No domingo (3), o estado do Tocantins realizou eleições suplementares para governador e vice, em seu primeiro turno. O resultado final desse pleito que chamou mais nossa atenção, sem causar qualquer estranheza, foi o total de votos extraviados. É o chamado “não voto”.
Simplificando: 43,54% dos eleitores não compareceram ou deixaram de escolher um candidato. Isso representa 443.414 votantes, quase a metade do eleitorado.
Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE/TO), as abstenções chegaram a 306.811 (30,14%). Os votos nulos somaram 121.877 (17,13%) e os votos em branco 14.660 (2,06%). O candidato mais bem votado, Mauro Carlesse (PHS), teve 174.275 votos.
Num comparativo com as eleições de 2014 ao governo, é fácil perceber o abalo nos números. Àquela ocasião, conforme o TRE/TO, abstenção-branco-nulo somados ficaram em 31,84%. Aumento de 11,7% nessa dispersão de votos.
Fenômeno parecido ocorreu ano passado no Amazonas, quando a evasão de eleitores também fora expressiva. À ocasião, o não voto totalizou 49,61% do colégio eleitoral do estado. O eleito, ex-governador Amazonino Mendes (PDT), empalmou menor votação do que a soma de votos nulo/branco e as abstenções. (veja boxe mais abaixo nesta postagem).
Sinal dos tempos. Como comentamos à época do pleito amazonense ocorrido no dia 27 de agosto de 2017, ele agora se repete em outro estado da federação e tende a se revelar como uma “onda” para as eleições deste ano em outubro.
Repulsa popular é crescente
Segue crescente a repulsa popular à política, aos políticos e aos partidos.
É algo de modo generalizado, sem controle e antídoto a curto prazo. Da direita à esquerda, de governismo à oposição, boa parcela da população só enxerga piratas e corsários.
Infelizmente, para quem se propõe a protestar contra tudo, todos e o que aí está, o não voto é um movimento inócuo. Sacramenta exatamente esse modelo e seus personagens.
No Rio Grande do Norte, estamos prevendo há muito e muito tempo: teremos situação muito parecida, com baixa renovação política e expressivo distanciamento do eleitor das urnas em outubro próximo.
As próprias eleições suplementares no Tocantins reiteram essa metástase da política e das instituições de estado e da “república” brasileira.
“Não voto” supera votos válidos no Amazonas no 2º Turno
Branco: 70.441 (4,06%);
Nulos: 342.280 (19,73%) nulos;
Abstenções: 603.914 (25,82%);
Total: 1.016.635 (49,61%).Amazonino Mendes (PDT): 782.933 votos (59,21%);
Eduardo Braga (MDB): 539.318 (40,79%).* A soma do total de abstenções, brancos e nulos é superior à votação do candidato vencedor, Amazonino Mendes (PDT).
A eleição suplementar de domingo foi convocada após a cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e da vice dele, Cláudia Lelis (PV). Os dois foram considerados culpados por captação ilegal de recursos para a campanha eleitoral de 2014 pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Chegaram ao segundo turno, o atual governador interino Mauro Carlesse e Vicentinho Alves (PR). Na campanha e dia da votação, não faltaram denúncias de uso do poder econômico, compra de votos, gente detida por cooptação ilegal de eleitores e outras acusações do gênero.
Tudo como sempre, do mesmo jeito, para não ser diferente. E assim continuará, pois haverá sempre quem se proponha à venda do voto e gente comprando, nesse mercado eleitoral.
Vai piorar. Ainda não chegamos ao subsolo do fundo do poço.
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Esse é o cenário nos países em que o voto é facultativo. Já que o legislador não o fez, o eleitor na prática adota a postura de que não é obrigado a votar em ninguém, sobretudo quando não há um candidato que o motive a tomar partido.
Oh, quantas saudades do voto impresso. Nele, o eleitor consciente costumava mandar recados aos políticos de merda.
Saudades.
Olha aí o Sr. Ninguém ganhando!
Eu acho que o fundo desse poço não tem subsolo!
Pra falar a verdade eu acho que esse poço não tem nem fundo. Aliás, eu tenho quase certeza que não existe nem poço mais, e sim, um buraco negro!
Quem saudades tem, do voto impresso, com certeza, saudades tem, ainda mais do voto de cabresto…!!!
O que efetivamente se constata, de fato, a respeitos das ações, sobretudo dos perdedores adeptos dessa mudança que representa deveras um retrocesso, tipo AECINHO DO PÓ GOLPISTA NEVES, são sempre denúncias vazias, genéricas, de que qualquer sistema eletrônico é passível de invasão. Nesses 20 anos de urna eletrônica, não vi nenhuma denúncia consolidada, com elementos concretos, sobre a possibilidade de fraudar a urna.
Um baraço
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 7318.