasil

O relato histórico do oficial do Exército foi feito à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e revelado nesta sexta-feira pelo repórter Chico Otávio.

Malhães se referia a presos políticos assassinados na chamada Casa de Petrópolis, um imóvel clandestino na região serrana fluminense onde servidores do Centro de Informações do Exército detinham, torturavam e matavam opositores da ditadura. De acordo com o coronel, os cadáveres eram ensacados junto com pedras. Dedos e dentes eram retirados para impedir a identificação, na eventualidade de os restos mortais serem encontrados. As vísceras, para o corpo não boiar.

Veterano da repressão mais truculenta do passado, Malhães figura em listas de torturadores elaboradas por presos. É ele quem assumiu ter desenterrado em 1973 a ossada do desaparecido político Rubens Paiva (post aqui).

Seu testemunho, sem vestígios de arrependimento, contrasta com o de aparente mitômano surgido em anos recentes. Malhães não é um semi-anônimo, mas personagem marcante para seus pares em orgãos repressivos e para presos políticos.

Dois trechos do seu depoimento à comissão, conforme reprodução de “O Globo” (a reportagem pode ser lida na íntegra clicando aqui):

1) “Jamais se enterra um cara que você matou. Se matar um cara, não enterro. Há outra solução para mandar ele embora. Se jogar no rio, por exemplo, corre. Como ali, saindo de Petrópolis, onde tem uma porção de pontes, perto de Itaipava. Não (jogar) com muita pedra. O peso (do saco) tem que ser proporcional ao peso do adversário, para que ele não afunde, nem suba. Por isso, não acredito que, em sã consciência, alguém ainda pense em achar um corpo.”

2) “É um estudo de anatomia. Todo mundo que mergulha na água, fica na água, quando morre tende a subir. Incha e enche de gás. Então, de qualquer maneira, você tem que abrir a barriga, quer queira, quer não. É o primeiro princípio. Depois, o resto, é mais fácil. Vai inteiro.”

Com a frieza de quem conta ter ido à padaria, Malhães afirmou, referindo-se ao local onde vive, a Baixada Fluminense: “Eu gosto de decapitar, mas é bandido aqui”.

 

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Categoria(s): Política

Comentários

  1. Pedro Victor diz:

    O pior de tudo é ver gente apoiar esse tipo de coisa e ainda se dizer cristão! Jesus passou bem longe da sua vida heim amigo!

    • Jorge Magalhães diz:

      Isso, é o que eles querem que pensemos. Houve? Acredito que sim. Mas os terroristas também armaram bombas e assassinaram até quem não tinha nada a ver com política. Gritavam por democracia, mas queriam instalar uma ditadura comunista. Na guerra, não vem bala só de um lado não. Quem pegou em armas disposto a matar, deveria também estar disposto a morrer. Como perderam (imagine meia dúzia de aparvalhados contra o exército e a polícia) choram até hoje. Mas alguns, infelizmente, sobreviveram e por meio do marxismo cultural assumiram o poder para saquear os cofres da nação. Dar migalhas ao povo e o banquete para Ditadores assassinos de várias partes do mundo (Cuba, Venezuela, Líbia, Zimbabue, Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Angola) com contratos declarados sigilosos por 20 anos. Assim, enquanto brasileiros morriam por falta de atendimento e remédio nos hospitais, a democracia petista distribuía o dinheiro do seu imposto para os “cumpanhero” mundo afora. Talvez tenha faltado arrancar mais alguns dedos e dentes.

  2. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Esta Lei de Anistia não pode valer para torturadores nem para terroristas.
    Todos os bandidos, dos dois lados, tem que ser punidos.
    Poderia se começar cassando as aposentsadorias de todos torturadores e de todos terroristas.
    Mas estamos no Brasil e os que torturaram ou praticaram terrorismo, matando inocentes, hoje recebem polpudas aposentadorias e indenizações.
    Até mesmo malandros que nunca participaram de nada, receberam astronômicas indenizações e recebem milionárias aposentadorias pelo simples fato de terem sido presos em um quartel qualquer para averiguações. Para que isto aconteça basta ser amigo de um político de esquerda e conseguir ser incluído na lista dos torturados.
    É preciso passar um pente fino na concessão as aposentadorias dos torturadores, terroristas e malandros.
    É preciso expurgar definitivamente estes tipos do convívio social.
    O Brasil não pode continuar convivendo e SUSTENTANDO com salários de marajás esta canalha.
    Mas é preciso fazer isto nos dois lados.
    ////
    DE UM ESCRAVO NUNCA ESPERE MAIS DO QUE OBEDIÊNCIA.
    Inácio Augusto de Almeida

  3. nildo silva diz:

    HORROR!!AINDA TEM QUEM QUEIRA ISSO DE VOLTA!
    NA VERDADE, OS QUE DIZEM QUE QUEREM NÃO SABEM O QUE FOI ESSE PERÍODO TRISTE DA NOSSA HISTÓRIA, SE QUER TEM NOÇÃO, NEM IMAGINA QUE ELE PRÓPRIO OU UM PRÓXIMO SEU PODERIA SER VÍTIMA DESSAS TORTURAS.

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Caro Nildo Silva
      Os que querem isto de volta são os corruptos, que ao promoverem a miséria do povo com a falta de Segurança, Saúde e Educação fazem o povo sentir saudades de um tempo em que se podia andar nas ruas, etc.
      O povo não quer a tortura ou o terrorismo de volta.
      O povo quer o fim da roubalheira, dos inquéritos sem fim, das leis descumpridas,
      Acabem a corrupção e não verão ninguém mais falar em retorno a esta página negra da nossa história,
      Será a corrupção que trará de volta este tipo de excrescência.
      Chegamos a um ponto de esculhambação tamanho que um político pode ser candidato a prefeito mesmo estando indiciado em vários artigos do Código Penal na PF, mas um cidadão não pode fazer um concurso para Gari se tiver qualquer inquérito em andamento.
      Chegamos a um ponto de esculhambação tal que um Presidente da Câmara Municipal de Mossoró comprou 150 mil reais de MATERIAL DE LIMPEZA e de GÊNEROS ALIMENTÍCIOS para a Câmara Municipal e nunca presta contas do que comprou e fica tudo por isto mesmo, inclusive sendo acobertado por todos os outros vereadores.
      Chegamos num ponto tal de esculhambação que o povo além de pagar a vereadores em Mossoró um salário maior do que o da Governadora do RN, ainda paga para estes vereadores GASOLINA, ÁGUA, LUZ, TELEFONE, IPTU, INTERNET, PASSAGENS AÉREAS E TERRESTRES, HOTEIS, RESTAURANTES, PEÇAS DE VEÍCULOS e tudo o mais que se possa imaginar.
      São fatos com estes que estão levando o povo ao desespero e a clamar pelo retorno de uma ditadura.
      No Rio de Janeiro o estado de tão corrompido, já não tem moral para conter o tráfico de drogas.
      Hoje o Exército está nas ruas do Rio de Janeiro.
      Leia esta que será a manchete dos principais jornais do mundo hoje:
      “O contra-ataque do tráfico obriga o Exército a voltar às favelas do Rio.”
      A corrupção policial tão bem mostrada nos filmes BOPE I e BOPE II, filmes que alertaram a todos para este problema há anos, apenas se agigantou.
      Fizeram ouvido de mercador.
      Deu no que deu.
      Em Mossoró fazem ouvido de mercador para os alertas que ainda consigo emitir nestes comentários em blog, único espaço que a corrupção ainda não conseguiu bloquear. Por fazer estes alertas sofro todo tipo de perseguição, inclusive chegando ao ponto de não poder ter sequer agendada uma simples extração dentária na UBS CHICO PORTO.
      Em Mossoró o crime já queimou até ônibus…
      OU SE ACABA COM A CORRUPÇÃO OU TEREMOS DE VOLTA OS ANOS DE CHUMBO.
      Nenhum regime pode conviver com tanta CORRUPÇÃO.
      Hoje aconterão em São Paulo, Rio de Janeiro e mais em 200 cidades brasileiras a MARCHA DE DEUS COM A FAMÍLIA.
      A SESSÃO VALE A PENA VER DE NOVO ESTÁ COMEÇANDO?
      Um abraço
      ////
      FALTAM MEDICAMENTOS NA UBS CHICO PORTO
      NÃO FOI ENTREGUE O UNIFORME ESCOLAR EM MOSSORÓ.
      NÃO FOI ENTREGUE O MATERIAL ESCOLAR EM MOSSORÓ.
      ONDE ESTÃO OS 16 MIL FILTROS QUE VIERAM PARA OS POBRES?

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Caro Nildo Silva
      Os que querem isto de volta são os corruptos que ao promoverem a miséria do povo com a falta de Segurança, Saúde e Educação fazem o povo sentir saudades de um tempo em que se podia andar nas ruas, etc.
      O povo não quer a tortura ou o terrorismo de volta.
      O povo quer o fim da roubalheira, dos inquéritos sem fim, das leis descumpridas,
      Acabem a corrupção e não verão ninguém mais falar em retorno a esta página negra da nossa história,
      Será a corrupção que trará de volta este tipo de excrescência.
      Chegamos a um ponto de esculhambação tamanho que um político pode ser candidato a prefeito mesmo estando indiciado em vários artigos do Código Penal na PF, mas um cidadão não pode fazer um concurso para Gari se tiver qualquer inquérito em andamento.
      Chegamos a um ponto de esculhambação tal que Presidente da Câmara Municipal de Mossoró comprou 150 mil reais de MATERIAL DE LIMPEZA e de GÊNEROS ALIMENTÍCIOS para a Câmara Municipal e nunca presta conta do que comprou e fica tudo por isto mesmo, inclusive sendo acobertado por todos os outros vereadores.
      Chegamos num ponto tal de esculhambação que o povo além de pagar a vereadores em Mossoró um salário maior do que o da Governadora do RN, ainda paga para estes vereadores GASOLINA, ÁGUA, LUZ, TELEFONE, IPTU, INTERNET, PASSAGENS AÉREAS E TERRESTRES, HOTEIS, RESTAURANTES, PEÇAS DE VEÍCULOS e tudo o mais que se possa imaginar.
      São fatos com estes que estão levando o povo ao desespero e a clamar pelo retorno de uma ditadura.
      No Rio de Janeiro o estado de tão corrompido, já não tem moral para conter o tráfico de drogas.
      Hoje o Exército está nas ruas do Rio de Janeiro.
      Leia esta que será a manchete dos principais jornais do mundo hoje:
      “O contra-ataque do tráfico obriga o Exército a voltar às favelas do Rio.”
      A corrupção policial tão bem mostrada nos filmes BOPE I e BOPE II, que tão bem alertaram a todos para este problema há anos, apenas se agigantou.
      Fizeram ouvido de mercador.
      Deu no que deu.
      Em Mossoró fazem ouvido de mercador para os alertas que ainda consigo emitir nestes comentários em blog, único espaço que a corrupção ainda não conseguiu bloquear. Por fazer estes alertas sofro todo tipo de perseguição, inclusive chegando ao ponto de não poder ter sequer agendada uma simples extração dentária na UBS CHICO PORTO.
      Em Mossoró o crime já queimou até ônibus…
      OU SE ACABA COM A CORRUPÇÃO OU TEREMOS DE VOLTA OS ANOS DE CHUMBO.
      Nenhum regime pode conviver com tanta CORRUPÇÃO.
      ////
      FALTAM MEDICAMENTOS NA UBS CHICO PORTO
      NÃO FOI ENTREGUE O UNIFORME ESCOLAR EM MOSSORÓ.
      NÃO FOI ENTREGUE O MATERIAL ESCOLAR EM MOSSORÓ.
      ONDE ESTÃO OS 16 MIL FILTROS QUE VIERAM PARA OS POBRES?

  4. Togo Ferrário diz:

    Caro amigo/jornalista Carlos Santos. E ainda vemos, por aqui, alguns ‘intelectuais’ que desejam o retorno do regime militar ao nosso país. Deus me livre e me guarde. Amém!

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Caro Togo Ferrário
      Não são os intelectuais que querem a volta da DITADURA?
      O povo é que não suporta mais tanta corrupção e levado pelo desespero sai às ruas pedindo mudanças.
      Hoje no Rio de Janeiro, São Paulo e mais 200 cidades a MARCHA DE DEUS COM A FALÍLIA.
      Quem está trazendo de volta a DITADURA é a CORRUPÇÃO.
      Você alguma vez escreveu aqui uma linha, uma palavra, uma letra, cobrando a entrega dos 16 mil filtros que vieram para ser distribuídos com os pobres de Mossoró?
      Os que estão nas praças com retratos de santas estampadas no peito falando em fraternidade algum dia se preocuparam em saber onde estão estes filtros?
      Alguém, você inclusive, protestou contra a LEI DA MORDOMIA DOS VEREADORES?
      Alguém, você inclusive, cobrou do prefeito provisório a relação do que foi comprado com quase 150 mil reais de MATERIAL DE LIMPEZA e de GÊNEROS ALIMENTÍCIOS para a CMM?
      Quem cobrou sofre tanta perseguição que não pode sequer agendar uma extração dentária na UBS Chico Porto. Quem cobrou não pode sequer levar as filhas para uma verificação dentária na UBS CHICO PORTO.
      Por isto todos se calam.
      A CORRUPÇÃO TEM PODER E TENTA CALAR OS QUE AINDA PROTESTAM.
      Consegue a corrupção calar os covardes, seja através destas retaliações imundas, seja através das cooptações que fazem através de doações milionárias a instituições que deveriam seguir os ensinamentos de Jesus Cristo.
      QUE NINGUÉM SE SURPREENDA SE ACONTECER O QUE TODOS NÓS NÃO QUEREMOS QUE ACONTEÇA.
      Não queremios que aconteça, mas não movemos uma palha para evitar que aconteça.
      Comece a partir de hoje a combater a CORRUPÇÃO.
      Sem corrupção, ou com menos corrupção, não haverá clima para a instalação de uma ditadura.
      Pense nisto.
      ////
      AS RELIGIÕES TEM QUE SER FORTES. SEM ELAS OS INSTINTOS AFLORAM E A DESORDEM ACONTECE.
      INácio Augusto de Almeida

  5. JULIO CESAR SOARES diz:

    Meu Deus, que crueldade!

  6. RC 50 diz:

    CIA FINANCIOU IGREJA CATÓLICA EM MARCHAS PRÓ-GOLPE MILITAR,DECLARAÇÕES DE FREI BETO ÍCONE DO CATOLICISMO NO BRASIL.
    Frei Betto é sempre lembrado quando o assunto é a controversa relação entre a ditadura militar e a Igreja Católica, que passava por profundas transformações enquanto o país esteve sob o jugo das Forças Armadas.

    Em entrevista ao UOL, o dominicano descreve os conflitos no interior da igreja durante a ditadura e explica como se operou a mudança de lado da CNBB, que inicialmente celebrou o golpe com agradecimentos a Nossa Senhora Aparecida, mas depois se constituiu como força de resistência ao regime. O religioso revela ainda que a CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos) financiou as Marchas da Família com Deus pela Liberdade, manifestações populares que antecederam o golpe militar.

    UOL – O que o senhor estava fazendo em 31 de março de 1964?
    Frei Betto – Na verdade o golpe foi no dia 1º. Essa história de 31 é invenção dos milicos porque tinham vergonha do 1º de abril. O golpe foi oficialmente no dia 1º de abril, quando Jango sai do Brasil e se refugia no Uruguai. Eu estava participando do Congresso Latino-americano de Estudantes em Belém, no Pará.

  7. RC 50 diz:

    UOL – Como o senhor recebeu a notícia?
    Frei Betto – A notícia veio de maneira difusa, confusa, de que havia movimento de tropas, que o Jango tinha passado por Brasília, depois ido a Porto Alegre e de lá saído ao Uruguai, porque estava deposto. O Congresso foi desfeito porque ali participavam estudantes de quase todos os países da América Latina, muitos deles acostumados a golpes militares. Eles sentiram que a coisa ia endurecer. Estava hospedado na casa do arcebispo de Belém dom Alberto Gaudêncio Ramos porque eu era dirigente da Juventude Estudantil Católica (JEC) e da Ação Católica também. Fui pra casa de um militante da JEC chamado Lauro Cordeiro. E ali fiquei, de ouvido colado no rádio, tentando entender o que estava acontecendo, e fomos tomando consciência, a partir do dia 2 ou 3 [de abril], de que realmente havia um golpe militar, que começava uma repressão. Nós esperávamos uma reação das forças esquerda, do PCB (Partido Comunista Brasileiro), da Ação Popular, das Ligas Camponesas, reação que nunca veio. Praticamente os militares assaltaram o poder sem precisar dar nenhum tiro.

    UOL – Essa reação não ocorreu por quê?
    Frei Betto – Não ocorreu porque era um blefe. Realmente a esquerda não estava suficientemente organizada. Primeiro, não acreditava que houvesse um golpe, porque havia um mito de que o Jango detinha pleno controle das Forças Armadas. E que os generais que eram ministros dele jamais haveriam de traí-lo. O esquema militar do Jango era um mito que se alimentava. Em segundo, porque a esquerda era muito proselitista, mas não fazia um trabalho de organização popular. Não havia um trabalho de base como houve depois da ditadura. Era uma esquerda muito mais discursiva, ideológica, mas que não tinha uma capacidade de mobilização popular como se imaginava que tinha ou se esperava que tivesse para reagir ao golpe.

    UOL – Naquele momento o que lhe passava pela cabeça?
    Frei Betto – Meu pai já tinha vivido sob uma ditadura, de [Getúlio] Vargas, já tinha sido preso, nos anos 30, teve que deixar o Rio de Janeiro, onde exercia a advocacia, e voltar a Minas porque forças de Vargas cercearam qualquer possibilidade dele de arrumar emprego. Ele me descrevia a ditadura como uma coisa cruel, assassina, com censura, sem nenhuma liberdade de expressão. Comecei a esperar que a mesma coisa viesse a acontecer. E fui atingido na pele só no dia 6 de junho de 1964, quando eu voltei ao Rio de Janeiro, onde morava, e ali eu fui preso com a direção da JEC, da JUC (Juventude Universitária Católica) e da Ação Católica, pelo serviço secreto da Marinha na madrugada de 5 para 6 de julho.

  8. RC 50 diz:

    UOL – O senhor poderia descrever qual era o clima político do país naquele momento?
    Frei Betto – Era um clima de absoluta perplexidade. Em meados de abril de 1964, numa reunião no Rio da qual participei como membro da direção nacional da Ação Católica, houve uma furiosa discussão entre bispos conservadores e progressistas, tendo ganhado o setor conservador. E a CNBB oficialmente apoiou o golpe por ter livrado o Brasil da ameaça comunista. O caldo de cultura do golpe já havia sido preparado pela CIA no Brasil através do padre Patrick Peyton, que era o pároco de Hollywood e veio ao Brasil. Hoje já se sabe com documentos que ele era pago pela CIA para fazer as Marchas da Família com Deus pela Liberdade. Ele promovia grandes mobilizações nesse sentido. Portanto, quando veio o golpe, a igreja agradece a Nossa Senhora Aparecida ter livrado o Brasil da ameaça comunista. Ao mesmo tempo havia aquela ideia de que a ditadura não duraria muito tempo porque [depois do golpe] não houve propriamente uma manifestação popular de apoio explícito. Então se pensava que os militares não teriam respaldo da opinião pública. Nos enganamos. A ditadura não só foi se aprimorando na sua crueldade, no seu desrespeito aos direitos humanos, principalmente a partir de 68 com o AI-5, como também ela durou 21 anos, o que na época ninguém esperava que acontecesse.

    Se pensava que os militares não teriam respaldo da opinião pública. Nos enganamos. A ditadura não só foi se aprimorando na sua crueldade, no seu desrespeito aos direitos humanos, principalmente a partir de 68 com o AI-5, como também durou 21 anos, o que na época ninguém esperava que acontecesse.

    UOL – Pelo o que o senhor diz, a igreja estava dividida naquele momento. Ou os setores que eram contrários ao golpe ainda eram minoritários?
    Frei Betto – Eles eram minoritários. Os bispos tinham uma formação tradicional. Os primeiros bispos progressistas estavam praticamente aparecendo no cenário brasileiro, como o d. Helder [Câmara], o d. Waldyr Calheiros, que era bispo de Volta Redonda (RJ), o d. José Vicente Távora, de Aracaju. Mas eram poucos. O d. Carlos Carmelo Mota, de São Paulo (presidente da CNBB à época), era um moderado, mais para progressista. Era muito amigo do Juscelino [Kubistchek]. Mas o d. [Vicente] Scherer, que era arcebispo de Porto Alegre, o d. Jaime Câmara, que era arcebispo do Rio, eles eram muito conservadores e tinham muita força. Havia também dois militantes de extrema direita no episcopado, que eram o d. Geraldo Proença Sigaud, de Diamantina (MG), e d. [Antônio de] Castro Mayer, de Campos do Goytacazes (RJ), que eram patronos da TFP (Tradição Família e Propriedade). Esses eram dois militantes ferozes do fundamentalismo conservador na igreja. E tiveram muita atividade, muito empenho, nessa aprovação do golpe por parte da CNBB.

  9. RC 50 diz:

    UOL – Como o Vaticano e o papa Paulo 6º se posicionavam?
    Frei Betto – O papa não se posicionou no início. Mais tarde, o Vaticano veio a censurar a ditadura. Porque com o tempo a repressão se estendeu também à igreja e daí criou-se não só uma divisão na igreja, mas a própria CNBB foi se afastando da ditadura. A partir dos anos 70 a CNBB foi praticamente a grande voz de defesa das vítimas da ditadura. Tanto que o mais importante documento sobre os mais de 20 anos de ditadura foi produzido pelo d. Paulo Evaristo Arns, que é o livro “Brasil Nunca Mais”, que ele fez também com o reverendo Jaime Wright. A igreja e a própria CNBB se tornaram, a partir do AI-5, uma voz contra a ditadura. A igreja mudou de posição à medida que padres, bispos e religiosos eram também perseguidos e vitimizados pela ditadura. O d. Adriano Hipólito, por exemplo, bispo de Nova Iguaçu (RJ), foi apreendido e torturado. O d. Marcelo Carvalheira, que era assessor de d. Helder, foi preso comigo no Rio Grande do Sul. Toda essa repressão que atingiu os bispos fez com que a igreja assumisse cada vez mais uma posição crítica à ditadura.

    Na medida em que os bispos foram se posicionando, Paulo 6º veio em apoio, tanto que na prisão dos dominicanos se manifestou explicitamente a nosso favor. Enviou-nos de presente um rosário feito de contas de oliveiras de Jerusalém e um cartão manuscrito “como um testemunho de afeição, Paulo 6º”. Tivemos um apoio explícito nos quatro anos em que estivemos presos.

    UOL – E os bispos conservadores, como ficaram após essa virada na CNBB?
    Frei Betto – Eles ficaram em minoria. Alguns foram morrendo, outros foram aposentados por razão de idade ou de doença, mas eles foram perdendo a hegemonia da CNBB, que passou para as mãos dos progressistas, que eram críticos contundentes da ditadura e, portanto, defensores dos direitos humanos. Você vê surgir uma igreja progressista, das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), das pastorais populares, assumindo uma posição bastante consequente, contundente, contra a ditadura militar.

    UOL – Mas também houve repressão contra as CEBs.
    Frei Betto – Sempre houve. Quanto mais a igreja se posicionava, mais havia repressão. Houve repressão sobre todos aqueles que se opunham à ditadura.

    UOL – Antes dessa virada, havia trânsito entre os militares e lideranças da igreja?
    Frei Betto – Havia. Como o caso do d. Eugênio Sales, no Rio, cuja postura até hoje, no meu ponto de vista, não está devidamente esclarecida. Ele alega que ajudou perseguidos, mas eram perseguidos do Uruguai, da Argentina e mesmo assim eu pessoalmente não conheci nenhum dos perseguidos do Cone Sul que tenham sido ajudados por ele. Sei que no caso dos perseguidos brasileiros, com exceção de algumas pessoas notórias, como intelectuais e jornalistas, ele se omitiu inteiramente. Pelo menos foi assim nos casos dos dominicanos.

  10. RC 50 diz:

    UOL – Havia delatores dentro da igreja?
    Frei Betto – Isso sempre aconteceu. Não foi uma coisa maciça, mas aconteceu. Eu mesmo fui interrogado no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo pelo delegado Alcides Cintra Bueno, que era conhecido como delegado oculto. Ele tinha delatores dentro da igreja. Tinha padres, freiras, frades, pessoas que achavam, sei lá, em sã consciência que estavam ajudando a livrar o Brasil do comunismo, a purificar a igreja. Havia sim delatores dentro da igreja, como há em qualquer instituição, dentro do jornalismo, no teatro, em sindicatos. Isso sempre houve.

    UOL – Como avalia o impacto do golpe na igreja?
    Frei Betto – Eu acho que o impacto foi muito positivo. Porque levou a igreja a se conscientizar do que é uma ditadura e do papel dela em defesa das vítimas, dos direitos humanos, dos mais pobres. São males que vem para o bem. Ou seja, a ditadura acabou produzindo uma grande renovação da igreja no Brasil, renovação que depois se perde bastante com o pontificado do João Paulo 2º.

    São males que vem para o bem. A ditadura acabou produzindo uma grande renovação da Igreja no Brasil, renovação que depois se perde bastante com o pontificado do João Paulo 2º.

    UOL – Esta renovação interrompida se recupera hoje?
    Frei Betto – Agora com o papa Francisco (risos) nós estamos virando a página. Ainda a maioria dos bispos e padres que temos é resultado dos pontificados de João Paulo 2º e Bento 16. Então não dá para ser otimista imediatamente, mas, a médio prazo, sim. Tenho impressão que a Igreja Católica vai passar por uma grande mudança, com a volta das CEBs e daquela igreja progressista, que, diga-se de passagem, enchia os templos da Igreja Católica, não havia essa evasão que há hoje. A evasão coincide com a repressão às CEBs, às pastorais populares. Tenho a impressão que vamos voltar a um novo alento aí na Igreja Católica com o papa Francisco.

    UOL – Como a igreja vem se comportando nesse processo de rediscussão da ditadura, com as Comissões da Verdade?
    Frei Betto – Vem se comportando muito bem, inclusive dando todo apoio, assessoria, documentação. Aliás, toda a documentação mais importante que existe sobre a ditadura foi feita pelo trabalho da igreja, do d. Paulo Evaristo Arns e do reverendo Wright. Eles que fizeram essa documentação, que foi microfilmada, levada para Suíça, recentemente retornou e hoje está à disposição dos pesquisadores em São Paulo.
    Outro lado

    Procurada pela reportagem do UOL, a Embaixada dos EUA no Brasil informou não ter “como fornecer nenhuma análise histórica desse período”.

    A reportagem do UOL entrou em contato por telefone com a assessoria de imprensa da CNBB na última terça-feira (18) para que comentasse as afirmações feitas por Frei Betto. Até o fechamento do texto, às 20h desta quarta-feira (19), a entidade não havia respondido as perguntas enviadas por email.

    * Produção: Noelle Marques

  11. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    O contumaz e “aguerrido” participante do Blog do Jornalista Carlos Santos, SR. IGNÁCIO AUGUSTO DE ALMEIDA, inobstante os anos que porventura poderiam lhes trazer experiência e sabedoria. Se constata, verdadeiramente não consegue desgrudar-se do perigoso, panfletário e moralista discurso anticorrupção de todos conhecido e sabido o seu viés fascista e anticomunista.

    Quem efetivamente conhece um pouco da nossa história, e, não a interpreta sob os dogmas estabelecidos pela extrema direita, bem sabe no que redundou esses movimentos de pseudo combate a corrupção, os quais inevitavelmente têm único e manifesto propósito, qual seja o latente golpismo por parte daqueles que na verdade possuem um profundo desprezo pela mais pobres, sua ascensão social concomitante à prática e o exercício da democracia.

    A esse respeito, peço Vênia ao Editor do Blog, mais ainda aos seus Web-leitores, e, transcrevo, interessante e ponderado artigo publicado na revista CARTA CAPITAL, se não vejamos:

    Você está aqui: Página Inicial / Política / “Fim da corrupção”: opacidade, moralismo e hipocrisia
    Política
    Opinião / Luciana Ballestrin
    “Fim da corrupção”: opacidade, moralismo e hipocrisia
    É uma pauta incontroversa. Não estranhamente, vários corruptos são porta-vozes do discurso anticorrupção
    por Luciana Ballestrin — publicado 08/07/2013 14:02
    Valter Campanato/Agência Brasil
    Manifestantes pedem fim da corrupção no país
    Em Brasília, manifestantes pedem fim da corrupção no país

    Tanto no Império quanto na República, o discurso anticorrupção é velho na vida política brasileira. Nos dois períodos democráticos, presidentes foram eleitos com vibrantes discursos anticorrupção, do “varre, varre vassourinha” até a “caça aos marajás”.

    No meio do caminho, a própria ditadura civil-militar elegeu o fim da corrupção e a derrota do comunismo como metas moralizantes. Hoje, no auge da politização e do amadurecimento democrático que atravessa o país, o discurso anticorrupção ganha força na mídia hegemônica e em cartazes nas manifestações que têm ocupado as ruas em diversas cidades brasileiras.

    Tal como tem sido difundido e veiculado nos últimos anos no Brasil, defendo aqui que o discurso anticorrupção é vazio, podendo se tornar profundamente despolitizado. Elenco quatro razões principais na tentativa de fundamentar esta posição.

    1 – O discurso anticorrupção não possui opositores, pois não existem registros de uma plataforma e de uma agenda favorável à corrupção. É uma pauta incontroversa. Em uma democracia não existe lugar para a defesa explícita e pública da corrupção. Ao obscurecer a disputa entre os interesses público e privado, o discurso anticorrupção assume no âmbito privado seu maior lócus de enunciação, o reservatório supostamente intocável da moral e dos bons costumes. Não estranhamente, vários corruptos são porta-vozes do discurso anticorrupção.

    2 – Desde Maquiavel, o Estado é o lugar por excelência da corrupção, cabendo à sociedade a nobreza da virtude cívica. No Brasil de hoje, a segunda lógica acrescenta ainda o mercado ao campo da honestidade, da lisura e da ética. No sistema turbo capitalista em que vivemos, a busca pelo lucro é legítima, e logo, o interesse individual e privado. Ao ser moralizado positivamente como valor político do capitalismo, este é isento de julgamento público e transparência. A corrupção de funcionários públicos e representantes políticos são enfatizados, desviando as atenções de empresários e banqueiros, por exemplo.

    3 – Ao aliviar a agência privada, a qual é composta inclusive pelos meios de comunicação denunciadores – quase um quarto poder fiscalizador, porque supostamente neutro -, elos importantes da cadeia são excluídos. Os corruptores não possuem responsabilidade ou envolvimento sobre os corruptos e os corrompidos. A corrupção, entendida como a apropriação do interesse público pelo privado, parece aqui não fazer sentido.

    4 – Lustrado com o verniz neoliberal, o discurso anticorrupção ao mesmo tempo em que ataca exclusivamente a ineficiência do Estado, enfatiza o mau caráter individual de seus agentes, altamente incentivados pela impunidade institucional. É desconsiderada uma série de fatores estruturais, históricos e culturais que contribuem para a ausência do sentido de igualdade e de relação com o público daqueles que possuem um sobrenome tradicional e sempre podem pagar mais. Daí que soluções imediatistas, demagógicas e perigosas entram em cena, em nome da salvação da pátria corrompida.

    A corrupção não é um fenômeno exclusivo de um determinado tempo histórico, regime político, sistema econômico, ideologia e partido político. Não é um fenômeno exclusivo do Estado brasileiro. Justamente por isso, o combate à corrupção envolve práticas institucionais, culturais, coletivas e individuais muito complexas. Ele está associado com uma noção forte de cidadania e com a reversão na hierarquia de valores que implica no triunfo do republicanismo do interesse público sobre o individualismo do interesse privado. A ação contra a corrupção não deve ser restringida a uma questão criminal e moral, caso queira sair do campo discursivo vazio.

    Nos protestos recentes existe uma clara tentativa dessa reversão. E, paradoxalmente, esta observação é permitida mais por um conjunto de pautas difusas do que pela própria pauta anticorrupção.

    Neste sentido, o questionamento à forma como os preparativos da Copa do Mundo têm sido executados no Brasil é um ótimo exemplo.

    A ingerência da FIFA sobre o Brasil tem mostrado o funcionamento nebuloso da governança global, no qual atores privados, internacionais e não eleitos podem determinar a vida de milhões de pessoas no interior de um determinado Estado, à revelia da soberania popular e da autodeterminação.

    No mundo globalizado, a teoria da democracia pensada exclusivamente para o âmbito local e nacional é desafiada por questões que envolvem representação, autorização e accountability.

    A construção, definição e demarcação do que é o interesse público é uma das preocupações mais antigas e difíceis na filosofia política, outrora pensado também como bem comum ou vontade geral. O que hoje, afinal, está sendo corrompido entre nós brasileiros? A politização da corrupção envolve o debate sobre interesse público, republicanismo, democracia, cidadania, direito, dignidade e vida. Fora destas órbitas, o clamor pelo fim da corrupção tende a ser opaco, moralista e hipócrita.

    *Luciana Ballestrin é professora-adjunta de Ciência Política e Coordenadora do Curso de de Relações Internacionais da Universidade Federal de Pelotas.

    Como visto, falta aos que adotam sobredito discurso, um mínimo de análise sobre a reais causas, as quais, levam e levaram historicamente uma sociedade e um pais potencialmente rico – talvez um dos mais ricos do mundo – a viver empobrecido, dependente e vinculado a uma elite cruel, golpista e ignorante a governá-los de maneira contumaz e cínica.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Então VIVA A CORRUPÇÃO, palmas para a doação de dinheiro a ditadura sangrenta de Cuba e a Uganda onde gay é condenado a pena de morte, só por causa da sua preferência sexual.
      Que os gays brasileiros NUNCA se esqueçam que este governo que tanto fala em direitos humanos e em liberdade financia um regime que FUZILA pessoas por causa da preferência sexual.
      Jogo de palavras qualquer um faz.
      EU APONTO FATOS!
      As minorias tem liberdade em Cuba?
      Existe ou não existe uma corrupção desbragada em Cuba?
      Algum gay em Cuba ocupa algum cargo de destaque na administração cubana?
      Dispensável esta mesma pergunta ser feita aos países africanos que também recebem doações do governo brasileiro, governo que não manda dinheiro para a compra de remédios, que corta verbas da educação, que não faz a transposição do Rio São Francisco e tantos outras mazelas.
      Só falta aparecer um “gênio” querendo canonizar os bandidos do MENSALÃO.
      Os que foram condenados no MENSALÃO estão no lugar merecido.
      CADEIA!
      Quem quer a Ditadura Militar de volta são os que assassinaram Celso Daniel e se escondem atrás de figuras que já foram desnudadas no livro do Romeu Tuma Junior.
      Falo DITADURA MILITAR porque hoje já vivemos na DITADURA DA CORRUPÇÃO.
      O povo já começa a voltar às ruas.
      Hoje no Rio de Janeiro as Forças Armadas estão nos morros para manter a ordem que escapou das mãos dos que só sabem se cevar no dinheiro público.
      Depois os “gênios” ficam dizendo que combater a corrupção é querer a volta da ditadura…
      A DITADURA VOLTARÁ, PARA DESGRAÇA DO POVO BRASILEIRO, PELO CAMINHO DA CORRUPÇÃO.
      ////
      NUNCA CONFUNDA SENTIMENTOS COM REALIDADE.
      Inácio Augusto de Almeida

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  1. […] detalhes sobre o depoimento chocante de Malhães clicando AQUI. Categoria(s): […]

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