Por Mario Quintana
O maior chato é o chato perguntativo. Prefiro o chato discursivo ou narrativo, que se pode ouvir pensando noutra coisa… Me lembro que fiz um soneto inteiro — bem certinho, bem clássico e tudo — durante o assalto ao Quarto do Sétimo, isto é, quando um veterano de 30 me contava mais uma vez a sua participação nas glórias e perigos daquela investida.
As velhotas que nos contam seus achaques também são de grande inspiração poética.
Mas que fazer contra a amabilidade agressiva do chato solícito? Aquele que insiste em pagar nossa passagem, nosso cafezinho, ou quer levar-nos à força para um drinque, ou faz questão fechada de nos emprestar um livro que não temos a mínima vontade de abrir…
Ah! ia-me esquecendo dos proselitistas de todas as religiões. Os proselitistas amadores, que são os piores.
Quanto aos sacerdotes que conheço, registre-se em seu louvor que eles sempre me falam de outras coisas. Ou me julgam um caso perdido ou um caso garantido… Bem, qualquer que seja o caso, deixam-me em paz.
O que pode acontecer de mais chato no mundo é o chato que se chateia a si mesmo, o autochato.
Para essa extrema contingência, descobri em tempo que a última solução não é o suicídio. É escrever, desabafar para cima do leitor, o qual, se me leu até aqui, a culpa é toda dele.
Há gente para tudo…
Mario Quintana (1906-1994) – Poeta, tradutor e cronista gaúcho
Eu e o dono do Blog nos sentimos definidos. Eu, sim. O dono do blog é tão chato que talvez se exclua. É o chato cururu.
NOTA DO BLOG – Kkkk! Adorei a denominação, Manoel. Tô dentro. Melhor: estamos! Abração e obrigado pela leitura diária do Blog deste seu cururu favorito. Kk!!