Veja abaixo um depoimento postado na rede social Facebook, sobre mais uma situação aterradora da saúde por essas bandas:
Desabafo, depois de muitas horas de espera vejo minha irmã saindo do centro cirúrgico o meu sorriso é constante e ao chegar no apartamento ela pede p ver o joelho aí vem o choque, o nosso desespero, o médico fez a cirurgia no joelho errado. Agora ela entra no centro cirúrgico novamente para fazer uma nova cirurgia.
Enfim a minha irmã vai sair daqui com os dois joelhos cirurgiado. Meu pai eterno tudo que te peço neste momento é que essa cirurgia seja feita certa, diante de tanta aflição.
Alcilene Cunha (10 de Fevereiro de 2015, 19h50)
Nota do Blog – A autora da postagem não oferece maiores detalhes sobre a situação estapafúrdia.
Mas numa postagem seguinte, datada do dia 11, agradece aos céus pela recuperação da irmã:
Com a graça de Deus a minha irmã estar bem, a recuperação é lenta por estar cirugiada nos dois joelhos, mas com Deus no comando ela vai conseguir a vitória. Agradeço a todos pelo o carinho e orações.
— se sentindo agradecida.
Não entendi o por que do desabafo, se em momento algum ela não menciona o nome medico que cometeu o erro.
Isso está parecendo brincadeira de mal gosto, ou aqueles famosos 15 minutos de fama a que todos tem direito um dia na vida.
Acho que ela conseguiu os 15 minutos.
“As estatísticas indicam que muitos dos profissionais formados não estão adequados para diagnosticar e tratar com eficiência o paciente. Em 2011, avaliação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo com estudantes do sexto ano de Medicina de várias universidades paulistas atestou que quase 50% deles não sabe interpretar radiografia ou fazer diagnóstico após receber informações dos pacientes.” Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica
Fonte://www.sbcm.org.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=2527:medicina-e-questao-de-vocacao&catid=84:opiniao&Itemid=135
Se em SP é assim, imagine aqui Carlos Santos!
Ao lê depoimento lembrei disto:
“Doutor dos mais eminentes.
Homem severo, impoluto,
Entre os deveres urgentes,
Por que não perca um minuto,
Vai visitar os doentes
Logo vestido de luto.” Deraldo Dias, Médico e Professor
E DISTO:
O MÉDICO À FORÇA
“Sganarelo — De toda a parte vem gente procurar-me, e, se as coisas continuarem assim, sou de parecer que de uma vez devo dedicar-me à Medicina. Acho que de todos os ofícios é este o preferível, porque, ou se faça bem ou mal, sempre no fim há dinheiro.” Molière, O médico à força (Capítulo 3)
P.S.: Minha impressão[?] Carlos Santos é que este “profissional” está “entre quase 50% que não sabe interpretar radiografia.”
Uma simples pergunta a paciente,teria evitado isso.Mas alguns não tem humildade suficiente para isso.
seria conveniente relatar a cidade,hospital e o médico.Assim teria maior credibilidade esta denúncia
Hipócrates, 460 a.C. já dizia:“Que onde há amor pela vida existe amor pela arte médica”
Sobre importância do DIÁLOGO médico/paciente vejamos o que tem a nos dizer o Dr. Moacyr Scliar — médico e escritor. Foi professor visitante no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Brown University, EUA.
• Médicos impessoais
O livro Paixão transformada tem uma historinha. Ele começou a ser escrito em 1993, quando recebi um telefonema do chefe do departamento de literatura da Brown University, na Costa Leste dos Estados Unidos, me convidando para dar um curso de literatura brasileira e latino-americana. Eu disse: “Olha, fico muito honrado, mas sou um escritor, não sou um professor de literatura, e não tenho condições de dar aulas para alunos de letras”. E ele: “Mas quem falou que são alunos de letras? São alunos de medicina”. Aí, fiquei inteiramente surpreso. Depois, com mais detalhes, fui me dando conta do que aquilo se tratava. Era parte de um curso chamado Humanidades Médicas, e que ia abranger História da Medicina, Ética Médica, Comunicação Médica e Literatura e Medicina. Qual o objetivo? Eles tinham se dado conta de que a prática médica, em função do excesso da tecnologia que hoje está presente, se tornou impessoal. Ela se tornou distante. Os pacientes se queixam de não conseguir falar com os médicos. E a conseqüência prática disso é muito grave. Nos Estados Unidos, isso gera processos judiciais. As pessoas vão à justiça queixando-se de que os médicos não as trataram bem, e isso obriga os médicos a fazerem seguros contra processos médicos, o que eleva o custo da própria assistência médica. Então, dentro do pragmatismo americano, eles não queriam que eu elevasse a cultura dos estudantes de medicina. Eles queriam que eu lhes desse subsídios, para que os estudantes se tornassem médicos diferentes. E tinham toda a razão. Preparando as aulas, percebi que existem livros que podem ensinar mais para um estudante de medicina ou para um médico do que os próprios manuais médicos.
• Tolstoi para os estudantes
Existe uma novela muito curta, considerada por alguns críticos a novela mais perfeita jamais escrita. Chama-se A morte de Ivan Ilitch, e foi escrita por Tolstoi. Na história, já sabemos o que vai acontecer: um homem vai morrer. Um advogado famoso, arrogante, adoece gravemente e vai morrer. Essa sua trajetória para a morte é o objeto da novela. É quando esse homem entra em contato com médicos, que são tão arrogantes quanto ele. Não querem nem que ele fale. Ele não precisa falar, eles é que vão falar. E, assim, o doente é maltratado por seus médicos e por sua família. A única pessoa que o trata bem é um empregado, um camponês ignorante, um homem afetivo que cuida dele como um médico deveria ter cuidado. Essa novela é uma verdadeira lição para os estudantes de medicina. E mostra como, realmente, a ficção é capaz de ensinar coisas, inclusive para pessoas que teoricamente não precisariam ser ensinadas.
Fonte://rascunho.gazetadopovo.com.br/moacyr-scliar/
P.S.— Seria bom que a Faculdades de Ciências da Saúde (FACS/UERN) adotasse o livro ‘A morte de Ivan Ilitch’ — para o bem de todos!
Pessoal, peço licença para falar como profissional de saúde e pesquisador na área.
A reportagem postada é algo lamentável e muito triste para a paciente e família. Felizmente não ocorreu algo mais grave.
Vamos à análise. Achei a atitude prudente em não relatar local e profissional envolvido. Digo isto porque não se trata de uma oportunidade para punição de ambos e sim de melhoria!
Parece displicente este comentário. Mas não o é! Na comunidade científica isto é uma fato comum e se chama “Evento Adverso”. Existem outros tipos de eventos adversos como uso de medicamentos incorreto, quedas no hospital, infecções hospitalares e etc. Pois bem, o erro relatado tem pouca contribuição do profissional e muito mais do SERVIÇO e do SISTEMA de saúde que não proporcional estruturas e processo seguros para os usuários.
Para ser ter uma ideia, apenas em meados de 2013 o Brasil lançou um programa nacional que tem por objetivo evitar danos à saúde provocados pela assistência. Isso mesmo! Profissionais e Serviços provocam danos à saúde, muito mais que várias doenças (p.ex: AIDS). Outro dado diz que a cada 10 profissionais de saúde, 7 emitem tomam a decisão equivoca sobre a forma terapêutica de se cuidar de pacientes enfermos. Novamente, isto é um problema dos Serviços e Sistemas de saúde. Não crucifiquem os profissionais que estão submetidos à condições desfavoráveis e desumanas de trabalho.
Tudo que foi escrito se trata do tema de QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE, ponto deficiente na saúde brasileira em grande profundidade.
Todo profissional erra. invariavelmente do seu ramo de atuação. Isto precisa ser reconhecido e estratégias devem ser criadas para se evitar que erros acontecem. Isto está longe de ser um problema do profissional de saúde e sim do serviço e do sistema de saúde. Os gestores do sistema (secretários) e dos serviços (hospitais, clínicas e UBS) precisam se atentar para a qualidade do serviço e isso envolve várias dimensões.
Johnnatas Mikael Lopes
Fisioterapeuta, Professor do Dep. Saúde Coletiva UFRN e Fisioterapia UNP.
Sendo verdade, Santo Deus. Caso não seja verdade, Santo Deus.