Ao nascer, nem lembro quando,
se chorei, nasci.
Infância de grotas,
chãs, pé de serra,
frutas, sacristias, chuva e seca,
se brinquei,
sorri.
Adolescência,
remanso das dúvidas,
morrem as certezas, velório das crenças,
era a passagem,
saí.
Maturidade,
o toque da ida,
o fazer ou desfazer,
ansiedade ou prazer,
em todas as estações, de cada idade,
Verão, praias cheias de gente vazia,
Inverno, neve de algodão, nas barbas do Nicolau,
tudo suavemente falso,
Outono, frutas nas bancas das calçadas,
Primavera, flores de plástico nos vasos das janelas.
Vida? Foi isso,
depois de nascer parti.
E quando morrer?
Morri.
François Silvestre é escritor
Muito bom “rever” François Silvestre por meio desse poético texto. Fomos colegas de classe no CDS/Caicó, nos anos sessenta, e, desde então, nunca mais nos reencontramos.