Por Odemirton Filho
Há dias eu pensava em escrever uma crônica sobre o silêncio. Faltava-me, porém, inspiração ou talento para tal mister. Entretanto, após ler um artigo sobre o maestro João Carlos Martins, o caminho desanuviou. O artigo em tela falava sobre resiliência, de como o maestro conseguiu superar os limites impostos por uma doença e, com uma mão biônica, continuou a tocar piano. “Entre o som e o silêncio o necessário é a coragem”, disse.
A história do pianista me lembrou, ainda, de um livro que estou lendo, do escritor Rafael Gallo. O livro trata de um pianista virtuoso, o qual sofre um acidente quando estava na iminência de ser reconhecido como um dos maiores intérpretes do compositor húngaro Franz Liszt.
Pois bem. A palavra é prata e o silêncio é ouro, não é isso, meu caro editor? É no silêncio que encontramos o caminho a ser trilhado. Depois de estarmos em íntima reflexão com o nosso eu, talvez encontremos as respostas. Muitos falam demais, e escutam de menos, perdendo-se no vazio de suas palavras. Falar menos, escutar mais, é princípio de sabedoria.
“Existe no silêncio uma tão profunda sabedoria que às vezes ele se transforma na mais perfeita resposta”, disse o poeta Fernando Pessoa. Em certos momentos, ensarilhar armas, não é ato de covardia, ao contrário, é preparar-se para enfrentar batalhas que realmente valem a pena; observem como nas redes sociais existem discussões e comentários agressivos e desnecessários.
No decorrer da vida, o som dos nossos problemas nos impede de seguir adiante. Caímos aqui; tropeçamos acolá. O barulho do mundo nos afasta dos nossos propósitos, e deixamos de compor a letra da música da nossa vida. Nessas horas de balbúrdia, precisamos ficar em silêncio e ouvir a sinfonia da alma, sentindo o coração bater num lento compasso, à espera de respostas.
Não por acaso, diz a sabedoria popular: “a melhor resposta é o silêncio”. Discussões acaloradas nos levam a agir de forma impensada sem o necessário discernimento. Conduzir-se com prudência, medindo palavras e atitudes, sempre é de bom tom, apesar de nem sempre conseguirmos, pois, felizmente, ainda somos humanos. Todavia, é na toada do silêncio que temos as respostas aos nossos questionamentos e, sobretudo, paz de espírito, algo imensurável.
Lembrem-se das Sagradas Escrituras: “Até o insensato passará por sábio se ficar quieto e, se contiver a língua, parecerá que tem discernimento”. (Provérbios 17:28).
Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos
Excelente reflexão, Odemirton.
O silêncio, para muitas situações, pode ser a melhor resposta, pois, verdadeiramente, se torna uma prece pelo equilíbrio e sensatez.
Exatamente, meu caro Júlio, o silêncio, em muitas situações pode ser uma prece e um bom conselheiro.
Obrigado pelo comentário, abraços!
O silêncio é também um exercício de paciência; um auto-controle. Há momentos que temos ímpetos de extravasar através da voz o que nos incomoda. Quando conseguimos segurar uma raiva e não descarregamos irados o que ferve dentro da gente, é uma vitória. Permitimos escutar o outro. Hoje quase não ouvimos! Há muito barulho! Dificilmente paramos para ouvir o outro. Exercitar o silêncio é atitude sábia! Gostei da crônica. Ela estimula o comedimento! Parabéns!
Os seus comentários sempre são bem-vindos, Bernadete. São complementos ao texto, com sensatez e sensibilidade.
Um abraço; uma semana de luz.
Um instante no momento – silêncio…
Pois é, meu caro Marcos. É isso mesmo.
Abração!
Quando por instantes nos permitimos parar de falar, falar muitas vezes atabalhoada e imotivadamente, ao mesmo tempo criamos o oportunizamos espaço para melhor sentirmos e analisarmos o que no prende e o que não nos surpreende, abrindo generoso azo à chamada reflexão.
Muito embora muitos não se permitam essa reflexão e esse abissal prazer, o silencio, sobretudo quando envolto pelo perfume e mavioso “barulho da natureza, de fato, nos permite vislumbrar novos ares, novas aptidões e salutares ideias fundantes de um novo porvir.
Em resumo, na essência, a prudência no ato de saber ouvir, inevitavelmente pode nos levar melhor refletir e falar e, sobretudo, muito aprender.
É exatamente isso que se pode depreender do seu conciso e lúcido artigo meu Caro Odemirton…!!!
Exatamente, meu caro. Muito reflexivo seu comentário.
Forte abraço.