Já dobrei o cabo da boa esperança: é a exigência legal do voto político. Então, voto se quiser, de acordo com a lei. Era meu intento não votar mais quando chegasse a idade, mas quero, ainda, fazer o meu último voto. Que será quando eu pagar o voto contra Mossoró.
Falo da última eleição de prefeito. Votei na candidatura da situação, e devo reparar o meu erro. Digo mal: engano. É que desconhecia os interiores da municipalidade. Ou para ser mais claro, não sabia, nem de longe suspeitava, apesar das insinuações, diretas ou indiretas, do jornalismo adversário, parte deste hoje arrumado na situação, não sabia nem suspeitava que, no topo do comando do município, havia-se instalado, com mala e tudo, um grupelho à feição de suas ambições pessoais.
É verdade que fui prevenido pelos melhores créditos da cidade, mas prevaleceu-me a fidelidade à opção. Corte para lembrar, de uma velha que andava lá em casa, na minha terra, isto, que “o diabo encapa, encapa, um dia desencapa”, o que parece ser o caso dos objetos públicos do governo de Mossoró.
Vê-se bem, estou querendo reproduzir o que pessoas ao corrente dos fatos, e sérias, diga-se, têm-me descortinado. Na suposição de que, não demora tanto, e a Promotoria da Defesa do Patrimônio Público pegará, da maneira que seja, o fio da meada. Uma questão de tempo somente, observam-me essas fontes muito bem abastecidas de informações da mais segura procedência.
Mas eu falava da minha pretensão de fazer silenciar, de uma vez, minha arma cívica, como é chamada, e é o meu direito civil do sufrágio em eleições democráticas.
Compreendo, porém, não ser agora que devo fazê-lo, isto é, antes de redimir-me do equívoco em que me esparramei, de boa-fé, contra Mossoró. Ou seja: depois de contribuir, com o meu voto, para que se instale, em Mossoró, uma prefeitura à feição da sua importância como município privilegiado na rota do desenvolvimento econômico do Nordeste. Uma prefeitura não manivelada por ambições que coloquem os interesses particulares acima dos objetos públicos.
Acontecendo isto, é a hora do toque de recolher.
Por ora, resta-me penitenciar-me, porque me enganei, senhora prefeita.
José Nicodemos é colunista do Jornal de Fato, professor e escritor
Sr. Jose Nicodemus, suas palavras e pensamentos certamente são comuns a milhares de pessoas que não sabem se expressar ou por medo ficam silenciosamente caladas, porém, arrependidas.
Parabéns pela coragem.