Esta reflexão deve ser entendida como uma crítica sincera e fraterna, de aliado que teve oportunidade de assimilar as experiências históricas de outros povos, e as têm como instrumento de análise das contradições do mundo contemporâneo. Vejamos.
Lênin compreendia o Partido como um instrumento a serviço da revolução socialista e não como um fim em si mesmo. O partido deveria se adaptar ao processo revolucionário e não a revolução adaptar-se ao partido.
Nesta nova fase de luta pelo Socialismo, no início do século XXI, é preciso que repensemos coletivamente a forma-partido e sua relação com os movimentos sociais. Neste sentido, Lênin pode nos oferecer pistas preciosas, mas não pode responder por nós, pois este é um problema nosso, e não dele.
Afirmou Lênin: "… para conhecer a si própria, de fato, a classe operária deve ter um conhecimento preciso das relações recíprocas de todas as classes da sociedade contemporânea". Somente à burguesia interessa reduzir a luta de classes apenas aos aspectos econômicos e sindicais. Por isso, para Lênin, "todo rebaixamento da política social-democrata ao nível da política sindical resume-se exatamente em preparar o terreno para fazer do movimento operário um instrumento da democracia burguesa". (Lênin, V. I., in Que Fazer)
Este imenso nariz de cera serve de lastro para alumiar a percepção sobre o que estamos vivenciamos hoje, aqui no Rio Grande do Norte.
É importante compreender e distinguir, pela prática e pelas formulações teóricas, os partidos que compõem a base aliada do atual Governo.
Enquanto o PSB assume que está no governo e é comprometido com a ruptura dos paradigmas, enquanto o PSB propõe o debate de um novo projeto político-pedagógico para o sistema educacional e de uma Lei de Responsabilidade Educacional; o PT local apesar de participar do governo, com cargos de primeiro escalão, assegurar a governabilidade, saber das limitações legais para o atendimento das necessidades dos professores, contraditória e demagogicamente, atua pelo rebaixamento da luta política, reduzindo-a ao nível sindical, reivindicatória. Essa crítica não isenta de responsabilidade os dois lados no desdobramento das negociações, com tensões e equívocos em sua condução.
Por ignorância (no sentido bíblico), o PT local classifica as questões educacionais tendo como causa principal a defasagem salarial, não contribuindo para o aprofundamento do debate político em torno da questão nacional, do modelo econômico e da estratégia adequada e objetiva para conquista das soluções.
O PT local se ilude, e ilude a categoria quando aponta o aumento de salários como panacéia para todos os males da educação e, pior ainda, quando utiliza o legítimo instrumento da greve, politicamente, como tática eleitoral. Contra um governo do qual participa.
O PT local reduz a luta ao economicismo, impedindo a construção de uma consciência verdadeiramente revolucionária, abrangente que contemple todos os interesses populares, bem como as relações e contradições entre todos os que vivem do seu próprio trabalho.
Aparentemente, o PT local demonstra um radicalismo, um esquerdismo, dizendo-se em defesa dos trabalhadores. No fundo, entretanto, prepara na prática o terreno para manter os movimentos sociais apenas como instrumentos do sistema. No fundo, faz o jogo da elite dominante.
Objetivamente, o PT local não contribui para fortalecer o movimento dos trabalhadores, mas age como velha locomotiva de um "movimento capitalista-reivindicatório de trabalhadores", com o objetivo claro (?) de retardar o surgimento de uma consciência inovadora, no seio das massas.
Para concluir, esclareço que a visão atual do PSB é de que os fatos políticos recentes, no mundo todo e aqui também, são altamente positivos para a geração das condições efetivas de construção do verdadeiro socialismo (o democrático), com pluripartidarismo, imprensa livre, sociedade armada com espírito crítico.
O PSB segue firme apoiando e defendendo o atual Governo Federal, sonhando com um Estado ético e republicano, convicto de que o capitalismo está caindo aos pedaços, e não consegue dar respostas às grandes questões sociais, nem mesmo no chamado Primeiro Mundo.
A história não acabou, muito menos o sonho de encontrar a Estrela da Manhã.
Rinaldo Barros é professor da UERN e dirigente do PSB
Rinaldo Barros,só podia ser ele!É pago pra defender o governo.Porque ele nesse texto não trata das práticas anti-democráticas de punição do governo em relação a greve?