Na quinta-feira (31) tive uma convivência pessoalmente enriquecedora. Fugaz, mas densa. Compromisso social/trabalho que seria apenas protocolar, transformou-se numa oportunidade de me alimentar com mais substância humana.
Foi uma experiência viva, inesperada e transbordante com o hoteleiro João Sabino.
Atendi a convite do amigo “camaradinha” Caby da Costa Lima. Fui-lhe solicito, apesar de outro compromisso àquela noite.
Vou-me ser mais claro, mesmo usando técnica atrasada do jornalismo, conhecida como “nariz de cera”. São rodeios, digamos. Vamos lá.
Sabino, professor na Universidade do Estado do RN (UERN), virou hoteleiro há mais de 22 anos, um ramo que simplesmente não conhecia. Tinha uma carreira vitoriosa na academia e um consistente escritório de assistência contábil. Pela idade e trajetória, o recomendável seria o “dolce far niente“, que é traduzido como ‘suave indolência ou o doce fazer nada’ pelos italianos.
Assim seria sua aposentadoria.
“Pernas pro ar”, numa linguagem latina, desse lado do Atlântico e abaixo da linha do Equador.
Entretanto, João Sabino fez diferente. “Eu continuo aprendendo”, exclamou à noite de quinta-feira, numa sala do seu Sabino Palace, em Mossoró, em conversa com convidados que atuam na comunicação on line e amigos.
Curvado numa cadeira, diante de interlocutores que o ouviam atentamente, ele revelava com serenidade nas palavras e gestual que continua com apetite pelo que faz. Aquela vontade juvenil, dos iniciantes e apaixonados, depois de tanto tempo fazendo a mesma coisa.
Sobre pessoas que de algum modo o atrapalharam, ele preferiu nem falar. Estão no index do esquecimento, salientou. Nem por isso deixa de acreditar “em pessoas” até hoje e investir nelas.
João é um aprendiz, meticuloso no que faz. “Antenado”, diria a geração “Y”.
Soichiro Honda
Sua rede de hoteis continua sendo uma devoção que une prazer e ofício, tudo movido por aquele mesmo interesse que o fez dar uma guinada de 180 graus em sua vida, há mais de 22 anos. O Sabino Palace é seu mimo, que passa por repaginação, reforma densa e de qualidade que ainda deve durar mais de um ano até alcançar sua plenitude.
“Eu tenho o mesmo entusiasmo hoje”, asseverou. Nem precisaria emitir essa declaração. Salta aos olhos.
Entre os especialistas do universo empresarial e do marketing, certamente João Sabino deveria ser convocado para estudos. É um “case”. Um caso de estudo.
Entre nós ocidentais e, principalmente latinos, o empresário é uma ótima exceção. Diferente do que se testemunha cotidianamente entre os orientais, que enxergam o labor como uma religião e procuram ver tudo bem à frente do seu tempo.
A história de João Sabino, guardada as proporções e outras particularidades, remete-me a Soichiro Honda, criador da marca vitoriosa que leva seu sobrenome e virou uma legenda em duas e quatro rodas.
Esse japonês – que precisa ser conhecido pelas novas gerações – parece representado por Sabino, no seu permanente entusiasmo. A cada decepção, um flash inspirador e a vontade férrea de não parar.
Soichiro sofreu com terremotos, bombardeios, falta de crédito para seus negócios, intempéries econômicas e instabilidade política.
Nada o fez parar.
João Sabino é isso: um pouco de Soichiro.
Inspirador.
Inabalável!
- Essa é uma singela homenagem que o Canal BCS (Blog Carlos Santos) presta ao empresário João Sabino de Moura, 77, falecido (veja AQUI) em Mossoró nessa última sexta-feira (9). A crônica acima foi postada no dia 3 de fevereiro de 2013 (veja o original AQUI), um domingo, portanto há mais de 8 anos e cinco meses. Sabino é daqueles indivíduos que durante décadas e séculos ainda continuará visível, em face das marcas do bem que proporcionou ao seu lugar e à sua gente.
Admirável João Sabino! Vá em paz!
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Muito bom!
Justa Homenagem.
João Sabino ensinou não só Ciências Contábeis.
Com o chamado “saber de experiência feito, demonstrou como empreender.
A história de vida de João Sabino precisa ser lida e relida.
David
Grande história a de João Sabino. Merece ser perpetuada para que outros o sigam. Eis o valor da lembrança que guardamos como preciosa herança.
Verdade, amigo David. Iria escrever algo inerente ao artigo do nosso mestre Carlos Santos, mais ratifico o seu comentário condensado com inteligência. 👍👍